Parece impossível imaginar que uma amálgama de ferro e ferrugem, praticamente em fim de vida, se tenha convertido nesta escultura sobre rodas. O responsável por detrás desta espetacular recuperação é um holandês que não tem qualquer receio em enfrentar os desafios mais difíceis e até aqueles que parecem impossíveis.
É a primeira vez que um trabalho da Wimoto figura nesta secção reservada às motos mais exclusivas e exóticas do mundo. À frente desta oficina, com sede na cidade ho- landesa de Elst, está Wido Veldkamp, engenheiro de design industrial que trabalhou durante vários anos como engenheiro mecânico na indústria petroquímica, onde adquiriu muita experiência em desenho CAD 3D e análises de resistência.
Deste modo, no momento em que se sentiu preparado para empreender a sua própria aventura, a solo, instalou esta oficina na sua cidade natal. Nesta edição, focamo-nos na personalização com base na BMW R100RT, mais precisamente um modelo de 1982, que estava praticamente abandonado, com o bloco do motor todo oxidado e a maior parte dos componentes totalmente inutilizados. De facto, o próprio Wido a utilizou, desde que a adquiriu, para desenhar quadros auxiliares, que depois utilizava noutras motos.
No entanto, houve um momento em que Wido olhou para este “objeto” e viu mais potencial do que até então. Nesse momento decidiu meter mãos a obra e dar vida a um novo projeto cujo resultado final supera todas as expectativas. Nem todo o mérito foi seu, já que em boa parte do projeto contou com a ajuda do seu maior assistente, o seu pai, quem empresta o nome ao projeto, pelos motivos que estão explicados no destaque redondo, junto a este texto.
Wido Veldkamp conta-nos que todas as preparações em que recorre a bases BMW são muito semelhantes, dado que se trata de motos com traços e características únicas, como o inconfundível motor boxer. Assim, o ponto de partida para o customizador e um dos pontos chave, era que este projeto teria que ser totalmente radical, para que o resultado final não se parece com nada que havíamos visto antes.
Uma vez que tinha que refazer a parte ciclistica praticamente toda de raiz, não foram impostos quaisquer limites e começou por desenhar uma forquilha estilo Hossack para resolver a suspensão dianteira. Para a traseira, procurou uma alternativa entre outros modelos da BMW, que encaixasse no seu projeto, mas não encontrou o que procurava e acabou por ter que desenhar o seu próprio quadro, com a ideia de poder instalar um pneu mais largo e que o amortecedor ficasse centrado (é um Wilbers, igual ao dianteiro).
No entanto, o exótico desenho da forquilha dianteira criou um novo problema, que foi a forma de integrar as óticas e a solução encontrada foi inspirada nas da s1000RR, através das proteções estilo “Angel Eye”, cujo resultado não poderia ter corrido melhor. A superbike alemã não foi a única fonte de “inspiração” neste projeto, uma vez que tanto os travões como as jantes provêm de uma BMW R 1150 RT.
No que diz respeito ao motor, como já explicámos, foi necessário restaurá-lo por completo e, uma vez que se manteve a arquitetura e cilindrada originais, aproveitou-se para introduzir algumas melhorias como a incorporação de duas linhas de escape artesanais completas com ambos os silenciadores elevados, colocados por baixo do assento, para rematar uma traseira que não tem para-lamas, mas com suporte de matrícula colocada sobre a roda. Em definitivo, um trabalho artesanal de altíssimo nível e cujo resultado final vai encher de orgulho o homem do qual herdou o nome.








