Após a fantástica vitória de Miguel Oliveira no GP da Styria – Áustria – em Agosto último, fizemos uma pequena entrevista ao jovem português, mas por diversas razões, só agora a conseguimos publicar. Por ter sido realizada há algum tempo, não iremos publicar a mesma na revista Motos, apenas no nosso site; mas não tendo perdido totalmente a atualidade aqui ficam algumas curiosidades relatadas por Miguel Oliveira. As fotos, essas são do último GP de Aragón.
Por Fernando Neto
Fotos: KTM Images
Motos – Miguel, o campeonato de MotoGP este ano – tal como o mundo em geral no ano de 2020 – está mais imprevisível do que nunca, uma montanha de emoções. Esperavas sinceramente no início do ano poder festejar vitórias durante esta época?
Miguel Oliveira – Sinceramente, desde o primeiro teste em Sepang e depois no Qatar, senti que a moto era bem mais competitiva, mas faltava o cenário de corrida. Nos testes fomos bastante rápidos, por isso seria expectável alcançar o pódio e vitórias.
Para quem vê do lado de fora, a tua KTM em 2019 parecia uma moto agressiva, difícil de pilotar e que não perdoava erros. Este ano parece estar completamente diferente, e pareces ter muito mais prazer em pilotá-la, é de facto assim?
M.O. – Sim, é um facto. Toda a moto é nova comparativamente a 2019 e as alterações implantadas permitem pilotar com menos stress.
Quais foram as principais evoluções técnicas/diferentes afinações/geometria/eletrónica que tornaram a moto muito mais competitiva este ano? O novo pneu Michelin traseiro ajudou-vos?
M.O. – As maiores alterações centraram-se no trem dianteiro e no grip na extremidade do pneu, funciona tudo como um conjunto.
A que piloto atribuis mais responsabilidade na evolução da moto? A ti próprio? Ao Dani Pedrosa?
M.O. – Todos os pilotos aportam sugestões, o Dani é um piloto muito experiente e muito bom a desenvolver, e é claro que nos ajudou bastante.
Aparentemente as Yamaha e Suzuki são as motos mais fáceis (mas também menos potentes da grelha), enquanto as KTM parecem já bastante equilibradas em termos de prestações/facilidade de pilotagem, é assim? Ao que parece nunca houve falta de potência na tua moto…
M.O. – Não penso que as motos sofram com falta de potência. Existe sim um conjunto de fatores que permitem ser mais ou menos rápidas. Tanto a Yamaha como a Suzuki são motos aparentemente mais equilibradas e fáceis de pilotar.
Um dos maiores desafios para os pilotos e equipas está na escolha dos pneus? É fundamental a escolha do pneu certo para a corrida ou a excelente pilotagem pode colmatar uma escolha menos acertada?
M.O. – Obviamente que os pneus são a parte mais importante da moto, logo é importante trabalhar para decidir qual o pneu a usar em corrida. Por vezes podes ser rápido com um composto, mas que dura poucas voltas. Tudo é um equilíbrio entre a moto e estilo de pilotagem.
Qual o adversário que mais tens admirado ao longo desta época? Com a presença de Marc Márquez pensas que teria sido um campeonato totalmente diferente para todos os pilotos?
M.O. – Admiro todos os meus adversários, todos merecem o meu maior respeito. Quanto ao Marc, fica a dúvida, mas desejo que volte o mais breve possível.
A corrida em Portimão será certamente muito especial para ti. Pelas características da pista pensas que será também a corrida que mais complicações dará a todos os pilotos, a ti inclusivamente?
M.O. – Sim, sem dúvida que será muito especial, vou ter a oportunidade de correr em frente ao meu público e sobretudo dos meus fãs portugueses. O circuito de Portimão é um grande desafio para todos os pilotos, motos e equipas, vai ser interessante ver quem se adapta mais rapidamente às características do traçado.
Durante anos sonhaste com uma entrada no MotoGP. Agora que lá estás, sentes-te realizado e pretendes ficar na categoria enquanto fores piloto de competição?
M.O. – Sim, é um sonho tornado realidade. Obviamente que não me vejo em outra categoria.
Um dia (daqui a muitos anos) quando deixares de correr, imaginas-te mais a trabalhar na medicina dentária ou ligado à competição através de alguma equipa/piloto da tua escola de pilotagem?
M.O. – É algo que não penso no momento, mas é provável uma das duas opções.
É verdade que deste mais gás na Áustria depois de saberes que o prémio para o vencedor era um BMW M4? (risos).
M.O. – Embora tenha brincado com o Luís, o meu assistente, todo o fim de semana com isso, a verdade é que nem me lembrava que o carro era para mim. Quando o receber, vou pedir autorização à Hyundai para o conduzir.
Obrigado Miguel e continuação de um bom campeonato!