Turismo com prazer
Realizar longas tiradas de moto não tem que ter uma “seca” ou um martírio, pode na realidade ser bastante gratificante. Desde 2001 que a Yamaha tem mostrado isso, através de uma moto confortável mas bem divertida de utilizar; e agora que chegámos a 2016 é altura de mais uma renovação, com a FJR 1300 AE pronta para muitos mais quilómetros de prazer.
POR Fernando Neto • Fotos Manuel Portugal
Foi já em 2001 que a Yamaha apresentou a primeira geração da FJR, e desde o início que o objetivo da marca dos três diapasões foi lançar uma turística diferente do que existia até então, mais ágil e que oferecesse alguma emoção desportiva em termos de dinâmica e motor, e daí a opção por um quadro em alumínio. O motor de quatro em linha debitava 145 cv de potência e o peso era relativamente contido, montando desde o início veio de transmissão e para-brisas elétrico. Na geração seguinte veio o ABS, enquanto que em 2006 foram já realizadas bastantes alterações, a nível de conforto e ergonomia. Foi ainda lançada a primeira versão de YCC-S, sem manete de embraiagem. Em 2013 houve muitas mais melhorias, com novos sistemas elétricos, D-Mode, TCS, Cruise Control, YCC-S de 2ª geração e lançamento da versão com suspensão eletrónica.
FJR 2016
A 5ª geração da FJR 1300 chegou agora com nova caixa de 6 velocidades, iluminação totalmente em LED e já a cumprir Euro4. A embraiagem é nova (excepto na AS), mais leve em cerca de 20% e agora com função deslizante, para uma maior suavidade e mais fácil entrada em curva. Quanto à caixa de 6 velocidades, fez reduzir em 10% a rotação do motor em 6ª comparando com o modelo anterior, estando agora as duas primeiras relações mais longas e a 4ª e 5ª mais curtas. Caixa com mais uma velocidade através da utilização de dentes helicoidais, mais estreitos, e que têm um engrenamento mais suave, havendo um carreto de sincronização separado para um melhor engrenamento. O peso foi também reduzido em 400g.
A iluminação totalmente em LED é uma importante melhoria, assim como as luzes de curva adaptativas (que não faz parte do modelo base, a A), e que são formadas por 3 LED em cada farol, que acendem progressivamente de acordo com a inclinação da moto, através da medição da IMU. Quanto às restantes caraterísticas são as já conhecidas, com o fiável motor de 1298 cc a debitar 146 cv de potência e um binário máximo de 138 Nm. O quadro é realizado totalmente em alumínio e o depósito é de 25 litros, com as malas laterais (opcionais na A) a terem abertura com a chave de ignição. Possui D-Mode para ajustar a resposta do motor (Touring ou Sport), TCS, Cruise control, para-brisas elétrico, punhos aquecidos em 3 níveis, tomada de 12V e ainda banco, guiador e carenagens laterais ajustáveis ( para uma maior proteção na zona das pernas). No nosso teste usámos a versão AE, com suspensão eletronicamente ajustável. Os ajustes base são solo; solo+bagagem; dois; dois+bagagem, e o amortecimento pode ser ajustado entre standard, mole e duro.
Grande Estradista
Conduzimos uma versão AE durante vários dias, e é impossível não ficar rendido às caraterísticas de uma moto como esta. Possui uma excelente posição de condução e só gostávamos que o depósito fosse um pouco mais estreito, pois assim as pernas seguem algo afastadas. E como o assento também é largo, os utilizadores mais baixos terão alguma dificuldade em chegar com os pés ao chão. A proteção aerodinâmica é fácil de ajustar para cada situação, e quanto ao motor, tem potência suficiente para 99% das situações, além de ser bastante “raçudo”, especialmente nos regimes elevados e possuir uma bela sonoridade de escapes. A nova caixa de velocidades é de uma enorme suavidade e agora podemos seguir a 140 km/h apenas às 4000 rpm, sem qualquer esforço, numa máquina que supera de forma fácil os 200 km/h.
O peso só se nota nas manobras realizadas à mão, parecendo desaparecer em andamento, e se a travagem não merece quaisquer reparos, a dinâmica é também fantástica em bom piso, com os Bridgestone BT-023 a cumprirem bem a sua tarefa. Apenas não apreciámos o comportamento das suspensões eletrónicas a filtrarem pequenas irregularidades, mostrando-se secas no início do curso da forquilha, o que pode suceder em zonas de juntas de dilatação, calçada portuguesa, etc. Experimentámos várias afinações mas mesmo os “settings” mais macios apresentam esta caraterística que, somente à chuva, poderão comprometer a aderência. A seco, e em bom piso, esta FJR curva, trava e acelerada quase como se fosse uma desportiva, sendo que, para apenas um ocupante na moto, optámos normalmente pelas suspensões no standard, com o soft a ser o ideal para a cidade e em mau piso. E se a iluminação noturna por LED é fantástica, muito ampla e clara, também ficámos rendidos à luz adaptativa em curva, que abrange zonas onde normalmente é impossível luzes tradicionais chegarem. Excelente mesmo!
A instrumentação é completa e fácil de compreender após alguns minutos de “estudo” e o consumo médio durante os vários dias cifrou-se nos 5,9 l/100 km, o que é muito bom tendo em conta o ritmo. Em estrada aberta realiza facilmente 5,5 l/100km. Uma excelente moto, tanto para o dia-a-dia como para fim-de-semana, e até mesmo em longas viagens.