Alguns comentários
Como a maior parte de nós não é rica e o dinheiro custa a ganhar, faz todo o sentido que haja critérios também na forma como é gasto, mesmo sabendo que a moto tem sempre uma forte componente emocional e não apenas racional.
Quando o Jorge nos contatou ainda em junho e referiu as suas dúvidas, já tinha feito o trabalho de casa, reduzindo o leque de possíveis escolhas de quatro para duas motos, pelo que uma parte do trabalho já estava feito e faltava “apenas” fazer a escolha final.
Ambas as motos que chegaram à “finalíssima” têm muito em comum, sendo ambas de perfil trail, mas mais vocacionadas para o asfalto, equipadas com motores potentes, mas fáceis de explorar e uma boa dotação de equipamento, sendo que no caso da Tiger GT Pro a oferta de equipamento de série é superior à da Moto Guzzi Stelvio, embora esta tenha alguns atributos que a distingam.
A Stelvio vem equipada com o primeiro motor de refrigeração líquida da marca, sem abdicar da tradicional arquitetura transversal que a carateriza. Dos seus 1042cc consegue extrair 115 cv às 8.700 rpm e um binário de 105 Nm às 6.750 rpm. Ter uma transmissão final por veio é algo que a torna praticamente única no segmento e que é um elemento importante de conforto, ainda que represente um peso e custo acrescido.
Tem também outros elementos distintivos, caso do ecrã dianteiro regulável eletricamente e de poder vir equipada com o sistema PFF Rider Assistance Solution que aumenta o nível de segurança na condução, graças a mais ajudas eletrónicas.
Derivada à sua própria arquitetura de motor efetivamente existe mais alguma vibração, mas para a maioria das pessoas não chega a ser incomodativa. Como referiu também, tem um peso superior em quase 20 kg o que pode ou não sentir-se, dependendo de cada um. Se tivesse sido esta a sua escolha… fazia sentido levá-la a Itália para percorrer as magníficas 48 curvas da montanha Stelvio.
Ao ter optado pela Tiger 900 GT Pro adquiriu a versão mais recente de um nome muito importante para a marca. A designação Tiger foi usada pela Triumph logo em 1939, considerando a T100, em que o T era exatamente a abreviatura de Tiger. Daí para a frente tem sido usado em várias modelos, sempre para referir motos especiais na marca e que têm capacidades para circular no asfalto, mas também fora dele, ainda que com algumas limitações. Aliás, se fosse para uma utilização mais fora de estrada, tinha feito sentido optar pela versão Rally.
Pode aproveitar para ir fazer uma visita a Inglaterra, talvez até a Hinckley, mas mesmo que não faça a sua Tiger 900 GT Pro reúne os requisitos para ser uma boa companheira e as atualizações cirúrgicas que recebeu em 2024, incluindo mais alguma potência e binário, fazem dela uma ótima opção.
Notas finais
Certamente que já olhou para o Manual de Utilizador, algo que todos devem fazer na compra de um veículo novo e o comercial, aquando da entrega, também lhe transmitiu algumas recomendações para a rodagem: atenção aos pneus que trazem alguma goma, ao sistema de travagem que ainda não vem a funcionar a 100%, não andar com o motor sempre no mesmo regime, qual o limite de rotação a respeitar…
Aceite e leve estas indicações a sério. Vão ser muito importantes não apenas nos primeiros quilómetros, mas também na vida futura da sua moto, a médio e longo prazo. Apesar do que lhe possam dizer em contrário, nomeadamente sobre os motores, hipoteticamente, serem previamente rodados e que pode usar todo o potencial dos mesmo assim que tiver a moto… não o faça!
Ninguém melhor que quem projetou, desenhou e produziu a sua moto a conhece e tem mais interesse em que ela o sirva de forma satisfatória e durante muitos e bons anos.