Design, personalidade, estilo, ADN desportivo… Pronunciar o apelido Monster é reforçar a evolução do segmento naked nas últimas três décadas. O modelo com maior longevidade e vendido na história da Ducati continua mais forte que nunca, demonstrando que as coisas quando são bem feitas, perduram. Desempenho, eficácia, máxima leveza e bons acabamentos, para nos divertirmos como nunca sobre uma das Monster mais belas e melhores da história da Ducati.
Por Jesse Mach
Fotos Israel Gardyn

A Ducati Monster é como a Coca-Cola: toda a gente a conhece. O grande legado do argentino Miguel Galluzzi, transformou-se num ícone desde o seu nascimento, um modelo imprescindível na história da moto no geral e na história da marca em particular. O Salão Internacional da Moto IFMA (atual INTERMOT) na Colónia, Alemanha de 1992 marcou um ponto de viragem na história da Ducati, convertendo-se no modelo mais vendido da marca. Entre as novidades presentes naquele stand oficial da marca vermelha, destacava-se um protótipo denominado Monster 900, uma moto com estilo “Frankenstein” concebida através da conjugação sábia de vários componentes de outros modelos existentes no catálogo (quadro multi-tubular de aço da Ducati 851, motor Ducati 900 SS de duas válvulas de ar com 904 cc e forquilha da 750 SS). Um conjunto depósito-traseira de nova geração e farol dianteiro redondo, davam-lhe uma personalidade muito forte e marcante que apaixonou as gerações da década seguinte: estilo de vida em estado puro.

A Monster 900 da Ducati rompeu padrões e conceitos, como por exemplo a Ducati 900 SD Darmah ou a Ducati 860 GT. Acabava de nascer o segmento naked desportivo moderno. Estilo minimalista e, essencialmente desportivo, aplicado a uma moto desenhada pelas linhas de Minguel Ángel Galuzzi, apadrinhado pelo engenheiro Massimo Bordi e sob controlo dos mecenas das duas rodas, os irmãos Castiglioni (fundadores da Cagiva). Mas, de onde vem o nome? O apelido Monster era, na verdade, a denominação provisória com a qual a equipa de design se referia internamente ao projecto. Não era o definitivo, mas acabou por ficar e com grande sucesso. O nome foi inspirado nuns bonecos (Monster in my pocket) com os quais brincava o filho do designer… assim, tão simples. Personalidade, distinção e carácter com múltiplas versões e mais de 400 000 unidades produzidas nos últimos 30 anos, atestam o sucesso deste icónico modelo.

Cada geração (1993-2007, 2008-2014 e 2014-2020 e um restyling em 2018) foi sendo melhorada face à anterior. Em 2021 chegou-nos a quarta geração, mais desportiva que nunca, que se manteve sem grandes alterações desde então, apenas com alterações ao nível das cores. Comercializada atualmente em cinco versões (três base e duas especiais), é um “trampolim” perfeito para quem pretende dar o salto para a Streetfighter V2, passando pela Scrambler 1000 Sport Pro. Pelo posicionamento e personalidade, as principais rivais da Monster são a Aprilia Tuono 660 Factory, BMW F 900 R, Kawasaki Z900, KTM 990 Duke, MV Agusta Brutale 800 R, Triumph Street Triple R e a Yamaha MT-09.

PRECISÃO MINIMALISTA
A Ducati Monster equipa o equilibrado motor bicilindrico Testastretta 11º de 937 cc com cilindros de quatro válvulas e refrigeração líquida, já conhecido nas Multistrada V2, DesertX, Hypermotard 950 e Supersport 950, se bem que a eletrónica foi convenientemente retocada para se adaptar aos novos requisitos Euro 5. Assim, a Ducati declara 111 cv às 9250 rpm e 93 Nm às 6500 rpm, recorre a corpos de injecção de 53 mm, mantém o característico sistema Desmodrómico e inclui embraiagem hidráulica deslizante e assistida da Brembo. Como curiosidade, o bloco é 2,6 kg mais leve que na antiga 821.

O conjunto eletrónico de série bebe a sua experiência na competição e inclui o acelerador Ride by Wire, triplo modo de condução (Urban, Touring e Sport), plataforma inercial IMU Bosch (6 eixos), ABS em curva (3 níveis, desconectável na roda traseira), controlo de tração em curva (8 níveis, desconectável), controlo anti-cavalinho (4 níveis, desconectável) e arranque assistido (3 níveis) para maximizar a tração nos arranques a fundo, desde parado. Também importa destacar a instrumentação TFT a cores, com ecrã de 4,3”, caixa com quickshift bi-direcional e iluminação LED. Sem dúvida, um dos seus pontos fortes é o quadro, pois desde há três gerações que abandonou o clássico tubos de aço para montar um monocoque de alumínio com motor portante, que pesa apenas 3 kg, ao estilo do usado na Ducati Panigale V4 (4,5 kg menos em comparação com o antigo de tubos de aço). O sub-quadro mantém a configuração clássica que encontramos nalguns modelos off road, que é como quem diz, uma resistente peça fabricada em polímero reforçado com fibra de vidro (-1,9 kg), acompanhado por um braço oscilante mais estreito (-1,6 kg) e jantes de liga leve (-1,7 kg). Graças a tudo isto, a Ducati declara um peso a cheio de menos 18 kg face à anterior geração, ou seja, 188 kg com os 14 litros do depósito de combustível incluídos.

