Mais elegante e confortável, motor mais redondo, caixa DCT mais eficaz e suspensões que pensam por nós… que mais podemos querer? Depois do vídeo, aqui ficam as palavras sobre esta nova moto da marca japonesa
Texto: Henrique Saraiva/Viagens ao Virar da Esquina
Fotos: Honda
Fomos apresentados à novíssima versão da Honda NT1100. Chegou ao público na recente EICMA, recheada de novidades e agora foi possível experimentá-la no seu terreno de eleição: a estrada.
A Honda NT1100 pertence à categoria das motos que são feitas para percorrerem quilómetros a fio com o conforto e as prestações que os tornam um prazer e tornam a experiência de viajar, de conhecer outras paragens e outras gentes em memórias inesquecíveis. E o mercado reconheceu esses atributos!
A APRESENTAÇÃO
Fomos até às serranias do sul de Espanha, onde avaliámos estas novidades, apresentadas pelos responsáveis europeus da marca suportados pela equipa de engenheiros da Honda Japão envolvidos neste modelo. E a interação connosco foi de assinalar no esclarecimento de dúvidas e na partilha de impressões. As estradas sinuosas foram criteriosamente escolhidas para que pudéssemos desfrutar de bonitas paisagens – a componente turística é a essência desta moto – e principalmente das suas características dinâmicas.
AS NOVIDADES QUE A VISTA ALCANÇA
Algumas das novas soluções são visíveis ao primeiro olhar. Outras requerem um pouco mais de atenção. Todas elas são claramente percetíveis assim que começamos a percorrer a Honda NT1100 versão 2025. Desde logo sobressai uma aerodinâmica mais acutilante e pormenores que lhe conferem elegância acrescida. Está mais bonita, com um “olhar” agressivo e com mais “personalidade” (algo que era criticado no modelo de 2022). A aerodinâmica foi uma das preocupações e o resultado aí está: perfil mais afilado à frente, tratamento dos painéis laterais onde são visíveis nervuras salientes, destinadas a facilitar e orientar o escoamento do ar e um novo ecrã dianteiro. Comecemos por este: de novo desenho, é facilmente movível entre as suas cinco posições que lhe conferem uma amplitude de 17cm. A movimentação é agora mais fácil, podendo ser executada em andamento e só com a mão esquerda. Na posição mais baixa, o ar escoa-se por cima dos nossos ombros e na mais elevada, por cima do capacete. O condutor pode em cada momento escolher a posição mais conveniente.
Aqui surgiu a questão: não se justificaria um ecrã elétrico? Foi o que perguntámos aos engenheiros. A resposta foi clara: a opção por um sistema manual mecânico, mais leve e mais barato significa isso mesmo, menos peso para a moto e menor custo para o comprador. Era fundamental manter estas duas vertentes controladas e daí esta opção. Por baixo do ecrã ficam as novas luzes: visibilidade acrescida com os novos faróis LED duplos com tecnologia DRL e que incorporam os piscas. Para lá da maior eficácia, esta nova assinatura luminosa é distintiva e sobressai.
Continuamos a percorrer a moto e reparamos que o guarda-lamas frontal está mais comprido na sua parte anterior. Vai mais abaixo 25 cm aumentando a proteção para condutor, passageiro e máquina. Comprovámo-lo num pequeno trajeto debaixo de chuva e no final do qual o nosso equipamento estava incólume. Com o mesmo objetivo, o guarda-lama traseiro “cresceu” 15 cm,
Temos um novo assento. A área da parte traseira do assento do condutor cresceu 20%. Tal traduz-se em conforto acrescido, fator essencial para este tipo de moto. Finalmente, a correção de algo contestado pelos viajantes que utilizam a NT1100: o espaço das malas laterais. Aumentado em profundidade, não só o volume cresceu como podem agora, cada uma delas transportar um capacete integral. E é de salientar que estas malas fazem parte do equipamento de série da NT1100.
Vistas as novidades, algo nos faltava! E também isso questionámos: os comandos do guiador são algo complexos e de menor facilidade de manuseamento. Para quando a retroiluminação destes comandos? Pois…não foi agora…ainda. Mas ficou a sensação que essa é uma possibilidade para breve (até porque já avançou noutros modelos recentes da marca).
Quanto às restantes características provenientes do modelo anterior já são sobejamente conhecidas de todos. Entre elas, destacamos o painel digital, “touch” e com conectividade Android Auto e Apple Carplay.
É NO CORAÇÂO QUE AS MELHORIAS SE SENTEM!
As alterações mais significativas aconteceram no interior da máquina. E tocam todos os aspetos do “coração” da NT1100. Desde logo o motor: alterações ao nível da admissão, da combustão e do escape, traduzem-se num acréscimo do binário em 7% (agora 112 Nm), mantendo-se a potência nos 100,5 cv. Mas o importante é que esse acréscimo se verifica nas baixas e médias rotações, tornando o motor mais “redondo” na sua faixa de maior utilização. Fundamental a introdução da IMU (unidade de inércia) que atua e lê o comportamento da moto segundo os seis eixos do respetivo movimento. Mede diferentes parâmetros, entre eles o posicionamento da moto, a velocidade e aceleração ou o estilo de condução do condutor. A informação recolhida, é processada e enviada a diferentes “destinatários” em milissegundos. Atua sobre o ABS em curva, o controlo de tração e o sistema anti-elevação da roda traseira. E também auxilia o DCT.
Este sistema proprietário da Honda – DCT: Dual Clutch Transmission – vai fazer 15 anos desde que foi lançado e tem estado presente em diferentes modelos da marca. Esta nova geração, incluída já na Africa Twin de 2024, traz melhoramentos significativos que se traduzem num crescente incremento da agradabilidade de utilização do sistema. Que casa muito bem com a função principal da NT1100: viagens turísticas.
