A marca portuguesa, RSW Motorwear é já bem conhecida no meio motociclístico nacional, sendo que tem, cada vez mais, uma gama de equipamentos técnicos para o motociclista casual, de aventura e até uma linha vintage. Possui também uma clara distinção entre modelos mais destinados ao sexo feminino e ao sexo masculino.
Por outro lado, o facto de ter toda a informação no site em Português de Portugal, incluindo detalhes mais técnicos, é uma mais-valia importante e o mesmo acontece com as instruções e manuais do equipamento. Nem toda a gente conhece outras línguas, mais ainda quando se trata de termos mais técnicos!
Assim, esta é a primeira nota positiva, mas o mais importante é perceber como se comportam estes equipamentos no dia-a-dia, melhor ainda com uma utilização mais intensiva, como aquela que aconteceu no Lés-a-Lés e que foi uma verdadeira “prova dos nove”, com cerca de 10 horas diárias em cima da moto e durante vários dias!
Blusão RSW, modelo N222
Começo por me confessar: adoro blusões técnicos para andar de moto! Ainda por cima, a diversidade de padrões, acabamentos, materiais, corte, abrange praticamente tudo o que se possa imaginar e a dificuldade acaba por ser mesmo escolher.
Para o Lés-a-Lés (LaL) e ir usando no futuro a escolha, após consulta prévia dos vários modelos que pode ser feita no site, recaiu sobre o N222 por vários motivos, sendo que a questão estética foi determinante, o que me levou a optar pela cor cinza-escuro.
Existem uma série de padrões combinações (cinza-claro, vermelho, verde, azul…), consequentemente mais adequados ao tempo quente, mas as tonalidades mais escuras têm para mim uma vantagem importante, mais ainda para um blusão de meia-estação como este: nota-se muito menos a sujidade, os insetos esborrachados ou outras marcas de uso.
O tamanho escolhido foi XL e é sempre algo pessoal, mas na dúvida… comprar o tamanho acima é a minha recomendação, sendo que devem testar com e sem forro. Por falar neste último, durante o LaL apenas o usei numa manhã mais fresca e nota-se bem a diferença. Já agora, retirando o forro, apenas temos um bolso do lado esquerdo, deixa de existir um do lado direito destinado, preferencialmente, ao telemóvel. Deviam continuar a ser dois, como sucede em muitos concorrentes.
É bonito, sem ser demasiado vistoso, a escolha das cores é agradável e visível à distância (inclui vários elementos refletores), sendo completamente impermeável e respirável, sobretudo se “abrirmos” integralmente os fechos de ventilação à frente e atrás. Os dois bolsos frontais são grandes e práticos e tem o habitual nas costas, mas que não uso, até porque em caso de queda pode ser perigoso.
Vem com proteções amovíveis nos ombros e cotovelos (cumprem a norma EN 1621-1:2021) e para as costas, sendo que esta proteção é quase sempre um opcional, mas aqui vem de série! São todas fáceis de remover (mais do que voltar a colocar) para lavagem e o facto de o blusão ter vários ajustes torna-o ainda mais adaptável ao gosto de cada um.
No regresso do LaL, quando vinha em direção à Guarda, não resisti à tentação e acabei por fazer um desvio entre Foz Coa e a Régua. O objetivo era rever a N222 (que dá nome ao blusão) e divertir-me a fazer as curvas até S. João da Pesqueira e depois o troço à beira rio de uma das mais belas estradas do mundo. Resisti depois à provocação de ir fazer parte da N2 (que dá nome a outro blusão da marca). Vai ter que ficar para outra vez, mas tinha-a completado no LaL de 2021!
Em resumo, é uma excelente opção pela estética, pelos materiais, conforto, extras e, ainda por cima, o preço recomendado pela RSW é verdadeiramente de combate: 169,72€!
Calças RSW, modelo Atacama TR Vented
Já percebemos que a marca gosta de dar nomes impactantes a pelo menos alguns dos seus produtos, veja-se a esse respeito o caso dos blusões, mas não se fica por aqui e as calças são denominadas Atacama. Trata-se de um deserto situado no Norte do Chile (como muitos de vós, gostava de lá ir, um dia) e é considerado como o mais alto e seco do mundo e isso já diz quase tudo!
