Alguns comentários
A aquisição de uma nova moto é um processo diferente para cada um de nós. Assim como há pessoas que conseguem decidir no momento, fechar negócio e já está, há outro que são completamente o oposto, testam várias motos, acabam por ler a imprensa especializada, caso da sua revista MOTOS e site, vídeos, comparativos e tudo o mais para amadurecer a decisão.
Não há aqui certo ou errado, há apenas a dimensão segundo a qual a aquisição da moto, seja muito ou pouco racional, sirva os interesses e vontades do seu comprador e vá ao encontro do seu gosto pessoal.
Focando-nos agora na VStrom 800, versão base propriamente dita, a Suzuki tinha uma tarefa muito espinhosa em mãos. A “intemporal” VStrom 650, que ainda hoje se comercializa, teve uma extensa vida, pautada por algumas atualizações, mas a sua génese pouco mudou em cerca de duas décadas e, em abono da verdade, já era necessário para não se distanciar demasiado da concorrência e assim perder muitos clientes.
A geração anterior sempre se caraterizou por ser uma moto fácil de conduzir e divertida, a que não era alheio um bicilíndrico em V a 90°, com 645 cc, cheio de caráter e de uma fiabilidade a toda a prova. Marcou e marca positivamente muitos motociclistas por esse mundo fora que a apreciam imenso.
A Suzuki é conhecida por ser uma marca bastante conservadora, mas quando lança novos modelos costuma acertar e desta vez não foi diferente. Partindo agora de um motor bicilíndrico paralelo (mais barato e simples de construir) de 776 cc, capaz de debitar na Vstrom 800 uns contundentes 83 cv às 8000 rpm e um binário de 78 Nm às 6800 rpm o mesmo foi aproveitado para vários modelos e com sucesso, como mostra a vitória nos Alpen Masters em que a versão DE venceu na categoria aventura em 2023.
O mesmo motor está na base dos modelos VStrom 800 base, como o que o João adquiriu, na versão mais off-road DE, na estradista naked GSX-8S e na mais desportiva GSX-8R. ou seja, um bloco capaz de se adequar a diferentes estilos de moto, sempre com um comportamento honesto, uma subida de rotação sem hesitações e consumos contidos, desde que não se abuse muito do punho direito.
Por outro lado, a versão base tem uma altura ao solo de 185 mm e o assento está a 825 mm do chão, o que significa que não é uma moto muito alta e mesmo o comportamento em estrada acaba por ser beneficiado por uma conjugação mais “estradista” de rodas de 19 polegadas à frente e 17 polegadas atrás.
Notas finais
A sua nova Vstrom 800 é uma moto muito equilibrada, tem uma boa posição de condução, vem com várias tecnologias como o quick shifter a iluminação led, travagem dianteira radial, ecrã a cores, entre outros, que fazem dela uma proposta do século XXI, mas com um preço relativamente contido e certamente, a solo ou em duo, é uma moto que lhe vai trazer muitas alegrias.
Claro que se o seu objetivo passasse por um fora de estrada mais agressivo a irmã gémea DE seria a escolha mais adequada. Não sendo o caso, esta opção faz todo o sentido e com a montagem de alguns acessórios, caso de uns punhos aquecidos e umas malas laterais, pode ser uma excelente companheira para viagens mais longas, até porque o depósito tem capacidade para 20 litros e peso em ordem de marcha é de 223 kg.
Obrigado por ter partilhado a sua experiência. Esperamos que possa ajudar outros leitores.