A nova configuração do sistema hidráulico do DCT reduz em 45% o tempo de intervenção. E isso nota-se nas passagens de caixa: mais suaves e quase impercetíveis. Por outro lado, a informação da IMU torna a atuação da caixa mais conveniente na abordagem das curvas: seja na aproximação ou na saída, evitando, por exemplo, passagens de caixa “para cima” quando estamos em plena inclinação e a precisar de binário. Todas estas alterações têm também impacto nas movimentações a baixa velocidade e no arranque. Aquele “chega para a frente” característico de gerações anteriores do DCT já não existe!
A derradeira novidade não é de menor monta: suspensões eletrónicas Showa. A leitura do terreno e a informação sobre o comportamento da moto e do condutor (e a IMU a passar informação), permitem que o nível de amortecimento seja efetuado e controlado a cada momento. O acréscimo de segurança é notório! O condutor pode intervir sobre o sistema, adequando-o às suas necessidades e ajustando a sua configuração, nomeadamente no que se refere ao peso transportado: condutor, condutor com carga, condutor+pendura com ou sem carga. Também pode optar pelo tipo de performance que pretende: se prefere mais conforto em meio urbano, maior estabilidade para deslocações em ritmo elevado ou maior controlo na condução em chuva.
A EXPERIÊNCIA
A Honda soube ouvir os utilizadores. Todas as alterações introduzidas vieram melhorar ou corrigir pormenores que eram apontados à anterior versão. É um processo de evolução natural que segue em paralelo com a exigência crescente de quem utiliza a NT1100. Quanto à experiência de condução, podemos confirmar o acerto das soluções agora propostas pela Honda nesta versão da NT1100. Está mais confortável e sobretudo mais agradável na condução.
O maior binário sente-se nas recuperações, principalmente naquela zona de eficiência máxima na qual as curvas de potência e binário se cruzam em função do regime do motor (rpm). O funcionamento do DCT aproxima-se da perfeição, seja na suavidade das passagens de caixa, seja na gestão dos momentos em que acontecem. Também a movimentação está facilitada quando estamos parados ou nas pequenas manobras do quotidiano. E as novas suspensões traduzem-se numa condução simultaneamente mais apurada, mais confortável e com maior segurança.
CONCLUSÃO
Numa moto que essencialmente se destina a viajar e cumprir trajetos longos, tudo o que contribua para o conforto nas muitas horas ao guiador, significa uma experiência de utilização melhor e com segurança acrescida. Por outro lado, há pormenores de exigência dos condutores que se justificam. A Honda percebeu estas duas realidades e transportou-as para a nova NT1100. Esta nova versão está melhor. Isso é inquestionável.
Finalmente, porque como diz o povo, “os olhos também comem”, a NT1100, versão 2025 está bastante mais bonita! Apreciação esta subjetiva, claro.
No entanto, temos que fazer duas notas, a bem da verdade: A primeira é que pelo que atrás fica dito, pode parecer que a anterior versão da NT1100 era de menor “qualidade”. Longe, muito longe de tal ideia, se fazem favor! Já era uma excelente moto para o segmento a que se dirige. Apenas sucedeu uma coisa chamada “evolução”. A segunda, é que o ensaio incidiu sobre a versão topo de gama: a NT1100 equipada com DCT e suspensões eletrónicas. Existem as versões com suspensões convencionais, uma com DCT e a outra, a base, sem DCT.
Ao mercado português apenas chegarão a versão base e a totalmente equipada. Os seus preços serão de 15 000 e 16 700€ respetivamente e já estão a chegar aos concessionários.
A apreciação final é que a Honda NT1100 é uma moto turística por excelência e nesse domínio não só é uma das melhores do mercado, como tem uma relação custo-benefício imbatível. Essa é sem dúvida a razão do seu sucesso.
Ainda não é a perfeição – utopia incansável mas desafiante – mas está mais próxima!
FICHA TÉCNICA
HONDA NT1100 (versão ensaiada)
Motor Bicilíndrico paralelo 4T
Distribuição OHC, 8 válvulas
Alimentação Sistema de injeção eletrónica PGM-FI
Cilindrada 1084 cc
Potência Máxima 100,5cv) @ 7.500rpm
Binário Máximo 112 Nm @ 5500rpm
Embraiagem DCT – Dupla embraiagem húmida, discos múltiplos
Final Por corrente
Caixa 6 velocidades
Quadro Berço semi-duplo em aço
Suspensão dianteira Forquilha telescópica invertida SHOWA, bainhas de 43 mm de diâmetro e unidade de controlo eletrónico (SHOWA EERA), com afinação em compressão e em extensão; curso de 150 mm
Suspensão Traseira Braço oscilante monobloco em alumínio, sistema Pro-Link e amortecedor SHOWA com reservatório de gás, afinador hidráulico à distância da pré-carga e unidade de controlo eletrónica (SHOWA EERA), com afinação do amortecimento em compressão e em extensão; 150 mm de curso da roda traseira
Travão dianteiro Pinças radiais de quatro êmbolos e dois discos flutuantes de 310 mm
Travão Traseiro Pinça de um êmbolo e um disco de 256 mm
ABS ABS em curva, 2 canais e de base IMU
Pneu Dianteiro 120/70-17”
Pneu Traseiro 180/55-17”
Altura do Assento 820 mm
Distância entre Eixos 1535 mm
Depósito 20,4 l
Peso (em ordem de marcha) 249kg + 12kg (malas laterais)
Cores Cinzento metalizado mate, preto metalizado e azul metalizado
Garantia 3 anos
Importador Honda Portugal
PVP 16 700€