Somos cada vez mais a desfrutar do prazer de seguirmos o conselho do Zeca Afonso: ”…já é tempo de embalar a trouxa e zarpar”!
Por isso, a pergunta parece disparatada. Mas não é…
Texto e Fotos: HENRIQUE SARAIVA
Na realidade, é como se este fenómeno não existisse. Não existe informação estatística, investimento específico por parte das entidades que velam pelo nosso Turismo, compreensão em quem é responsável pelo estado das estradas. O que é certo é que não sabemos
– quem são os mototuristas?
– quantos são os mototuristas?
– o que representa o mototurismo enquanto realidade social ou económica?
E esta informação é essencial para tomada de decisões… a não ser, que à boa maneira portuguesa, se recorra ao “eu acho que…” (o tradicional “achismo”).
Mas porque quero dar algumas pistas e, eventualmente entusiasmar alguma entidade oficial por este fenómeno, terá que ser este último o caminho a adoptar, por falta de comparência do primeiro.
OS MOTOTURISTAS SÃO TURISTAS DIFERENTES?
Não só pela especificidade do veículo utilizado, o perfil de viajante da generalidade dos mototuristas é diverso do dos turistas mais comuns. Vou recorrer à experiência própria para suprir a falta de informação.
Fugimos dos grandes aglomerados turísticos, privilegiamos estradas secundárias e acedemos a locais por vezes inóspitos, a velocidade média é baixa e as paragens são muitas, o convivio com quem encontramos é frequente, a viagem é realizada em autonomia e o consumo é feito localmente. E chamo a atenção para este último factor: o consumo frequente e local.
QUANTOS SOMOS?
Este é o grande mistério! Certamente muito menos do que os veículos de 2 rodas em circulação (500 mil matriculados em Portugal) aos quais devemos acrescentar os estrangeiros que cada vez mais descobrem este recanto secreto da Europa.
Por isso “acho que” o potencial é imenso. Assim existam iniciativas que atraiam cada vez mais viajantes motociclistas. Voltarei a este aspeto no final.