A parte ciclística completa-se através da utilização da forquilha invertida de 43 mm (sem regulação) e monoamortecedor traseiro sem bielas (ajustável na pré-carga da mola). Guiador de alumínio, pinças de travão dianteiras radiais Brembo monobloco M4.32, bombas de embraiagem/travão radiais com depósito independente, pneus Pirelli Diablo Rosso III, piscas com auto-cancelamento e tomada de corrente USB, também fazem parte do equipamento de série.
PESO PLUMA
A acessibilidade à Monster é muito fácil pois falamos de uma moto naked pequena, compacta e estreita, ideal para todas as estaturas. Utilizar um quadro extremamente compacto em conjunto com a configuração bicilíndrica em L do motor, oferece-nos uma moto com grandes níveis de diversão, mas que nos transmite muita segurança e confiança, muito por culpa do assento com arco de pernas estreito e dos acessíveis 820 mm de altura ao solo (existe um opcional que permite baixar a altura para os 800 mm e, se ainda assim for pouco, há um kit de suspensão rebaixada que deixa o assento a 775 mm do solo).

Por outro lado, o raio de viragem da direção está agora mais alargado, 7º, um pormenor que faz grande diferença e que a faz destacar face a outras naked desportivas, que facilita muito as manobras desta que é uma moto muito válida para utilização urbana. Em andamento, a sua esbelta silhueta combina com uma leveza incrível. Agilidade, precisão, rápidas e imediatas mudanças de direção… com esta Monster, os níveis de diversão são tão altos que nos sentimos umas autênticas crianças. A forquilha dianteira sem ajuste é um dos pontos que pode ser melhorado numa próxima atualização, principalmente quando rolamos rápido em estradas mais reviradas, com um amortecedor pouco firme quando rodamos a dois. Um amortecedor traseiro com bielas daria maior progressividade e conforto em andamento.

Cada modo de condução (selecionável a partir do botão MODE colocado no interruptor dos piscas) altera a personalidade da moto, alterando automaticamente o nível de intervenção (quanto mais alto é o número, mais intrusivo é o funcionamento) das ajudas eletrónicas (DTC, ABS, DWC) e a entrega de potência do motor (mais direta ou progressiva). Se os 75 cv do modo Urban são ideais para minimizar consumos na cidade ou com condições mais delicadas do asfalto, já o modo Touring e Sport são mais indicados para uma utilização mais desportiva e viciante. O consumo, durante o nosso teste, fixou-se nos 6,1 litros, que se traduz numa autonomia entre os 200-250 km, dependendo do uso que fazes do punho direito. O sistema quick shift de série (configurável) funciona muito bem, uma ajuda que torna a nossa vida mais fácil e enriquece a experiência desportiva, levando-nos a esquecer da manete da embraiagem nas passagem de caixa, seja para subir de mudança como para reduzir. A travagem é mais que suficiente, com bom tacto e potente (temos a possibilidade de desligar o ABS na roda traseira, permitindo bloquear em travagem, se formos fãs do estilo supermotard).
A Monster custa 13 009€ (13 498€ a versão Plus com tampa do assento traseiro e embelezador da instrumentação e 16 041€ a SP) e está disponível em três opções de cor: vermelho com jantes pretas, cinzento com jantes vermelhas e branca com jantes pretas (utilizada no nosso teste).
CONCLUSÃO
A Ducati Monster de 2024 está mais desportiva que nunca, repleta de tecnologia e o seu desempenho em condução desportiva é notável. Também está disponível uma versão para carta A2, com 35 kW. Como boa Ducati que é, conta com um enorme portefólio de acessórios (como pacotes pré-definidos, componentes em carbono, escapes, sistemas de bagagem, etc.) e componentes de personalização como kits de autocolantes, por exemplo!
ficha técnica
DUCATI MONSTER
Motor Bicilíndrico em L, DOHC, 8v, refrig. líquida
Cilindrada 937 cc
Potência máx. 111 cv às 9250 rpm
Binário máx. 93 Nm às 6500 rpm
Limitável a A2 Sim
Caixa 6 velocidades
Velocidade máxima +200 km/h
Quadro Monocoque de alumínio
Suspensão dianteira Forquilha invertida 43 mm, curso 130 mm
Suspensão traseira Monoamortecedor sem bielas, curso 140 mm
Travão dianteiro Dois discos de 320 mm com pinças radiais Brembo M4.32
Travão traseiro Disco de 245 mm com pinça de dois pistões
Pneu dianteiro 120/70 ZR17 Pirelli Diablo Rosso III
Pneu traseiro 180/55 ZR17 Pirelli Diablo Rosso III
Distância entre eixos 1.474 mm
Altura assento 820 mm
Peso declarado 188 kg (a cheio)
Capacidade depósito 14 litros
Consumo 5,2 l./100 km
PVP 13.009 €