Conhecem a expressão “estar como o louco a meio da ponte”? Assim estava eu no final da última etapa! O dia solar estava quase a chegar ao final e tinha que optar pelo que iria fazer a seguir: ficar alojado em Vila Real de Santo António ou nos arredores, sendo que estamos em época baixa, fazer parte do trajeto e pernoitar pelo caminho, tomar a decisão mais radical de todas e vir para casa, percorrendo a distância toda até casa de seguida, mas com pneus de estrada.. Que acham que decidi?
Pus de parte a hipótese de ficar a dormir em Vila Real de Santo António. Se ficasse, ainda tinha que ir comprar uns caramelos a Ayamonte e abastecer! O diferencial é menor do que já foi, mas continua a existir e a valer a pena, mesmo se o desconto do Cartão do Motociclista se aplica apenas do lado de cá da fronteira!
Optei por pegar na moto e, para variar, rumar a Norte sendo que não tinha a decisão tomada! Vinha ao saber do vento e pelo caminho logo decidia o que fazer! Vinha sujo, transpirado e mal-cheiroso! De fugir!
O bom senso e a prudência recomendavam-me ficar a dormir pelo caminho, depois de jantar num lado qualquer e reconheço que era uma opção muito sensata. Por outro lado, tenho que admitir que a minha cama tem um gosto especial e o meu travesseiro está à minha espera! Imagino que aconteça com muitos de vós essa paixão pela cama habitual, com ou sem companhia!
Fiz uma paragem logo no início da A2 para comer e abastecer. Uma vez que não estava tão cansado como temera e a iluminação da moto é ótima acabei por fazer o resto da viagem até casa onde cheguei são e salvo, como podem ver, e ainda posso ir comemorar o feriado da Implantação da República! Talvez tenha sido um exagero para um dia só, mas acabei por fazer mais de 700 km’s!
A Africa Twin cumpriu plenamente com o exigido, tal como todo o equipamento, sendo que o capacete, pelo conforto e forma como ventila e liberta a transpiração foi uma agradável surpresa. As luvas sofreram bastante, mas depois de lavadas devem ficar ótimas e mesmo os óculos (goggles) já têm algumas marcas do uso na lente, mas tudo superficial e cumpriram com o exigido, sendo que a lente fotossensível é ótima e vou ter que comprar outra para ter de reserva.
O elo mais fraco de toda a corrente acabei por ser eu! Fiz tudo aquilo a que me propusera, mas a verdade é que hoje sinto algum desconforto muscular e numa ou outra articulação, mas nada de grave. O que isto pede é continuação! Quando posso repetir? Poderei ficar com a moto mais uns dias? Onde posso ir montar os pneus de enduro? É ótimo podermos sonhar! Nunca se esqueçam disso!
Além disso, passei boa parte da manhã a desmontar e lavar o equipamento. Parte dele vai para a máquina de lavar, mas o resto não, caso do colete, botas, capacete… e eu sigo o princípio do “sujador – limpador”! Uma tina grande, uma mistura de detergente de roupa manual e líquido lava-loiças fazem milagres! Também a Africa Twin vai ter direito a uma lavagem, mas o trabalho a sério vai ficar para os profissionais, sendo que vou devolver a moto amanhã.
Tal como fizera no LaL on-road, também aproveito para vos dar a o conhecer mais um miradouro e o respetivo baloiço, neste caso o das Pedreiras, em Fanhões, concelho de Loures. Existem por aqui uns fantásticos trilhos e a tentação…
Relativamente aos km’s percorridos, venho aqui e agora apresentar os valores globais, desde que saí de casa até ao regresso. A minha estimativa inicial apontava para 1800 km! Afinal foram percorridos um total de 1900 km’s! Uma minúscula derrapagem! de quem é a culpa? Minha, obviamente!
Renovo os nossos agradecimentos às marcas que nos apoiaram, em especial à Honda e à Multimoto, mas também à Organização, aos motoclubes, marcas, associações, autarquias, forças de segurança, às amizades que fui criando, em especial ao Guillermo, de Madrid, às pessoas anónimas e a todos/as os que viajaram connosco ao longo destes dias, mesmo que virtualmente. É também para vós que fiz esta viagem e espero que tenham gostado!
Vemo-nos em breve, numa qualquer outra aventura, mas sempre em duas rodas!
Texto e fotos: Pedro Pereira