A escolha deste nome para as calças não foi inocente e o resultado é interessante. São umas puras calças de verão, de corte algo “subido”, em que a importância da ventilação é levada muito a série, a ponto de ter até dois fechos nos joelhos para melhorar a circulação do ar, algo que deu bastante jeito neste tórrido LaL.
São escuras, mas com alguns apontamentos em branco, exterior 100% em poliéster e interior em malha. Os dois bolsos são úteis, mas podiam ser um pouquinho maiores em termos de profundidade. Já os vários ajustamentos (na cintura e até para as botas) são muito úteis, mas convém ter atenção aos tamanhos. Eu optei pelo L, sendo que vão do M ao XXL. Nada como experimentar antes de comprar.
Inclui, naturalmente, o fecho traseiro que permite a união com o blusão. Experimentei com o N222 e funciona lindamente.
Vem com proteções amovíveis para os joelhos e para as ancas, sendo que estas últimas limitam um pouco os movimentos, mas em caso de necessidade é bom saber que estão lá, esperando nós nunca ter de as colocar à prova.
No final do LaL retirei as 4 proteções (está bem claro esta indicação na etiqueta, algo que muita gente se esquecer de ler) e foram lavadas, sendo que continuam com um aspeto de novo, mas deixei o melhor para o fim! O preço recomendado que é altamente tentador para umas calças com estas caraterísticas: 113,39€!
Luvas RSW, modelo MS-019
Estas luvas foram apresentadas pela marca aquando da Expomoto, no Porto, em abril passado e a opção por este modelo foi mesmo a de aceitar a sugestão da marca, de entre o seu portfólio de modelos de luvas. Este modelo, à data em que escrevo este artigo, ainda nem sequer está anunciado no site, pelo que desconheço sequer se já estão à venda.
Sobre o tamanho, segui o meu instinto e ainda bem! Optei pelo XXL e em boa hora o fiz! Aparte o facto de ter a mão grande, desconfio sempre do tamanho das luvas e como para mim o conforto das mesmas é fundamental, a opção pelo XL iria ser má já que “vestem” algo para o justo e na dúvida… optar pelo tamanho acima!
Sobre as caraterísticas das mesmas, são construídas em malha microelástica e pele, com reforços na palma da mão e nos “nós” dos dedos, mas o mais importante para mim foi as sensações que me foram transmitindo ao longo da utilização que lhe tenho dado, mas são umas luvas de meia estação, a tender até para o verão.
São muito confortáveis, bastante fáceis de colocar e retirar, forro em polyester e um excelente “agarre” nos punhos, sendo que o sistema de ajuste por velcro é prático. Apesar da cor escura, ventilam bastante bem e não aquecem as mãos em demasia, além de que preveniram a formação de calos, algo que é para mim comum quando faço um uso mais intensivo da moto.
Como reparo, apenas gostaria que oferecessem uma maior proteção ao nível das “costas” dos dedos, mas sei perfeitamente que maior proteção nesta zona pode comprometer um pouco a liberdade de movimentos. Também já se nota algum desgaste, ainda que ínfimo, na luva direita naquela região entre o polegar e o indicador, ou seja, onde fazemos mais pressão na cana do acelerador! Não é à toa que há quem adicione anéis de neoprene (vulgo donuts) para proteger esta zona da mão.
Em suma, parecem-me uma escolha muito equilibrada para a época estival, imagino que com chuva não corra assim tão bem, mas para essas condições meteorológicas existem outro tipo de luvas. Destaco ainda que nunca me mancharam as mãos, algo que por vezes acontece em algumas luvas, sobretudo antes de serem lavadas pela primeira vez…
Sobre o preço mais uma agradável surpresa: 45,49€ é o pvp indicado, o que me parece ajustado.
Tudo somado, direi que é possível (não considero eventuais descontos, portes…) por pouco mais de 300€ adquirir 3 peças de equipamento técnico, com uma boa relação qualidade/preço e de uma marca nacional.
Texto: Pedro Pereira