As nossas sugestões
O Rufino já tem mais ou menos definido o estilo de motos com o qual se identifica, o uso que quer dar à moto e o orçamento que prevê gastar na aquisição da sua futura moto. Estes três elementos são fundamentais para o ajudar na escolha, sendo que a decisão final não tem de ser necessariamente racional. Afinal de contas, as motos têm muito de emocional e ainda bem.
Começando pela Africa Twin, a versão de 2024 vem com alterações significativas, nomeadamente em termos de incremento do binário do motor e está mesmo a chegar, mas a modificação que mais lhe podia agradar é apenas na versão Adventure Sports: roda dianteira mais pequena (19 polegadas) e suspensões de menor curso dão-lhe uma vocação mais asfáltica. O problema é que já fica bastante acima do orçamento que definiu.
A Suzuki V-Strom 1050 é um valor seguro e uma vez que pretende sair do asfalto, mesmo em modo soft, a versão DE faz todo o sentido. O seu motor bicilíndrico é cheio de caráter e de uma fiabilidade a toda a prova. Se uma unidade zero quilómetros estiver para além do valor que pretende gastar pode comprar uma recente que caiba no seu orçamento e até já com alguns extras.
Uma moto que talvez ainda não lhe tenha ocorrido é a Triumph Tiger 900. Na versão Rally Pro fica com a versão mais off-road, mas mesmo na GT (Pro) tem uma ótima opção, mais estradista, a que não é alheio o encanto do motor de três cilindros. A versão de 2024 vem com mais potência e binário, mas se fugir ao orçamento pode sempre pensar num modelo de 2023 que não vai ficar desiludido.
Se quiser ponderar outra moto também diferente, cheia de charme e com caraterísticas que a tornam mais exclusiva, como a transmissão por veio, pode sempre ponderar a Moto Guzzi V85 TT. Os valores de potência de 76 cv às 7.500 rpm e um binário de 82 Nm às 5.000 rpm não são estratosféricos, mas é uma proposta diferente e que cabe perfeitamente no seu orçamento, podendo até optar pela versão Travel, já com malas, sem ter de partir o porquinho mealheiro.
Quanto à CFMoto 800 MT Explore é uma proposta altamente racional e tem que a testar antes de tomar uma decisão. Cabe no seu orçamento, tem logo de série equipamento que faz corar de inveja motos muito mais caras, caso do radar traseiro. O motor de 95 cv às 9.250 rpm e um binário de 75 Nm às 8.000 rpm também não vão defraudar, mas podem parecer insuficientes.
Ou seja, em termos práticos, as concorrentes mais diretas da Honda e da Suzuki são, respetivamente, a Honda Transalp 800 e a Suzuki VStrom 800, nomeadamente em termos de potência e, sobretudo binário, algo que valorizamos muito em viagens e com a moto carregada.
A CFMoto, sobretudo em termos de binário, não rivaliza com a V-Strom 1050 que oferece 100 Nm logo às 6.000 rpm, nem com a Africa Twin 1100 que disponibiliza 105 Nm às 6.250 rpm. Estes motores dão razão à máxima “there is no replacement for displacement”, ou seja, nada substitui a cilindrada.
Tem mesmo de testar a CFMoto para perceber se o motor cumpre com as suas expetativas, mas tem de ter que claro que não lhe vai oferecer a mesma resposta que lhe podem dar motores com mais 200 ou 300 cc, nomeadamente em rotações mais baixas ou quando usar a moto com carga ou passageiro.
Outra possibilidade pode ser a novíssima Voge 900 DSX, a “irmã gémea” da BMW F900GS. Cabe perfeitamente no seu orçamento, mesmo já com acessórios como as malas e os valores de potência e binário, respetivamente 95 cv às 8.250 rpm e 95 Nm às 6.250 rpm, são bastante interessantes, sobretudo este último, até mesmo em comparação com o da CFMoto 800 MT Explore.
Para terminar, ainda uma outra possibilidade pode ser a KTM 890 Adventure, na versão normal, sucessora espiritual da KTM 790 Adventure, doadora do motor da CFMoto 800 MT. A KTM 890, graças aos seus mais cerca de 100 cc tem um motor mais cheio em toda a gama de rotações: 105 cv às 8.000 rpm e um binário de 100 Nm às 6.500 rpm. O preço em novo é que pode estar ligeiramente acima do seu orçamento, mas existe sempre a opção de comprar um exemplar recente.
Resumindo, é fundamental fazer um teste alargado à CFMoto 800 MT para melhor decidir. É importante que o faça nas condições mais aproximadas do uso real que vai dar à moto, por exemplo, com passageiro. Se for esta a sua escolha, talvez até ainda vá a tempo de aproveitar a campanha da marca nos seus 35 anos e que pode representar uma poupança importante para si.
Está quase a chegar a primavera. Faça a sua escolha e parta à aventura. Se não quiser ir já aos Picos da Europa (evite meses de julho e agosto), pode começar por fazer a Nacional 2, uma das estradas mais belas de Portugal, que não se vai arrepender.