4. EM SERPA, VISITEI O MUSEU DO RELÓGIO
Aos instrumentos que medem o tempo chamamos “relógios”. Existem desde o início dos tempos e as mais antigas civilizações, mesmo sem recurso às maravilhas da mecânica ou das tecnologias mais modernas, foram utilizando diferentes formas de o medir. O tempo, sempre o tempo, aqui presente.
E porque da medida do tempo falamos, o objectivo era mesmo a visita ao Museu do Relógio.
Fica em Serpa, juntinho ao centro da cidade e resulta de uma colecção particular que ao longo do tempo cresceu de tal ordem, que o próprio Museu já tem uma extensão em Évora.
António Tavares d’Almeida (falecido em 2012) herdou dos avós 3 relógios de bolso. Avariados.
Foi o começo da história do Museu da Relógio.
Terminado o restauro daqueles 3 partiu à descoberta de mais por esse país fora. E até para lá da fronteira. Para os restaurar e aumentar a colecção.
Em 1995 abre ao público o seu Museu e com o crescimento da notoriedade aumentaram também as doações que lhe permitiram aumentar o acervo.
Em paralelo, ganhou também preponderância a valência do restauro com os Mestres da Oficina de Restauro, seja em proveito do crescimento do próprio Museu, seja na reparação de exemplares na posse de outros coleccionadores, seja na própria sustentabilidade desta excelente obra.
O Museu do Relógio está instalado no Convento dos Mosteirinhos em Serpa — um convento manuelino do Séc XVI — e a sua extensão, no Palácio Barrocal em Évora. O filho Eugénio mantém viva a chama do Museu do Relógio de Serpa e Évora.
São mais de 2.500 relógios — todos mecânicos — o mais antigo datado de 1630. De pulso, de bolso, de sala, ou outros mais específicos e dedicados às mais diferentes actividades e funções. Dá um destaque muito especial aos relógios de fabricação nacional com uma sala dedicada e tem também frequentemente, exposições temáticas.
O Museu do Relógio é uma visita obrigatória em Serpa.
Tal como a passagem pelo Museu do Cante Alentejano, adjacente à casa do Cante, onde através de uma linha do tempo (sempre o tempo!) se podem ver os momentos marcantes desta forma de expressão cultural tão típica do povo alentejano e que mereceu classificação como Património Cultural Imaterial pela Unesco.
Uma curiosidade…
Pelos vistos, já em tempos muito antigos por aqui nasceram personagens notáveis. Diz-nos a toponímia (no largo onde se situa a Igreja Matriz) que os santos Próculo e Hilarião eram naturais de Serpa. Quem foram?
De ciência incerta, do Santo Próculo não encontrei referência que lhe justificasse a santidade, pelo que presumo ser outro o referido. Já o Santo Hilarião, conhecido por “O Ibérico” terá sido um dos principais eclesiastas do Império Bizantino — teólogo e filósofo — e notabilizou-se na região hoje conhecida por Geórgia no Século IX.