Hoje publicamos o quarto roteiro por um distrito de Portugal Continental e ilhas! A viajar pelo distrito no sentido Sul/Norte, partilhamos com os nossos leitores os melhores segredos do nosso país para visitar de moto (meramente sugestivos…), com a certeza que muito há por (re)descobrir e nunca conhecemos tudo, às vezes nem mesmo ao pé de casa!*
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Distrito de Portalegre: o encanto do Alto Alentejo em 15 municípios
Estamos quase a deixar o “Além Tejo”, sendo que esta semana vamos partilhar um pouco do Alto Alentejo, bem encostado a Espanha e numa fusão de regiões, já com algumas caraterísticas beirãs ou também ribatejanas.
A cidade de Portalegre, capital do distrito, pode ser um bom ponto de partida para descobrir este distrito, mas vai precisar de algum tempo, sobretudo se quiser ficar a saber um pouco mais do que aquilo que vem nos roteiros e nos manuais!
Como se não bastasse, num raio de poucos km’s à volta, há mais uma série de lugares a visitar obrigatoriamente, mas já lá vamos e começamos mesmo pela bonita cidade que fica encostada à Serra de S. Mamede e do seu Parque Natural (abrange também os concelhos de Arronches, Castelo de Vide e Marvão), o que lhe dá um grande charme e vistas magníficas.
Uma sugestão: estacionem as motos no centro e partam à descoberta! O centro não é muito grande e o número de habitantes do concelho, cerca de 22000, dos quais 14000 na cidade, divididos por sete freguesias, é a garantia que não vão encontrar confusão de gente, nomeadamente de turistas, como sucede noutras cidades. Portalegre e todo o distrito são sinónimo de paz, descanso, boa gastronomia e gente simpática e afável, com Espanha bem perto, nem que seja para ir comprar caramelos ou atestar de combustível.
O Castelo de Portalegre é obrigatório, tal como a espetacular Sé Catedral (curiosamente Portalegre e Castelo Branco sã distritos distintos, mas fazem parte da mesma diocese e cada um tem a sua Sé), o Museu da Tapeçaria, a Casa-Museu José Régio (a coleção de arte sacra é fenomenal). Aproveite para passear também pelo Rossio e suas ruas mais estreitas, sempre sem pressa.
Servindo a capital do distrito de quartel-general já sabe que nos restantes 14 concelhos do distrito há imenso para visitar, seja a Sul, a Norte ou para o Oeste, uma vez que para Este está muito próximo da fronteira, logo do outro lado Parque de São Mamede, com Valência de Alcântara como vizinha.
Uma possível estratégia é seguir os pontos cardeais, talvez começando pelo Sul, pela maravilha fortificada que é Elvas, com Badajoz à vista, tal como imortalizou Paco Bandeira numa dos seus maiores êxitos.
Se quiser aproveitar, dê um salto a Olivença. Na reorganização administrativa de 1835 este antigo concelho de Portugal já era administrado por Espanha, mas ainda hoje é algo discutível e há quem defenda que deve continuar a ser território de Portugal e está carregado de marcas lusas, até no nome das ruas!
Qualquer viagem cá dentro, seja onde for, tem de realçar sempre a gastronomia e o distrito de Portalegre, apesar de sofrer do problema crónico da desertificação do interior, oferece muito por onde escolher e como forma de retemperar energias, nomeadamente para quem gosta de fazer caminhadas e existem para todos os gostos.
No Alentejo, tal como bem sabemos, sempre se soube aproveitar o melhor que a terra tem para dá e aqui não é exceção. Pratos à base de caça, como lebre com feijão e couve, codornizes fritas ou perdizes de escabeche são de comer e chorar por mais. Já agora, experimente também lacão no forno (tem algumas semelhanças com pernil) que vai adorar, tal como os maravilhosos queijos ou o pão tradicional.
Quem é guloso já sabe que oferta não vai faltar, nomeadamente de doces conventuais, caso das queijadas de Portalegre, o pastel de Santa Clara ou os rebuçados de ovos. Vai ser complicado dizer que não. Também nesta região a sericaia é de comer e chorar por mais, melhor ainda se for com ameixa de Elvas! Ao menos beba muita água para ajudar a baixar os níveis de açúcar.
De vinhos é quase redundante falar. Estamos no Alentejo e o problema pode ser escolher, tal a variedade e qualidade que vai encontrar. Começa logo pelas vinhas de altitude de Portalegre, mas há muito mais e o enoturismo aqui também está em força. Pode mesmo aproveitar para fazer uma prova, acompanhado de petiscos da região, mas não se recomenda a condução depois, por razões óbvias. Aliás, há várias quintas onde pode ficar alojado e beber mais um copo. A Adega Mayor é uma recomendação de confiança.
