Alguns comentários
Fazer o “trabalho de casa” é uma boa ajuda para tomar uma decisão o mais acertada possível, embora não há como negar que a compra de uma moto tem uma forte componente emocional e nem sempre obedece à razão e ainda bem que assim é!
As duas motos por si escolhidas para a “finalíssima” acabam por ter bastante em comum, até nas marcas: ambas europeias, ambas já centenárias e com um vasto palmarés que com estes modelos trail pretendem honrar.
Começando pela “tigresa de Inglaterra” não há como negar que é uma moto bem-nascida, que este ano subiu a fasquia, com um posicionamento ainda mais premium e, no caso da GT PRO, com uma dotação de equipamento que faz corar de inveja outras motos similares, incluindo a Stelvio.
Ainda que as suas especificações técnicas, em termos de motor, possam ser um pouco inferiores à oferta da moto italiana, que vai buscar o seu nome ao célebre passo nos Alpes Italianos, o menor peso pode fazer uma grande diferença: a Stelvio, do seu motor transversal de 1042cc consegue extrair 115 cv às 8.700 rpm e um binário de 105 Nm às 6.750. A Tiger, do seu tricilíndrico de 888 cc retira 108 cv às 9.500 rpm e um binário de 90 Nm às 6.850 rpm.
Ora a Stelvio pesa, a cheio, cerca de 246 (depósito de 21 litros) e a Tiger 222 kg (depósito de 20 litros). Esta diferença faz-se sentir na condução e mesmo em termos da relação peso/potência as coisas acabam por ficar bastante equilibradas: a Tiger tem uma relação de 2,05 kg/cv e na Stelvio é de 2,13 kg/cv, sendo que o binário da Stelvio acaba por ser bastante superior e isso sente-se positivamente na condução.
A Stelvio, de origem, vem com menos equipamento, faltando coisas básicas como o quick shifter, os punhos aquecidos ou descanso central, mas tem, por exemplo, a vantagem da transmissão final por cardã e a possibilidade, ainda que a um custo adicional, de poder vir equipada com mais tecnologia de segurança: o radar PFF (Piaggio Fast Forward), que inclui radar dianteiro e traseiro e ainda a deteção do ângulo morto. Segurança nunca é demais!
Este vídeo, do nosso colaborador Domingos Janeiro é obrigatório sobre a Stelvio:
Ou seja, são concorrentes diretas, a sua dúvida é a prova disso e acabam por se complementar uma à outra, o que acaba por tornar a sua escolha ainda mais delicada, até porque comprar uma moto, até pelos custos envolvidos, não é como comprar uma camisa ou umas calças.
Qual das duas comprar?
Chegados aqui, não sabemos se conseguimos ajudar ou se a nossa apreciação, mais ou menos técnica, ainda lhe complica mais a escolha.
É bem provável que pondere fazer um novo test ride, ver as questões de natureza estética, o eventual valor de retoma caso tenha moto para venda ou as condições de crédito, caso se aplique ao seu caso. Pode até tentar fazer um derradeiro forcing junto das duas marcas, tentando negociar, por exemplo, algum equipamento.
Ambas as motos são fáceis de conduzir, muito equilibradas, têm materiais de qualidade, bons acabamentos e nenhuma o vai desiludir, o que não invalida que, mais tarde, não venha a pensar se não deveria era ter adquirido a outra, mas é um risco com o qual tem de conviver.
Não lhe querendo complicar ainda mais a escolha, numa lógica de alargar os seus horizontes, sugerimos que vá ainda, se possível, experimentar a Ducati Multistrada V2 950. A versão S é provável que fuja ao seu orçamento, mas a versão normal, mesmo com alguns extras, vai permitir optar por mais uma proposta italiana de uma moto que encarna na perfeição a trail de tipo mais urbano e estradista, com um motor cheio de caráter e um comportamento mais desportivo.
Resumindo, não tem uma escolha fácil à sua frente, mas qualquer que seja a eleita é certo que vão passar juntos belos momentos.