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A minha primeira moto
“Chamo-me Vasco, tenho 19 anos, estou a tirar a Carta de Condução para depois cumprir o sonho de ter a minha primeira moto.
Já sei mais ou menos o tipo de moto que pretendo, mas estou ainda bastante indeciso e como ainda não tenho carta não posso experimentar, mas já falta pouco tempo.
Será uma moto de utilização diária, tipo faculdade, casa, pequenas viagens… e tem de caber num orçamento limitado que a vida não está fácil, o dinheiro custa a ganhar e não quero sobrecarregar demasiado a minha família e também ainda não comprei equipamento nenhum.
As possíveis eleitas, não necessariamente motos novas, são: Benelli 302S, Yamaha MT 03, Honda CB 300R e KTM Duke 390. Tenho um carinho especial pela MT 03, mas nada está decidido.
Já andei a ler especificações técnicas, comparativos, vídeos na Internet, mas gostava de saber a vossa opinião para me ajudar a decidir.
Obrigado, Vasco”
Alguns comentários
O Vasco, apesar de bastante jovem, tem os pés bem assentes na terra. Sabe o que procura e tem consciência que a vida não está fácil e o facto de referir já a necessidade do equipamento é também algo muito positivo.
As quatro motos que refere têm um perfil similar, mas também com diferenças relevantes que poderá depois avaliar quando as conduzir. Todas são ágeis, fáceis de conduzir e naked, um perfil de moto muito interessante, mas que já não tem a popularidade de outros tempos, mas vamos agora a uma descrição sumária de cada uma delas.
Começando pela Benelli 302 S, irmã da mais desportiva 302 R, foi descontinuada há algum tempo e provavelmente só vai encontrar exemplares já matriculados. Tem uma estética inspirada, um motor de dois cilindros em linha com 300 cc e capaz de debitar 38 cv às 11.000 rpm e um binário de 26 Nm às 9750 rpm.
Uma escolha bastante racional de uma moto divertida de conduzir e em que a potência aparece sobretudo nas rotações mais elevadas. O seu peso em ordem de marcha ligeiramente superior a 200 kg pode ser algo intimidatório para quem está a começar. Vem equipada com duplo disco dianteiro e suspensão invertida à frente. Se for esta a eleita escolha uma em muito bom estado, com registos de manutenção e garantia oficial.
A Yamaha MT 03 representa a família do lado negro do Japão, como refere a marca. Faz parte da família hyper naked Yamaha, com um estilo musculado, decoração impactante e uma facilidade de condução que certamente o vai seduzir, caso seja essa a sua escolha. O facto de ser comum de encontrar nas nossas estradas mostra bem a aceitação que tem tido no mercado nacional.
Tem um motor bicilíndrico de 321 cc, capaz de gerar 42 cv às 10750 rpm e um binário de 30 Nm às 9000 rpm. O seu peso em ordem de marcha é de 167 kg e o preço de venda ao público é de 6450€, mais as respetivas despesas. A escolha perfeita para quem deseja uma moto irreverente.
A Honda CB 300R é herdeira de uma longa linhagem de motos da família CB (City Bike), aqui numa estética inspirada e até retro que a marca define como sendo Neo Sports Cafe e até as quatro cores disponíveis, incluindo um flamejante amarelo, dão uma ajuda, tal como preço final de 5700€, mais as respetivas despesas.
O motor é um monocilíndrico de 286 cc, capaz de debitar cerca de 31 cv às 900 rpm e um binário de 27 Nm às 7500 rpm. O seu peso pluma em ordem de marcha de apenas 144 kg faz dela uma proposta muito interessante, até porque a sua relação peso/potência acaba por lhe ser bastante favorável e ajuda muito na condução mais urbana, não se negando, tal como as restantes, a umas escapadas mais longas, mesmo em autoestrada, embora a falta de proteção aerodinâmica se faça sentir.
Por último, a KTM 390 Duke acaba por ser, dentro do seu leque de escolhas, a moto com especificações superiores, incluindo a mais cara, com um preço de venda ao público de 6723€, mais as respetivas despesas. É também a mais potente, equipada com um monocilíndrico, neste caso com 399 cc, capaz de debitar quase 45 cv às 8500 rpm e um binário de 39 Nm às 7000 rpm, valores muito interessantes.
A marca chama-lhe Corner Rocket pela forma como é possível curvar, alterar trajetórias, travar nos limites. É uma pura moto de sensações e vai dar-lhe grandes sorrisos se for a sua escolha, mas poderá ter uma condução mais exigente no dia-a-dia. O peso em ordem de marcha de é na ordem dos 180 kg. De todas as motos que lhe interessam é a única com cilindrada superior a 350 cc, logo, já paga IUC. O valor em 2024 é de 21,18€.
Para não dificultar mais a sua escolha e cumprindo um limite de 400 cc e valores de aquisição abaixo dos 7.000€, deixamos apenas mais duas propostas que podem ser interessantes para si:
A novíssima Kawasaki Z400, também ela herdeira de uma longa linhagem de motos desportivas naked, a família Z da Kawasaki. Uma moto de perfil marcadamente desportivo, mas perfeita para a cidade, equipada com um bicilíndrico de 399 cc, capaz de debitar 45 cv às 10.000 rpm e um binário de 37 Nm às 8000 rpm.
O seu preço de venda é de 6790€, mais as respetivas despesas, sendo ainda ligeiramente mais cara que a KTM. Tal como esta também já implica que tenha de pagar IUC. O seu peso em ordem de marcha de 167 kg ajudam a uma condução envolvente e divertida em qualquer estrada, sozinho ou acompanhado.
A Voge 350 AC é mais uma novidade, com um perfil nitidamente “neo retro” e uma estética muito marcada pelo original farol dianteiro e a saída de escape em posição elevada. Está equipada com um bicilíndrico de 312 cc, capaz de debitar quase 41 cv às 8500 rpm e um binário de 31 Nm às 7000 rpm. O seu preço de 4787€, mais despesas, também fazem dela uma proposta ainda mais apetecível.
Com um peso em ordem de marcha de 165 kg e uma extensa garantia de cinco anos, esta Voge também pode ser uma escolha que vai ao encontro do que procura, numa altura em que a marca chinesa continua a crescer e a diversificar a sua oferta, em vários segmentos.
Notas finais
Além das quatro motos indicadas por si, todas elas interessantes e com perfis e especificações mais ou menos aproximadas, tomámos a liberdade de apresentar mais duas que, na nossa perspetiva, também deve experimentar antes da sua tomada de decisão.
Agora o mais importante é preparar-se para o exame (ou exames) ainda em falta e depois logo começa a testar as motos para ver qual vai ser a sua nova companheira de muitas histórias.
Tal como refere, o equipamento é um aspeto crucial. Se o orçamento for mais limitado, talvez seja preferível até comprar uma moto já matriculada, por exemplo de serviço, e aproveitar a folga financeira para se equipar da cabeça aos pés.
Boa sorte na escolha, seja ela qual for. Ficamos depois à espera, se o desejar, que partilhe conosco qual foi a que decidiu adquirir.