A não perder
Imaginando que começa em Elvas a sua visita, talvez depois de um salto a Olivença, as suas muralhas e fortalezas são esplendorosas (tem o maior conjunto de fortificações abaluartadas, em forma de estrela, do mundo), tal como o seu Centro Histórico que é património mundial e quando o visitar vai logo perceber porquê, mas faça-o com tempo. Recomenda-se vivamente o Forte da Sr.ª de Graça, mas é apenas um exemplo.
Mesmo ao lado temos Campo Maior, conhecido pela inigualável Festa do Povo com as suas ruas enfeitas e por ser a casa mãe e principal fábrica do Grupo Delta (cafés e não só), sendo a de salientar a visão de alguém muito querido e que nos deixou há algum tempo e fez muito pela sua terra: o Comendador Rui Nabeiro.
O tempo não chega para tudo e nos outros 12 concelhos há muita coisa à nossa espera. Aliás, para descobrir melhor todo o distrito, incluindo a sua fauna e flora, os vestígios da presença romana e anterior… menos que uma semana será difícil!
Um pouco mais acima de Campo Maior e Elvas temos Arronches que bem merece a sua visita, tal como o vizinho Monforte. Fronteira já é conhecido certamente por todos os que gostam de aventuras em Off-Road, seja em duas ou mais rodas e as 24 Horas de Fronteira já são um clássico, mas não ao nível do Baja Portalegre, esse de fama mundial que que abrange vários concelhos, chegando até a sair do Distrito para ir, por exemplo, ao concelho de Abrantes, já no Ribatejo.
Sousel fica no extremo sul do distrito e tem muito para oferecer, caso da Torre de Camões, e a seu lado tem Avis e a Barragem do Maranhão, cujas margens são o palco anual do Travelers Event.
Um pouco mais acima temos Ponte de Sor, concelho que é atravessado pela EN 2, mas há mais para ver e fazer, incluindo talvez um salto às Galveias ou à Barragem de Montargil. Ao seu lado fica o Alter do Chão e a sua mundialmente famosa Coudelaria que, mesmo que não seja fã de cavalos, tem de visitar.
O Crato é muito mais que a Pousada/Mosteiro Flor da Rosa, mas esta é uma boa opção para ficar, sobretudo se a carteira o permitir. Vai sentir-se quase como um rei. Um pouco mais a norte fica Gavião, já encostado ao Rio Tejo e tem de ir ao Castelo de Belver… e ver com os seus olhos! É mesmo um Bel Ver! Também se recomendam uns mergulhos no Alamal ou uma caminhada à beira-rio!
Para o fim ficam três concelhos a norte, todos bem encostados a Espanha. O mais pequeno é Marvão, mas a visita é obrigatória, uma e outra vez. As suas muralhas contam histórias, as vistas são soberbas e se for na época das castanhas… melhor ainda!
Castelo de Vide fica mesmo ao lado e tem um centro que o vai encantar, tal como sucede com Nisa, terra de queijos, cantarinhas e muito mais, incluindo uma estrada de curvas magníficas, que a liga a Vila Velha de Ródão, já a Norte do Tejo e no distrito de Castelo Branco. Boa para arredondar um pouco os pneus…
Feitas as contas, nestes 15 concelhos, uma área geográfica de 6065 km2 e uma população que ronda apenas os 115000 habitantes vai ficar surpreendido, até porque é um Alentejo diferente do que vimos em Évora e Beja! Mais montanhoso e com muita outra vegetação, caso dos soutos de castanheiros ou das célebres Árvores Fechadas em Portagem, concelho de Marvão, que são cerca de 230 freixos, parcialmente pintados de branco.
Ainda uma dica sobre o concelho de Portalegre: especial atenção ao cumprimento do Código da Estrada, tal como em todo o país. Em Portalegre que existe um importante Centro de Formação da GNR (Escola da Guarda) e como é de prever, os guardas têm de ter também uma componente prática nas estradas da região. Depois não digam que não foram avisados!
*A distribuição geográfica tem por base a Reforma Administrativa de 1835 e, apesar de nos dias de hoje se falar menos de distritos e mais de regiões, o facto é que a regionalização nunca avançou e mesmo tendo sido extintos em 2011 os Governos Civis, essa divisão administrativa ainda faz algum sentido.
Daremos sempre alguns dados de caráter estatístico, gastronómico, possíveis roteiros, lugares imperdíveis ou qualquer outra informação que seja considerada mais relevante, nomeadamente para os amantes do mototurismo.
Por mera opção pessoal a viagem será feita de Sul para Norte, semana a semana, até se chegar às ilhas que compõem os arquipélagos da Madeira e dos Açores. Venha daí connosco neste roteiro virtual, que pode sempre tornar real!