Fácil como uma Monster, eficaz como uma Panigale. E oferecedora de intermináveis doses de diversão, de forma descomplexada! Assim é a nova Ducati Streetfighter V2S, a mais recente arma italiana na encarniçada batalha das naked ditas intermédias.
E que capacidade de fogo possui esta sensual italiana!

Por: Paulo Ribeiro/MotoX.pt
Fotos: Alex Photo/Ducati
Com a passagem à reforma da V2 com motor Superquadro, de 955 cc e 153 cavalos, a Ducati reformulou a gama Streetfighter, criando um maior distanciamento entre a rainha V4S, cujo teste foi publicado na anterior edição da revista MOTOS, e a nova V2. Pensada para ser mais fácil de guiar, proporcionando enorme controlo ao condutor que, apenas muito raramente, tem laivos de piloto. Moto desenvolvida para o habitat natural onde é utilizada por 99% dos condutores, com uma parafernália eletrónica que a torna mais segura e empolgante em estrada. Mas com a pitada de irreverência que a torna única. Assim se saiba tirar partido de todo o potencial!

O ponto de partida é o já conhecido V2 de 890 cc, montado na Multistrada e na Panigale, que mostrou ser muito amigável e, simultaneamente, divertido. Capaz de proporcionar bons momentos de condução relaxada e descontraída como, no minuto seguinte, revelar a alma de verdadeiro lutador de rua, com potencial de campeão absoluto. É caso para dizer que nunca uma Ducati foi tão abrangente, tão fácil de conduzir e tão divertida, mantendo, ainda e sempre, o carácter provocatório.

Menos pode ser mais?
Facilidade que rima com leveza e agilidade, exponenciando as características do novo bloco V2, que abandona a tradicional colocação L, ou seja, com o cilindro dianteiro paralelo ao solo, sendo rodado 20º para trás. Fica a ganhar a distribuição de massas e o equilíbrio geral, reforçando a maneabilidade para melhor aproveitar um motor que aparece muito cedo na rotação. Tem uma resposta pronta desde as 3000 rpm, altura em que, diz a casa bolonhesa, estão disponíveis cerca 70% do valor máximo de binário.

De caráter afável, é muito fácil de utilizar à medida que vamos enrolando o acelerador, nota-se por essa altura, uma ligeira vibração que mais não é do que o próprio pulsar da ignição. A partir das 4000 rpm apresenta-se verdadeiramente ao condutor, quase questionando o que fazer a seguir. Para continuar no modo de relaxamento turístico o melhor é aproveitar o novo Quick Shift 2.0, de enorme precisão e suavidade, rapidez e excelente feeling, para subir de relação praticamente sem acelerar. Mas, se for impossível resistir à tentação, nada como reduzir uma ou duas velocidades e usufruir de uma autêntica besta de corrida.

A explicação para esta dualidade de comportamento está na linearidade na entrega de potência, com força disponível e facilmente utilizável numa larga gama de rotações. Tudo graças à importante ajuda do sistema de admissão variável que faz aumentar ou diminuir o tempo de abertura das válvulas de admissão (com haste oca para maior leveza), ajustando dessa forma a quantidade de mistura ar/gasolina que entra nos cilindros em cada momento em função de parâmetros como a velocidade, rotação, abertura do acelerador etc. E, assim ter mais binário em baixas e médias rotações e capacidade de gerar mais potência em altas, com uma entrega sempre suave e, não menos importante, bem controlável.

Nesta altura, quando se explora o potencial do novo V2, questionamos se é mesmo verdade que tem menos 33 cavalos face ao bloco de 955 cc. É que as subidas de rotação, mesmo não tendo a brutalidade da antecessora, são superdivertidas, com acelerações decididas e vigorosas. E, mesmo não sendo daquelas de levantar a roda ao mínimo toque, permitem, na verdade um andamento realmente rápido e divertido.
Comportamento desportivo que assenta num motor que, apesar da configuração super quadrada, apta a subidas de rotação fulminantes, é extremamente fácil de aproveitar graças ao carácter redondo e sempre cheio. Em termos práticos, a Streetfighter apresenta agora algo que era pouco comum numa Ducati: às emoções fortes em altas junta-se um perfil bem mais fácil de usufruir em baixas. Ou dito de outra forma, permite utilizar uma relação mais baixa para condução mais desportiva ou subir de caixa para um andamento mais descontraído, mas sempre sem hesitações ou soluços do motor. E com uma resposta em saída de curva que é, simplesmente, viciante…

