MOTOTURISMO - ENTRE MONSARAZ E MÉRTOLA

MOTOTURISMO – ENTRE MONSARAZ E MÉRTOLA: AS HISTÓRIAS QUE A ESTRADA CONTA

Quando percorremos as estradas de um país tão antigo como é o nosso, dificilmente não esbarramos em histórias peculiares ou lendas fantasiosas.

A maior parte delas são quase tão antigas e, em boa verdade, servem apenas um objectivo: confortar os espíritos com explicações para fenómenos que o conhecimento desconhece.

Ainda hoje isso acontece…só que não lhes costumamos chamar lendas…

Conto-vos então as histórias que encontrei nesta estrada:

1. MOURAS ENCANTADAS, SERPENTES MÁGICAS, TESOUROS ESCONDIDOS…
2. COMECEI A JORNADA EM MONSARAZ
3. ALQUEVA – QUANDO O HOMEM MUDA A PAISAGEM
4. EM SERPA, VISITEI O MUSEU DO RELÓGIO
5. NA MINA DE S. DOMINGOS
6. A ANCESTRAL HERANÇA DA HISTÓRIA EM MÉRTOLA

1. MOURAS ENCANTADAS, SERPENTES MÁGICAS, TESOUROS ESCONDIDOS…

Um pouco por todo o território e também neste pedaço que percorri, cuja história vem da época em que nem ela existia, passando pelas heranças dos povos que sucessivamente a ocuparam – lusitanos, romanos, visigodos, mouros – até à Reconquista Cristã, quase em cada recanto existe uma lenda de uma moura encantada :

– em Mourão, diz-se que nesses tempos remotos, vivia nos arredores da terra, uma moura de extraordinária beleza que um dia foi capturada por um cristão. Antes de ser levada, ela amaldiçoou o lugar, prometendo retornar um dia para reivindicar sua terra. Acredita-se que seu espírito ainda protege a região.

– Já em Moura, a história tem um lado mais trágico. Conta-se que um mouro poderoso, de seu nome Buaçon, mandou fortificar o castelo da vila para o oferecer como prenda de casamento à filha. Princesa de enorme beleza chamada Salúquia, estava prometida a um mouro guerreiro chamado Brafama.

Quando este vinha para celebrar o casamento, foi emboscado por um grupo de cavaleiros cristãos que sem dó nem piedade o mataram e a todos os seus acompanhantes. Depois, os cristãos vestiram as roupas dos inimigos e assim disfarçados, enganaram as gentes do castelo e nele entraram. Graças à surpresa, rapidamente dominaram todos os que lhes fizeram frente e conquistaram a praça forte. Salúquia, percebendo o logro, sabendo que o seu noivo tinha morrido e não querendo ficar cativa dos cristãos, subiu ao mais alto da torre do castelo e dai se atirou para o vazio…

– Em Mértola, dizia-se que uma moura encantada habitava as margens do rio Guadiana. Seria uma princesa moura que foi transformada em sereia ou serpente por um feiticeiro invejoso. Segundo a lenda, ela aparece à noite, cantando uma melodia triste e hipnótica que atrai os incautos para as profundezas do rio.

Também as serpentes mágicas protectoras que viviam no rio Guadiana e defendiam as terras e as gentes por ele banhadas, como Moura ou Serpa e, no caso do Castelo de Mourão, guardava um enorme tesouro oculto.

Mouras, serpentes, tesouros, com diversas cambiantes, são comuns. Outras são mais características.

Em Serpa, conta-se Lenda do Fantasma da Torre do Relógio. Conta ela que a Torre do Relógio, uma das estruturas mais emblemáticas de Serpa, é assombrada por um fantasma. Segundo a lenda, o fantasma é o espírito de um antigo morador da cidade que foi injustamente acusado de um crime que não cometeu e executado na torre. Desde então, diz-se que o seu espírito permanece preso na torre, assombrando-a com seus lamentos e aparições noturnas.

Em Mértola, outra lenda conta a história de uma ponte que os romanos tentavam construir para atravessarem o rio Guadiana. Só que enfrentavam dificuldades na construção da ponte devido à presença de um dragão que habitava as águas do rio. Com a ajuda de um jovem corajoso, conseguiram derrotar o dragão e completar a ponte, garantindo assim a passagem segura para todos.

Na Mina de S. Domingos, o terreno é fértil para o surgimento destas histórias. Duas se contam que poderão ser apenas uma, apenas divergente na forma como ao longo do tempo foi sendo contada:

– Uma é a Lenda do Guardião da Mina: Diz-se que este guardião protege os tesouros escondidos nas profundezas das minas e vigia os corredores escuros e abandonados. Diz-se que trabalhadores das minas afirmaram ter ouvido vozes misteriosas ou sentido a presença de uma entidade invisível enquanto estavam no local.

– A outra é o Fantasma do Mineiro: Segundo esta lenda, o fantasma de um mineiro que perdeu a vida num acidente trágico nas minas assombra os túneis e galerias abandonados. Diz-se que o espírito do mineiro ainda busca paz, vagando pelos corredores escuros em busca de redenção. Consta que alguns visitantes relataram avistar uma figura sombria nas profundezas das minas, acompanhada pelo som de correntes arrastando-se pelo chão.