E as motos?
De notar que para esta crónica não chegou a ser pedida ajuda diretamente ao Vítor Norte (talvez para um trabalho futuro) pelo que pode haver imprecisões e mesmo o fio do tempo não segue sempre a linha cronológica, mas é de imaginar que os veículos de duas rodas tenham começado bem cedo na vida de Vítor.
Nascer numa pequena vila alentejana, na década de 50, onde os meios de transporte são escassos, as estradas quase inexistentes… faz todo o sentido, assim que tal for possível, ter um meio de transporte próprio. Imaginando o início da década de 70 ter uma “motorizada” já era algo fantástico e um luxo que muitos não podiam ter, quanto mais um carro!
Focando-se um pouco numa história contada pela filha, Sara Norte, para o Programa Fama Show, percebemos melhor o contexto, até porque é uma bonita história de amor e Sara é fruto disso mesmo!
Vítor Norte já era um ator popular quando conheceu Carla Lupi, mas ser ator naquela época, mais ainda com a diferença de idades (ele com 32 e ela com 17) não era fácil e a solução acabou por ser fugir, para poderem ficar juntos!
Conta Sara: “O meu pai foi buscar a minha mãe numa moto e foram viver para uma casinha, junto a uma lagoa. E viveram aí, a comerem ostras que pescavam”, afirmou. “Eu fui feita à base de ostras”, acrescentou ainda, em tom de brincadeira.”
Ou seja, para fugir de moto (não sabemos que moto era, mas não seria ainda certamente a sua companheira de longa data Gina – Virago 535), mas já tinha experiência suficiente para irem os dois estrada fora, viveram a sua história de amor…
O caso especial do Portugal de Lés-a-Lés e da Gina
No meio de muitos dramas familiares e pessoais, incluindo várias esquivas à morte com problemas de saúde e acidentes de moto (conta o ator que já teve 27 fraturas), as motos continuam a ser uma constante na vida do ator, mas a Gina tem sido a mais especial de todas!
Muitos de nós já participaram nesta magnífica maratona motociclística que une Portugal de um extremo ao outro e que ainda há pouco tempo concluiu mais uma edição, vigésima sexta. Também há bastantes que já são repetentes e participaram em várias edições, como é o meu caso, mas Vítor Norte, fez mais que isso!
Além de ser fã e ter participado várias vezes tem ainda a particularidade de arrastar, no bom sentido da palavra, outros atores e atrizes para participarem, levando mais pessoas a conhecer melhor o mundo das motos e também alguns cantinhos mais recônditos e verdadeiros do nosso Portugal. Só quem já experienciou é que percebe!
A Virago 535, que já apresentámos em tempo numa crónica “Moto do Leitor”, para muitos de nós talvez nem seja uma escolha óbvia para fazer um Lés-a-Lés. O conforto não é de elevado nível, o depósito é pequeno, a travagem insuficiente, o motor “curto”… tudo possíveis razões para justificar o uso de outra moto, mas somos todos diferentes e ainda bem!
A seu favor, além da estética, de destacar que os consumos são bons, é muito fiável, o peso não é exagerado, a transmissão por veio é um descanso, a posição de condução é relaxada e o seu charme continua a ser enorme e não passa com os anos, como Vítor Norte!
Porém, não se pense que o ator se contenta sempre apenas com a única moto. Veja-se aqui um exemplo em que está com uma “azulinha”, em pleno Parque do Monsanto, onde tem um refúgio especial, a dois passos do bulício da capital!
O Livro “As retas são uma seca”, 2010
Desconheço se foi mera e feliz coincidência ou muito mais, mas sabendo o gosto e conhecimento sobre motos do ator, talvez seja um misto de ambas!
Ao longo de uma vida cheia de alegrias e momentos de felicidade, Vítor Norte também continua, como todos nós, a ser posto à prova diariamente, mas imagino que ele não iria gostar que fosse de outra forma! Perdas de pessoas chegadas, situações de saúde delicadas, filha presa por tráfico de droga… são tudo desafios para ultrapassar!
Boa parte das pessoas que gosta de andar de moto também considera que as retas são uma seca, que se tornam monótonas, aborrecidas, fazem sono, não têm graça nenhuma! Como se não bastasse, acrescento ainda que tornam os pneus “quadrados”!
Este livro, de certa forma autobiográfico, nas suas 280 páginas é uma lição de vida e merece bem uma leitura, pelo que deixamos apenas um pequeno vídeo da RTP, para aguçar o apetite:
Esperemos que tenham apreciado esta singela homenagem a este grande homem e que ele nos possa continuar, durante muitos anos, a acompanhar com a sua alegria e talento, numa diversidade de papéis e desempenhos memoráveis e, já agora, que também não deixe de andar de moto e de participar em filmes com a presença de duas rodas, como “Famel Top Secret”, sequela de “A última Famel” e onde até contracena com a filha!
Para a semana contamos apresentar mais alguém do mundo do espetáculo com uma estreita ligação às motos. Quem será?