Campeã com conforto
Sempre com muito binário disponível (80% entre as 8000 e as 11 000 rpm), uma embraiagem hidráulica super macia para facilitar a vida urbana e uma caixa de velocidades bem escalonada para todo o tipo de utilizações, permitindo explorar ao máximo o V2, a Streetfighter conta com uma ciclística de eleição. O motor, mais leve (-9,5 kg para total de 54,4 kg) e compacto que o anterior Superquadro, funciona como elemento estrutural estando diretamente ligado a um inovador quadro tipo monocoque em alumínio, de 3 mm de espessura e que alberga também a caixa do filtro de ar.
O mesmo conjunto da Panigale V2 mas com ligeiras diferenças na inclinação da coluna de direção e no trail que aumentam a estabilidade em estrada, contrariando a menor incidência de peso na dianteira por força da posição de condução menos inclinada. Isto sem prejudicar a grande rapidez nas viragens a que se junta um acerto de suspensão ligeiramente mais suave, capaz de digerir melhor as irregularidades do asfalto, mas sem nunca mostrar vestígios de instabilidade. Tudo somado, encontramos uma moto que surpreende pela leveza e facilidade de colocação em curva, com uma agilidade de gazela a saltar entre uma viragem e outra.
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Amortecimento completamente ajustável da especialista Öhlins, capaz de lidar de forma extremamente competente com a muito potente travagem conferida pelo conjunto Brembo. Uma capacidade de desaceleração brutal, mas de controlo muito fácil graças à presença da bomba principal radial, embora seja necessário um curto período de habituação ao seu funcionamento para descobrir a dose certa de pressão a exercer na manete.
No entanto, mesmo havendo algum exagero, seja na travagem como na aceleração, a Ducati Streetfighter V2S tem uma dotação eletrónica tão completa que vai do controlo de tração DTC ao ‘wheelie control’ DWC, ambos ajustáveis em 8 níveis e podendo ser desligados, ao obrigatório ABS com função Cornering e ajustável em 3 patamares de intervenção, sendo que no 1 e 2 oferece a funcionalidade ‘slide by brake’ para travagem a escorregar, à MotoGP. Geradores de confiança absoluta que permitem travagens para lá de tardias e acelerações ainda em inclinação sem risco de surpresas desagradáveis. Chega a ser assustadora a capacidade de limitar e corrigir excessos de confiança!
O preço e a concorrência
Eletrónica completa que é gerida através do painel de 5” com três modos de visualização (Road, Road Pro e Track) e fácil controlo através do novo conjunto de comandos, tipo pétalas de flor. Que, com o patrocínio da IMU de 6 eixos, permitem tirar o melhor partido das ajudas que se juntam aos quatro modos de condução (Race, Sport, Road e Wet). Entre outras variantes, jogam com o efeito de travão motor (EBC), ajustável em 3 níveis, podendo ainda escolher entre os 3 níveis de entrega de potência.
Ponto naturalmente penalizador para a Ducati Streetfighter V2S é, em contrapartida, o preço! Mesmo que justificado pela qualidade dos componentes, dotação tecnológica e exclusividade da marca, é substancialmente mais elevado do que as concorrentes diretas como as novas Kawasaki Z900 SE (124 cv/12.690 €), Yamaha MT-09 SP (119 cv/13.150 €) ou Triumph Street Triple 765 RS (130 cv/13.495 €).
Mais acessível é a versão standard (16.530 €) que abdica, obviamente, de alguns componentes, nomeadamente no capítulo do amortecimento, com forquilha Marzocchi e amortecedor traseiro Kayaba, além de ser 3 kg mais pesada, em boa parte devido à utilização de uma bateria de ácido/chumbo e não de iões de lítio. Ainda menos importante para o dia a dia será a ausência do limitador de velocidade para a ‘pit-lane’ ou o Launch Control. Mas para estes, os verdadeiros amantes das corridas que pensam fazer uns ‘track-days’, existem vários opcionais, incluindo a saída de escape da Termignoni (não homologada para estrada) que permite reduzir o peso (4,5kg) e ganhar mais binário e potência (6 cv).
CONCLUSÃO
Dispensando as roupagens desportivas da Panigale, a Streetfighter V2S não fica, porém, nada atrás da irmã carenada. Aliás, aquilo que perde em proteção aerodinâmica ganha em facilidade de condução em estradas sinuosas, graças a um guiador alto e largo, com um acrescido poder de alavancagem que torna as mudanças de direção mais rápidas e divertidas. O que proporciona um cocktail único de eficiência, facilidade e diversão.
ficha técnica
DUCATI STREETFIGHTER V2S
Motor Dois cilindros em V a 90º, refrigeração líquida, DOHC, 8V com admissão variável IVT
Cilindrada 890 cc
Alimentação Injeção eletrónica, corpos de acelerador de 52 mm
Potência Máxima 120 cv às 10.750 rpm
Binário Máximo 93,3 Nm às 8250 rpm
Caixa 6 velocidades. Ducati Quick Shift 2.0 de série
Quadro Monocoque em alumínio, secção traseira em alumínio fundido
Suspensão Dianteira Forquilha invertida Öhlins NIX30, diâmetro 43 mm, curso de 120 mm. Completamente ajustável
Suspensão Traseira Mono amortecedor Öhlins, curso de 140 mm. Completamente ajustável
Travão Dianteiro Dois discos de 320 mm, pinças Brembo M50 de 4 pistões e fixação radial. Cornering ABS
Travão Traseiro Disco de 245 mm, pinça de 2 pistões. Cornering ABS
Pneu Dianteiro 120/70 x 17” Pirellli Diablo Rosso IV
Pneu Traseiro 190/55 x 17” Pirellli Diablo Rosso IV
Distância entre eixos 1493 mm
Altura do Assento 838 mm
Peso (em ordem de marcha) 175 kg (sem gasolina)
Depósito 15L
Cores Ducati Red
Garantia 3 anos
Importador Ducati Ibérica
PVP 18.880 €