Depois de, na semana passada, termos apresentado The Motorcycle Diaries, o desafio desta semana é, uma vez mais, um filme bastante diferente, quase inesperado. Aliás, tenho tentado que nos filmes que vou partilhando convosco, garantir que há bastante heterogeneidade e, ao mesmo tempo, que as motos têm um papel importante em todos eles e não são apenas um ator secundário.
Este filme, que chegou primeiro aos cinemas da Nova Zelândia ainda em 2005 (a Portugal só chegou em 2006) e ficou conhecido por “Indian – O Grande Desafio”, passou ao lado de ser um êxito de bilheteira e mesmo internacionalmente não foi um blockbuster, tirando talvez na Nova Zelândia (onde ganhou vários prémios), mas talvez nem sequer fosse esse o seu grande objetivo.
O filme, que tem por base a fantástica história de Burt Munro (interpretado por Anthony Hopkins), é uma lição de vida, de coragem e dedicação e para os/as mais lamechas, como eu, é difícil não se deixar emocionar em alguns momentos. É um filme sem idade e para todas as idades. Afinal de contas, nunca é demasiado tarde para a corrida de uma vida!
Indian – O Grande Desafio
Sob direção de Roger Donaldson, o filme narra a história inacreditável de Munro, um homem que nunca deixou de acreditar que é possível concretizarmos os nossos sonhos. Pouco importa se a data de nascimento nos diz que já temos idade para ter algum juízo e os outros olham para nós de soslaio quando rompemos com o padrão habitual, algo que Munro fez, mesmo ciente dos riscos e das observações feitas pelas outras pessoas.
O consagrado ator galês Anthony Hopkins, que já ganhou duas estatuetas de Hollywood e é mais conhecido pelo papel de serial killer e canibal, Hannibal Lecter, na saga “O silêncio dos inocentes” tem aqui, na minha perspetiva, o seu melhor desempenho. Ele e a sua Indian Twin Scout de 1920 (que há quem diga que é a melhor Indian de sempre), totalmente alterada são, respetivamente, o rei e a rainha de todo o filme e não passam um sem o outro!
O filme mistura, de forma divertida e até cómica, o drama, a ação, a tragédia, o humor, o suspense e o resultado fica acima das expetativas e é por isso que tinha que constar nas minhas escolhas de 10 filmes para este verão. O facto de ser pouco conhecido torna-o ainda mais interessante para quem nunca o viu e o pode fazer agora.
Quantas vezes adiamos os nossos sonhos até ser tarde demais?! Robert decide que, aos 70 anos e com problemas de saúde, ainda vai a tempo. Com a ajuda de vários amigos/as vai sair da nova Zelândia e ir até ao deserto salgado de Bonneville (imagino que o nome vos diga alguma coisa), no Utah, para tentar bater o record mundial de velocidade para motos abaixo de 1000 cc.
Depois de uma vida inteira dedicada a aperfeiçoar a sua Indian Twin Scout, de 1920 e a conseguir alguns recordes no seu país, Burt resolve arriscar tudo, incluindo a própria vida. E contra todas as probabilidades, depois de várias tentativas, em 1967, consegue estabelecer um novo recorde mundial, tornando-se o homem mais rápido do mundo numa moto. Nada menos de 324,847km/h!
Se não for pela história de superação e coragem, vale a pena ver o filme pelas cenas de ação, em especial aquelas passadas ao guiador da Indian. Como muitos de vós, já andei de moto depressa, talvez até demasiado depressa e admito que é uma sensação poderosa, quase mágica, mas ver no filme já é uma grande descarga de adrenalina e sem riscos.
Para a próxima semana tenho o prazer de comunicar que voltaremos ao século e milénio passado. A década de 90 volta a chamar por nós e o filme que vos vou sugerir é sobre um valor intemporal e hoje algo esquecido e subvalorizado: a amizade e que se pode fazer por ela. No filme contracenam dois grandes atores. Até quarta-feira.
Texto: Pedro Pereira