Depois de, na semana passada, termos apresentado Ghost Rider, é chegada a altura de voltarmos novamente ao século passado, mais precisamente ao final da década de setenta, para um filme de culto e que depois teve várias sequelas, com maior ou menor sucesso, mas a receita tem sido sempre mais ou menos a mesma. O mais recente, de 2015, (Fury Road) é ainda mais apocalítico.
No papel principal do filme inicial (e dos dois seguintes, The Road Warrior em 1981 e Beyond Thunderdome, em 1985) temos o jovem Mel Gibson (Max “Mad” Rockatansky). No primeiro filme da saga é um agente da polícia de trânsito denominada MFP (Main Force Patrol), “algures” na Austrália, numa região em que “quem mais ordena” são os gangues de motociclistas, verdadeira praga num ambiente hostil e sem lei.
Este filme, que por cá ficou conhecido por “As motos da morte”, é bastante diferente dos das semanas anteriores, representa um futuro mais ou menos próximo, num universo mais ou menos caótico e confuso, numa altura em que os motociclistas, geralmente em gangues, ainda eram muito associados à violência, à droga, ao roubo e a todo o tipo de crimes que se possa imaginar!
Mad Max
O filme chegou ao mercado australiano em 1979, só no ano seguinte ao Estados Unidos e depois disso à Europa, mas foi um sucesso em global e o grande responsável para que Gibson se tornasse conhecido mundialmente e o próprio cinema australiano começasse a ser olhado de outra forma. Na calha deste veio Crocodilo Dundee (1986), outro grande sucesso do país dos cangurus…
Com direção de George Miller é um filme que chegou a ser acusado de ter muitas cenas de violência mais ou menos gratuita, mas está muito bem conseguido, além de que estreia a utilização no cinema australiano de lentes anamórficas (para conseguir melhores imagens do tipo wide screen), essenciais em muitas das cenas de ação ao longo do filme, com muita riqueza de detalhe, nomeadamente nas perseguições a alta velocidade.
A música do genial compositor australiano de seu nome Brian May (não, não é o membro dos Queen) dá uma ajuda importante nos dois primeiros filmes já que faz crescer o suspense e gerar uma tensão que já se sente ainda antes das cenas de ação.
Tudo começa quando Max, no seu Holden Monaro, ataca e mata um líder de um gang motard chamado Nightrider e a namorada deste, após uma perseguição alucinante. Está dado o mote para muita ação, violência, sangue, vingança… que são as ideias-chave de todo o filme, potenciadas pelo assassinato cruel e tenebroso da mulher, Jessie, e do filho do casal.
Daí para a frente, é a vingança sem quartel, sem regras ou limites. Mad Max, com o seu Interceptor (Ford Falcon, V8), vai enfrentar e destruir, um a um, todos os que foram a causa da destruição da sua família, incluindo o líder do bando, o perigoso e cruel Toecutter.
Vale a pena olhar para o filme com um olhar mais crítico de quem aprecia motos. Vejam com atenção os modelos disponíveis, em especial as Kawasaki Z1000, mas também a Kawasaki KH250 (2 tempos). Reparem para os equipamentos, com destaque particular para os capacetes ou para as carenagens das motos. Ainda por cima, é um filme de baixo orçamento, tem poucos diálogos, mas as motos fazem toda a diferença e este filme é incontornável na minha escolha da dezena a que me propus. Vale a pena (re)ver!
Para a próxima semana teremos novo filme e já deste milénio. Um filme algo inesperado e até surpreendente, apesar de nunca ter sido um grande sucesso de bilheteira, como os anteriores. Uma grande viagem que pode até mudar o nosso interior, que o diga Che. Até quarta-feira.
Texto: Pedro Pereira