O Japão, pátria dos “big four” no mundo das motos lançou muitas motos emblemáticas e que, mesmo nos dias de hoje, continuam a apaixonar gerações de motociclistas e a ter designações usadas há décadas, mas sempre com um efeito eletrizante. A Honda CBR é uma dessas motos.
Um pouco da história CB(R)
Foi com a magnífica Honda CB (City Bike) 750 Four (referente ao número de cilindros e ao ciclo de 4 tempos) que, no final da década de 60’, a Honda mudou definitivamente o panorama das superbikes, em boa medida pelo seu inovador motor de quatro cilindros em linha que se veio a tornar um “standard” do mercado, mesmo nos dias de hoje.
A primeira moto, com um cariz mais desportivo e que ganhou o R (de Race) surgiu no mercado em 1983 com a designação CBR 400 F (de Four) e destinava-se essencialmente ao mercado doméstico. Vinha com a configuração de quatro cilindros em linha, mas ainda com refrigeração a ar. No início surgiu sem carenagens, mas logo a seguir surgiu com carenagens completas, algo que ainda hoje se mantém.
Coube-lhe a honra, enquanto herdeira da linhagem nascida com a CB 750 F, de lançar uma família de motos com aspirações desportivas, mas sem abdicar de algum conforto. Depois dela seguiram-se muitas declinações, sendo que nem todas chegaram ao nosso mercado: a 500 F (em 1985), a 600F, a CBR 750F e 1000F (as três em 1987), a 1100 XX (em 96) e, mais recentemente, a 650F/R. Também existiriam e existem declinações com menos cilindros, caso da CBR 150, CBR 250 e CBR 300 (monocilíndricas) ou da CBR 500 (bicilíndrica). Isto sem considerar as versões mais radicais, caso da 900 RR, lançada em 1992 ou da CBR 600 RR, em 2003, mas já lá vamos.
A mais popular no nosso país foi e continua a ser, provavelmente, CBR 600F. Uma moto que desde o seu início se revelou como uma desportiva fácil, divertida e que, com alterações mínimas, podia facilmente ganhar corridas. Foi a primeira moto de cariz desportivo de muitos de nós, eu incluído.
O mercado é soberano
Nesta lógica de equilíbrio que caraterizava a CBR 600 (nos EUA também conhecida por Hurricane, ou seja, Furacão) a Honda foi resistindo até onde lhe foi possível a lançar uma versão mais radical, mais Race Replica (daí o RR). Já o tinha feito com a 250 RR e a 400 RR, muito direcionados para os mercados asiáticos e, a partir de 1992, também na CBR 900 RR, também conhecida por Fireblade.
Porém, no caso da sua popular CBR 600F a resistência foi maior e durante mais tempo. Enquanto algumas das duas concorrentes eram cada vez mais radicais e exigentes, a CBR 600F mantinha-se fiel ao princípio de desportiva fácil, capaz de ser usada diariamente e não apenas num track-day ou circuito. Até podia transportar um passageiro com relativo conforto e este conceito dual ia fazendo sentido.
Porém, em 2003 tudo mudou! A Honda não resistiu mais à pressão e lançou uma versão mais radical e exigente, face à mais civilizada CBR 600 F4i. O mercado recebeu a nova moto com entusiasmo e a categoria das Supersport ficou ao rubro! Tinha muita tecnologia e ensinamentos da RC211V MotoGP e isso deu os seus frutos!
Logo nesse ano ganhou o prémio “2003 Best Sportbike” e a Honda rapidamente percebeu que era uma aposta ganha! Um verdadeiro míssil num qualquer track-day, com um motor forte, sobretudo nos regimes mais altos (cerca de 107 cv às 13.500 rpm e um binário de 62 Nm às 11.000 rpm), bons travões, um chassis ágil. Apenas o peso, cerca de 202 kg a cheio, a penalizava um pouco face à concorrência.
Esteve no mercado apenas dois anos porque em 2005 a Honda lançou uma versão mais moderna e atualizada, que é a que apresentamos de seguida.