Vejamos outra realidade, que pode servir de bitola para a análise seguinte: os cruzeiros (porque para eles existem estatísticas)!
Em 2022, passaram pelos portos portugueses (ilhas incluídas) pouco mais de 900 navios.
Por cá, embarcaram 51 mil passageiros e desembarcaram 49 mil. Em trânsito, que poderão ou não ter vindo a terra para nos visitar, foram mais de 1 milhão de passageiros.
Da respectiva receita – seja ela resultante de consumos efectuados pelos turistas ou das taxas portuárias pagas – nada é dito (o que não significa que ninguém saiba…). Mas 1 milhão de visitantes terá supostamente algum peso.
Só que não! Pensemos na realidade destes turistas: viajam em regime de pensão completa no navio – logo, pouco será o negócio proporcionado à restauração dos portos que frequentam, até porque em muitos casos, quando fazem alguma excursão pode ser incluido um farnel; as dormidas são realizadas no navio, mesmo quando a permanência no porto é superior a 1 dia (por exemplo, em Lisboa, alguns permanecem 2 dias em que um deles é reservado para um passeio a Fátima), mas a prática sugere que a pernoita acontece na navegação entre portos. Ou seja, os gastos destes turistas resumem-se às entradas nos monumentos, um ou outro transporte local e alguns souvenirs.
Não é dificil estimar que o gasto médio rondará 100€ por passageiro, ou seja, uma receita total de 100 milhões de euros. Não é despiciendo…mas é muito pouco face às expectativas (ou à ideia que é transmitida da importância deste canal turístico). Acresce o facto de esta receita ser concentrada em regiões que por si só já são as principais e onde se concentra a maioria da receita turística.