2025 tem sido um ano de muitas novidades no seio da CFMOTO. Na edição passada apresentámos a CFMOTO 800 MT-X, e como parte da apresentação mundial, a marca chinesa ofereceu-nos a oportunidade de testar mais modelos. A 675SR-R foi uma delas, uma das motos mais aguardadas para o ano corrente, com muita expectativa sobre o que poderia entregar esta supersport com o seu motor tricilíndrico em linha. Apesar da chuva no autódromo do Algarve, a montanha russa não desiludiu e a moto também não.
Por: João Fragoso
Fotos: CFMOTO
Comecemos pelo exterior. A CFMOTO apostou forte no visual desta 675, recorrendo ao estúdio italiano Modena 40 para desenhar este modelo, oferecendo assim uma estética mais apelativa. As suas linhas bem agressivas e as asas dianteiras exclamam desportividade e parecem tornar esta moto maior do que realmente é. Quando nos aproximamos da CFMOTO 675SR-R, percebemos como as dimensões desta moto chinesa são reduzidas e se encaixam na perfeição no segmento das supersport. Da China, passando por Itália, esta desportiva de média cilindrada não passa despercebida e sabe como chamar a atenção, mas não é só da aparência que vive esta CFMOTO.
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Sinfonia perfeita
Para muitos, o motor de três cilindros em linha é a combinação perfeita. Estes blocos, regra geral, conseguem juntar a suavidade do tetracilíndrico, com o binário inicial mais elevado dos dois cilindros em linha, mantendo uma enorme homogeneidade em toda a sua faixa de rotação. Aliado a isso, a sonoridade dos tricilíndricos entusiasma qualquer um. E entusiasmante é um ótimo adjetivo para descrever este motor. É verdade que devido à chuva não nos foi permitido explorar o mesmo em toda a sua plenitude, mas conseguimos, ainda assim, perceber que é extremamente suave desde as rotações iniciais, e que tem uma alma muito interessante numa faixa mais intermédia. A pista molhada obrigou-nos a ser bastante suaves com o acelerador, algo que não é difícil nesta 675SR-R, ainda que o controlo de tração de dois níveis estivesse pronto a entrar em ação se necessário. Pelo facto da moto estar equipada com pneus de estrada, com o circuito do Algarve sem uma única zona seca, apenas na reta da meta foi possível explorar os 90 cv desta supersport, ficando a ideia clara de que se queriam mostrar muito mais do que o que fizeram. No seu todo, este motor é o que esperávamos de um tetracilíndrico desta cilindrada, um bloco muito polivalente e entusiasmante.
Queríamos mais, mas…
Já referimos que a chuva fez parte desta apresentação e isso não nos permitiu explorar esta moto na sua plenitude, nem perto. Com condições bastante adversas e pneus de estrada, a decisão mais sensata foi rodar apenas algumas voltas de forma a retirar algumas sensações, sem pensar sequer em chegar perto do limite. Contudo, ao nível da ciclística, houve alguns pontos merecedores de notas. A moto revelou sempre enorme estabilidade e sensibilidade com o que se está a passar debaixo de nós. A dianteira, com uma forquilha KYB totalmente ajustável, é bastante precisa e fácil de inserir em curva, oferecendo uma excelente agilidade a esta 675. No que diz respeito à traseira, é difícil retirar conclusões profundas, apesar de ter sido perceptível que temos uma boa tração à saída de curva. E mesmo debaixo de condições de aderência complicadas, o controlo de tração nunca se mostrou intrusivo, algo que se deve também à suavidade do motor e à linearidade do acelerador. No departamento da travagem esta SR-R vem equipada com dois discos de 300 mm na dianteira, fornecidos pela J.Juan, com uma boa sensibilidade, e potência adequada, não sendo necessário uma força excessiva para parar a moto. O travão traseiro é de 240 mm, também a cargo da marca espanhola, sendo difícil retirar ilações do mesmo. A ciclística da 675SR-R transmitiu enorme confiança em todos os departamentos, mesmo em condições muito especiais. Podemos mesmo dizer que o fator mais limitaste foram os pneus CST que nos fizeram duvidar do limite dos mesmos à chuva.
O essencial
Como é apanágio da CFMOTO, a 675SR-R vem equipada com bastante tecnologia, ainda que em alguns pontos fosse esperado um pouco mais, mas lá chegaremos. Já mencionámos o controlo de tração que conta com dois níveis, estando este integrado num conjunto de ajudas à condução. O quickshifter é outra integração tecnológica, mas apenas para passagens de caixa em aceleração, algo bem vindo, ainda que tenhamos sentido falta das reduções de caixa com este mesmo quicksifhter. Todas estas ajudas podem ser controladas através do painel TFT de 5” que conta ainda com um modo de cronómetro especialmente dedicado ao circuito. Não podemos dizer que é a moto do seu segmento que mais equipamento possuiu, contudo, o que integra, funciona bem e está no que podemos considerar como essencial para uma supersport apta para atacar os circuitos.
No rumo certo
Ficou claro que precisamos de mais quilómetros na 675SR-R para retirar conclusões mais profundas. Porém, conseguimos perceber para onde está a apontar a marca chinesa. A CFMOTO quer claramente concorrer com os grandes tubarões das supersport, com uma moto equilibrada, que se destaca não só pelo seu visual bastante apelativo, mas também pelas suas capacidades ciclísticas. Ficaram assuntos por resolver com esta 675SR-R, mas uma coisa é certa, por menos de 8.000 euros e com tudo o que oferece, é muito fácil colocar esta moto como uma excelente opção para quem procura algo no segmento supersport, inclusive, com possibilidade de ser conduzida com carta A2.
