A nossa viagem continua. Hoje publicamos o oitavo roteiro por um distrito de Portugal Continental e ilhas! A viajar pelos distritos no sentido Sul/Norte, partilhamos com os nossos leitores alguns dos melhores segredos do nosso país para visitar de moto (meramente sugestivos…), com a certeza que muito há por (re)descobrir e nunca conhecemos tudo, às vezes nem sequer a nossa terra!*
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Distrito de Leiria: 16 concelhos a visitar, sem pressa
Depois de na semana passada nos termos dedicado ao Distrito de Santarém, eis que agora chegamos ao distrito de Leiria. Mais uma vez temos um distrito bastante diversificado, com vários concelhos maioritariamente no Litoral, mas também alguns no Interior, fazendo fronteira com Lisboa, Santarém, Castelo Branco (distrito que abordaremos na próxima semana) e Coimbra.
O distrito de Leiria, no seu total, tem uma área inferior a 4000 km2 e cerca de meio milhão de habitantes, obviamente com destaque para Leiria, que bem pode começar como ponto de partida para um possível roteiro. Outra particularidade muito interessante deste distrito é ser bastante plano no Litoral e muito acidentado no Interior, sendo o seu ponto mais alto no concelho de Castanheira de Pera com quase 1200 metros de altitude.
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Leiria é uma cidade histórica e cheia de histórias para contar. Provavelmente o melhor ponto de partida é começar pelo seu estratégico castelo e que merece uma visita demorada, melhor ainda se puder ser guiada, apesar de a cidade e o castelo terem sido muito maltratados durante as invasões francesas pelas tropas napoleónicas.
Esta magnífica fortaleza guarda no interior das imponentes muralhas vestígios das diversas fases de ocupação, desde a fortaleza militar ao palácio real. Basta lembrar que era um local de eleição de El Rei D. Dinis e sua Esposa D. Isabel (Rainha Santa a Isabel, a tal do milagre das rosas) para o encanto ser ainda maior.
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Porém, a Cidade do Lis não é apenas o seu castelo e há muito mais para ver e fazer, gastronomia incluída. Tendo a particularidade de ser atravessada por dois rios, o Lis e o Lena, Leiria tem espaços verdes magníficos para caminhar, fazer um picnic ou simplesmente perder-se na cidade, entre uma caminhada pelo seu centro histórico. Não se esqueça de ir às Cascatas do Açude dos Caniços, sobretudo se a água for abundante e, obviamente, visitar a Praça Rodrigues Lobo, todo o Rossio e dedique bastante tempo à Sé. Quando lá chegar perceber o motivo da sugestão. Também o Moinho do Papel é um must see, mas há muito mais, incluindo street art que o vai surpreender pela qualidade, diversidade e ser inesperada!
A cidade não é muito grande, tem cerca de 130000 habitantes, mas o relevo tem algumas irregularidades pelo que é importante retemperar as forças, talvez até comendo umas deliciosas (e calóricas) Brisas do Lis ou algo mais substancial, talvez até na Taberna Mata-Bicho ou na Casa da Nora, em Cortes, bem próximo de Leiria. Aliás, como vai perceber, todo o concelho tem bastante para visitar e, se tiver tempo, aventure-se pelas terras vizinhas, mesmo antes de partir para os outros 15 concelhos.
A não perder
Leiria fica já situada na Região Norte do distrito e pode ser vir como ponto de partida para toda a envolvente, mas terá de decidir se pretende começar pelo Norte ou pelo Sul, uma vez que a distribuição dos concelhos assim o exige. Vamos fazer um planeamento de Sul para Norte.
Mais a Sul de todos os concelhos fica o Bombarral. Um concelho que não tem qualquer ligação ao mar, ao contrário da maioria dos outros concelhos do distrito e tem na Quinta da Bacalhoa, famosa também pelos seus vinhos, o Jardim Oriental Buddha Edén. Dependendo dos seus gostos e tempo, pelo menos meio-dia. O resto da jornada pode ficar para o Bombarral e redondezas.
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Já no Litoral temos o vizinho Peniche, região de pescadores, mas também de surf e de liberdade, além dos maravilhosos pratos de peixe. Se puder e tiver coragem uma viagem de barco às Berlengas vale cada cêntimo, mas se o mar não estiver calmo… pode ser um tormento e jurar para nunca mais! Comprimidos para o enjoo podem ajudar ou não. Depende de cada um.
Ao seu lado fica Óbidos (do Latim oppidum ou cidade fortificada). Deixe a moto no exterior das muralhas e visite a Terra do Chocolate a pé, com tempo e perca-se nas suas lojinhas e cafés. Claro que uma visita à orla marítima é sempre recomendável e a Lagoa de Óbidos vai ser uma agradável surpresa, mas só visitando vai sentir isso.
