Teste Voge 300 AC – Vicio saudável
Não é de hoje que reconheço que as 300 cc, principalmente as scooter, são das minhas cilindradas favoritas para enfrentar o quotidiano na cidade. Nas motos manuais, confesso que há cilindradas mais interessantes. Com a Voge 300 AC viajei no tempo e ao vício saudável que era rolar a tarde toda pela cidade, sem pensar em mais nada, quando era mais jovem.
Por Domingos Janeiro
Fotos Paulo Calisto
Uma das grandes responsáveis pela afirmação da VOGE entre o segmento das 300 cc acabou por ser a Rally, que tem vindo a demonstrar grande potencial neste segmento de iniciação, ou, por outro lado, num segmento em que o peso e dimensões dos modelos são tão acessíveis que ganhamos à vontade imediato. Muitas marcas contam com esta cilindrada nas suas gamas e a marca premium da Loncin tem apostado muito neste segmento, através de diversos modelos, tendo feito evoluir, recentemente a cilindrada para os 350 cc, modelos que em breve começarão a chegar ao nosso mercado. É, portanto, um teste algo tardio, já que vai coincidir com a chegada das novas versões. Facto esse que não será necessariamente mau, já que isto pode ser uma excelente oportunidade para os nossos leitores comprarem uma AC com mais vantagens e até em termos de marketing da própria marca, que pode capitalizar as vendas da “neo retro” 300.
Imagem, mas não só
A imagem é o que primeiro nos salta à vista e neste capítulo, diga-se a bem da verdade, os homens da Loncin não têm dado tréguas, apresentando modelos que encaixam na perfeição nos gostos e tendências dos europeus.
Esta “neo retro”, como a VOGE a apelida, não só é uma das 300 cc mais bonitas da gama asiática como é também uma das mais bonitas do mercado, dentro da cilindrada, como é óbvio. E não é preciso inventar muito, até porque a base estética é muito semelhante à irmã maior 500 AC.
Elegante, simples, com bons acabamentos, bons componentes, iluminação em LED e um motor que encaixa nos 170 kg de peso a cheio de forma alegre e enérgicaNota-se que o design foi pensado para o mercado europeu, com a ótica dianteira em LED a desempenhar um papel preponderante para a estética do conjunto. Depois temos diversos pormenores que fazem a diferença como o quadro em treliça com motor portante ou o escape bem dimensionado colocado por baixo, na lateral direita.
Nota-se que o design foi pensado para o mercado europeu, com a ótica dianteira em LED a desempenhar um papel preponderante para a estética do conjunto. Depois temos diversos pormenores que fazem a diferença como o quadro em treliça com motor portante ou o escape bem dimensionado colocado por baixo, na lateral direita.
Ciclística
A par da elegância das linhas, destacam-se as dimensões contidas, com a traseira curta e o suporte dos piscas e matrícula colocado junto ao braço oscilante, ao melhor estilo “roadster”.
Na frente, temos instalada uma forquilha invertida de 35 mm, sem ajustes e atrás, um monoamortecedor com ajuste na pré-carga da mola. Já a travagem brinda-nos com dois discos de 300 mm com pinças de dois pistões na frente e um disco de 220 mm atrás, com pinça de um pistão e ABS.
Lembram-se de vos falar do aspeto compacto? Pois bem, para utilizadores de maior estatura, é possível que se sintam um pouco “acanhados”, pois o assento não nos deixa recuar muito, já que este vosso escriba, com apenas 1,69 cm de altura chegou a sentir essa limitação, principalmente quando procurou baixar-se mais para se proteger do vento. Nada de mais.
Nada de mais são também as vibrações, que se fazem sentir por todo o conjunto, mas que não chegam a causar incómodo. Acima dos 120 km/h tornam-se mais evidentes. Postura de condução direita, natural e descontraída, faz sobressair um conjunto dinâmico, muito ágil e rápido, quer na cidade como nos percursos extra-urbanos.
A ligar-nos ao asfalto estão os pneus asiáticos Cordial que à semelhança de tantos outros modelos com esta proveniência, mostram-se eficientes a seco, mas com piso húmido já exigem outros cuidados. Ainda assim, como vos disse, a seco apresentam-se confiáveis até aos seus limites. O passageiro tem espaço suficiente mas não tem pegas para sua segurança. Regresso agora aos acabamentos para mencionar as aplicações metálicas e cinzentas espalhadas pelo conjunto e que conferem à 300 AC uma imagem cuidada e distinta, como por exemplo na carenagem que protege o coletor/cárter.
Conclusão
As sensações que a 300 AC nos transmite fazem-nos recuar à nossa juventude onde tínhamos as pequenas 2T com ciclísticas muito divertidas. Neste caso, temos um motor de um cilindro a 4T, refrigerado por líquido com 292 cc, 28,5 cv às 8500 rpm e 23 Nm às 6500 rpm, integrado num conjunto que no total não supera os 170 kg em ordem de marcha.
Na prática, em conjunto com as dimensões contidas (apenas 1360 mm de distância entre eixos) e uma sonoridade forte e encorpada do silenciador temos uma moto capaz de nos oferecer grandes doses de diversão, que queremos prolongar por mais e mais quilómetros. Por nós, era “queimar” gasolina a tarde toda na cidade, a passear.
O motor é outra das suas “armas secretas”, capaz de nos transmitir muita alegria e boas energias, acompanhado por um “borbulhar” do som que nos deixa com um sorriso rasgado no rosto.
O binário é forte na faixa de rotação mais baixa e em poucos metros vamos na sexta velocidade, mas quando aceleramos, começa a sair lentamente até ultrapassar as 7000 rpm onde volta a ganhar nova alegria e a esticar de forma progressiva até acima dos 140 km/h. Mais que suficiente atendendo à ausência de proteção aerodinâmica. A reduzida altura ao solo de apenas 790 mm torna-a acessível a todos! A suspensão funciona de forma tão equilibrada quanto a travagem!
Os argumentos não ficam por aqui, já que a par dos cinco anos de garantia temos um preço final muito acessível e um consumo que aponta, facilmente, abaixo dos 3,5 litros. A Voge 300 AC está disponível em duas cores, preto e verde e com cinco anos de garantia.
FICHA TÉCNICA
VOGE 300 AC
Motor Um cilindro, refrigerado por líquido
Distribuição DOHC, 4 válvulas por cilindro
Cilindrada 292 cc
Potência 28,5 cv / 8500 rpm
Binário 23 Nm / 6500 rpm
Embraiagem Multi-disco em banho de óleo
Transmissão 6 velocidades
Quadro Treliça em tubos de aço
Suspensão dianteira Forquilha invertida, 35 mm, 100 mm de curso
Suspensão traseira Amortecedor, ajustável na pré-carga da mola
Travão dianteiro Dois discos 300 mm, pinças dois pistões, ABS
Travão traseiro Disco 220 mm, pinça de pistão simples, ABS
Pneu dianteiro 110/70-17”
Pneu traseiro 150/60-17”
Dist. entre eixos 1360 mm
Altura do assento 790 mm
Peso 170 kg (em ordem de marcha)
Depósito 15 L.
Cores Preto e verde
Garantia 5 anos
Importador Onetrón Motos, S.L.U.
PVP 4.095 €