8.º Lés-a-Lés Off-Road: última etapa:
De Penafiel a Portimão foram 906,5 quilómetros de aventura e camaradagem, de descoberta e superação, de prazer de condução e boa disposição. Vivências que tornam cada final do Portugal de Lés-a-Lés Off-Road num momento de sensações fortes e sentimentos contraditórios. A chegada ao panque final, no término da grande aventura gizada pela Federação de Motociclismo de Portugal é, para todos, um instante de festa. Que, passados poucos minutos, se transforma numa sensação de estranho vazio, sabendo que ainda falta um ano até à próxima edição. É assim desde há 8 anos e, em 2023, repetiu-se o filme, com protagonistas que enfrentaram calor e pó, algum frio matinal e até umas quantas gotas de chuva, os pisos de pedra nas serras do norte e centro do País e os mais rápidos troços arenosos do Ribatejo, até ao emaranhado de caminhos da serra algarvia.
Um desafio à medida da experiência de condução, do espírito, da idade e da máquina utilizada. Que, recorde-se, havia-as de todos os tamanhos e cilindradas, cores e feitios. Das maiores e mais modernas trail do mercado às improváveis scooters, passando por alguns modelos de pequena cilindrada que deixaram marcas na história no motociclismo nacional. A Yamaha DT50 LC é, seguramente, uma delas, bem conhecida de milhares e milhares de portugueses que com ela se estrearam nas lides das duas rodas. Não foi o caso de Rodolfo Sampaio que, depois de fazer o Lés-a-Lés ‘de estrada’ com uma nada apropriada Honda Z50 com montagem tipo ‘chopper’ decidiu manter a fasquia bem elevada e estrear uma DT50 na variante Off-Road.
Uma moto completamente desconhecida, que nunca tinha conduzido antes, para uma aventura super divertida e que não ofereceu o mínimo problema. Foi só meter gasolina, adicionar óleo ao autolube e… já está.
Uma saudável loucura para o ex-piloto de enduro e raides cuja única preocupação foi “cortar um pouco de gás nas zonas mais degradadas para não estragar a suspensão da motinha. É que sempre eram 110 quilos aos saltos em cima dela. Eram, à partida! Porque agora, com as vezes que tive que dar ao pé nas maiores subidas, devo ter perdido algum peso”. Preocupado em descobrir o paradeiro da equipa de terapeutas que acompanha o evento, “para tentar disfarçar as mossas num corpinho de 61 anos”, garantiu que “a Yamaha DT50 LC está pronta para ir a rodar até casa, mas… o piloto vai deixá-la descansar”.
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Ondas de sorrisos à beira-mar
Sentimento unânime de excelente disposição que reforçou o ambiente de festa criado na marginal portimonense, ali onde o rio Arade cumpre os últimos metros antes de mergulhar no oceano Atlântico. A derradeira etapa, desde Estremoz, ofereceu 314 quilómetros de belíssimas paisagens, das intermináveis planícies alentejanas, com pistas rápidas entre sobreiros e muitos olivais de cultura intensiva, à variedade de caminhos na serra algarvia, dos trilhos mais enduristas aos mais largos estradões. Palcos de grande diversão para os mais de 300 motociclistas cuja boa disposição nem era abalada por alguns problemas técnicos, como furos ou correntes partidas.
Incidentes que eram, acima de tudo, mais um motivo de conversa nas paragens nos oásis onde as bolas de Berlim, o café ou as águas, servidas com muita simpatia pelo staff da Honda num belíssimo spot nas margens da albufeira da barragem de Odivelas, ou os ovos mexidos, bifanas, fruta e sopa de agrião no Oásis da FMP, iam ajudando a repor as energias. Que bem precisas era para alguns participantes, menos habituados a tamanhas exigências físicas.