Alguns comentários
O Jorge tem uma decisão difícil entre mãos. Para complicar, ainda mais, corre sempre o risco de comprar um modelo e depois, quando vê o outro, olhar para ele e pensar para com os seus botões se não terá feito a escolha errada!
Como se não bastasse, tem um perfil de utilização em que as duas motos cumprem perfeitamente, são bastante equivalentes e como tem boas experiências passadas faz todo o sentido que o seu leque de escolha se resuma a essas duas, embora existam muitas alternativas!
Chegaram ao mercado mais ou menos na mesma altura e logo nessa altura avisámos que seria um grande embate de duas trail de média cilindrada que vinham agitar o mercado, constituindo-se como duas ótimas escolhas
O facto de já ter conduzido ambas deu para perceber que existem algumas diferenças, por exemplo ao nível do peso ou do equipamento de série, mas mesmo essas podem não ser suficientes para o ajudar na escolha que se afigura como bastante complexa.
Há uma expressão em língua inglesa, que se adequa perfeitamente à sua situação e da qual faço uma tradução mais ou menos livre “não vai ficar mal servido com nenhuma delas”!
Ou seja, qualquer que seja a sua escolha, a moto que vier para a sua garagem não vai desiludir e vai ser um belo upgrade face à sua moto atual, pela tecnologia, pelo conforto, pela performance do motor e até por questões estéticas que podem ajudar muito na decisão final.
Olhando um pouco para as respetivas especificações técnicas (o quadro apresentado não está completamente atualizado na questão dos preços), percebe-se que, por exemplo, ao nível do motor a Transalp debita mais potência ainda que a um regime mais elevado: 92 cv às 9.500 rpm face aos 83 cv às 8.500 rpm na Suzuki.
Já ao nível do binário a situação altera-se: a VStrom tem mais binário, 78 nm, e mais cedo, 6.800 rpm, face à Transalp com 75 nm às 7.250 rpm.
Ou seja, os motores, ainda que de arquitetura similar (bicilíndrico em linha, com cambota desfasada, embora o Honda seja Unicam e o da Suzuki twin cam) acabam por ter um comportamento ligeiramente diferente. A pergunta é: com qual se identifica mais?
Também ao nível do peso, de série, separam-nas cerca de 20 kg. Porém, a Suzuki tem mais equipamento de série, caso do quick-shifter, e um depósito de gasolina com mais capacidade, cerca de três litros.
Também o preço base é favorável à Honda: o seu pvp começa nos 10.700€ e está disponível em três cores e tem havido campanhas em vigor, caso da oferta da documentação e extensão da garantia por mais dois anos. Nada como contatar os concessionários.
Já a Vstrom DE (esqueçamos a versão normal, que não lhe interessa), também disponível em três cores, começa nos 11.499€, mas tinha até ao final do mês de abril uma campanha em que podia ser adquirida por 10.699€ e com um pack, no valor de 545€, composto por crashbar, proteção de motor, proteção de radiador, proteção de bomba de travão e base do descanso. Será que vale a pena saber junto dos concessionários se esta promoção ainda está disponível? É uma oferta interessante.
A Honda tem vários packs de equipamento disponíveis: Adventure, Comfort, Touring… que vão permitir tornar a moto ainda mais completa e apetecível, mas naturalmente que vão ter reflexo direto no preço final e até no peso da moto. Também existe um vasto leque de extras para a VStrom, o que a torna mais à medida dos gostos de cada um.
Mesmo os consumos são bastante equiparados e ambas as marcas têm uma oferta diversificada de concessões pelo país fora, incluindo ilhas, pelo que a questão dos custos de utilização também não vai ser determinante na escolha.
E a vencedora é…
Em bom rigor, são as duas! Não é possível encontrar uma vencedora clara, sendo que ambas se destacam e é também por isso que são adversárias diretas e a sua escolha se está a revelar tão difícil.
Talvez que se possa afirmar que a Transalp possa brilhar um pouco mais numa utilização mais estradista, graças ao seu motor mais potente, ao facto de ser mais leve e de ter uma posição de condução muito confortável.
Já a Vstrom acaba por brilhar um pouco mais fora do asfalto, graças às suspensões reguláveis e com mais curso ou ao facto de o binário máximo surgir mais cedo, além de já vir equipada de origem também com proteção de mãos e de cárter, ainda que este seja plástico.
Esteticamente ambas são agradáveis e pode haver quem prefira a Honda, que até foi premiada pela estética, mas também a Suzuki não desilude com uma estética menos consensual e o seu inconfundível “bico de pato”, que herda da saudosa DR Big.
Se desejar, depois da escolha feita, partilhe connosco por qual optou, com a certeza de que nenhuma destas motos o vai deixar ficar mal e vai, certamente, ser capaz de lhe dar muitas alegrias, pelo menos na próxima dúzia de anos, como aconteceu com as suas antecessoras.