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As Caldas da Rainha têm uma grande tradição termal, mas são muito mais que isso, incluído pela sua cerâmica (recordam-se de Bordalo Pinheiro?) ou dos seus populares falos e piadas associadas. Não se esqueça de ir ao Mercado da Praça das Frutas e, se for na altura do Salão Motorclássico vai ter uma agradável surpresa, mais ainda se for fã de motos e peças para motos antigas e ainda tem várias praias para visitar.
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A seu lado fica o concelho de Alcobaça. Com uma área bastante grande e muito para percorrer, destacando obviamente o Mosteiro que, para alguns, dá para quase um dia e se for fã de doces conventuais… vai lá ser muito feliz! Na orla marítima há a destacar, por exemplo, São Martinho do Porto e pode perfeitamente dormir lá uma noite ou duas e aproveitar a magnífica baía.
O concelho da Nazaré é relativamente pequeno e está abraçado pelo Atlântico e por Alcobaça, mas é uma joia e não apenas por causa do seu canhão de ondas gigantes. Aliás, a Nazaré já era um segredo mal guardado e o seu Sítio é imperdível, tal como as suas vistas ou as mulheres das sete saias que, infelizmente, estão a desaparecer!
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Mais para o interior e sem qualquer contato com o mar fica o concelho de Porto de Mós sendo que o castelo é o seu maior ex-libris e é visita obrigatória que pode, por exemplo, conciliar com uma visita ao concelho da Batalha, com grandes destaques para o seu Mosteiro, mas vá com o tempo, veja os horários e prepare-se porque pode encontrar por essas bandas a Padeira de Aljubarrota, talvez vinda de Alcobaça, a dar conta dos invasores espanhóis!
Ainda no Litoral, ao lado de Leiria, temos a Marinha Grande, muito conhecida pela sua história ao nível dos moldes, dos plásticos ou das loiças. Claro que o Pinhal de Leiria, herança ainda dos tempos de D. Dinis e que sofreu um pavoroso incêndio há uns anos tem de ser visitado e, se for amante do TT, consta que há trilhos magníficos, incluindo um tal Poço do Inglês…
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O último concelho do distrito com orla marítima e antes de entrar no distrito de Coimbra é Pombal e vai ver que vale a pena a visita, seja ao Litoral, seja à sede de concelho propriamente dita. Para os fãs do leitão aqui já há muito por onde escolher e um frisante não pode faltar porque cai mesmo bem. Melhor ainda se não for conduzir depois!
Mais para o interior existem ainda cinco concelhos que dão perfeitamente para um roteiro de dois ou três dias já que todos eles têm os seus encantos e estradas serranas em que a condução deve ser ainda mais cuidadosa, mas também muito prazerosa e com lugares muito fotogénicos em todos eles.
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Sugere-se que comece por Ansião, depois siga para o vizinho Alvaiázere e pode, por exemplo, terminar a jornada com uma pernoita em Figueiró dos Vinhos que pode descobrir no dia seguinte, sempre sem pressas. Se for no verão abundam as praias fluviais em todos estes concelhos e há sempre surpresas em todos eles.
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Ficam ainda a faltar Pedrógão Grande (não esquecer de visitar a Ponte Filipina, sobretudo se tiver alguns dotes para o off-road e uma moto mais ou menos adequada), comer um peixe do rio também é obrigatório e pode terminar no concelho de Castanheira de Pera, muito badalado pela sua praia de águas em movimento, mas prepare-se que há em mais para ver e para descobrir, incluindo aldeias de xisto. Basta ter tempo e vontade!
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E eis que está apresentado um pequeno roteiro distrito de Leiria. Um concelho diverso, com regiões costeiras marcadamente turísticas, uma capital de distrito magnífica, muita indústria, vários concelhos mais interiores em que a ruralidade ainda está muito bem conservada e parece que o tempo ali quase parou. Leiria é verdadeiramente imperdível e ainda há tanto por descobrir, de preferência sem grandes roteiros pré-feitos ou aplicações informáticas que nos podem fazer perder alguns dos seus maiores encantos.
*A distribuição geográfica tem por base a Reforma Administrativa de 1835 e, apesar de nos dias de hoje se falar menos de distritos e mais de regiões, o facto é que a regionalização nunca avançou e mesmo tendo sido extintos em 2011 os Governos Civis, essa divisão administrativa ainda faz sentido.
Daremos sempre alguns dados de caráter estatístico, gastronómico, possíveis roteiros, lugares imperdíveis ou qualquer outra informação que seja considerada mais relevante, nomeadamente para os amantes do mototurismo.
Por mera opção pessoal a viagem será feita de Sul para Norte, semana a semana, até se chegar às ilhas que compõem os arquipélagos da Madeira e dos Açores. Continue connosco neste roteiro virtual, que deve tornar real!