Alguns comentários
A Categoria A2 abre todo um leque de possibilidades de escolha e é o degrau acima para quem começou por baixo, mas já ganhou confiança e competências para evoluir, como é o caso do Diogo.
Seja numa moto com restrição de potência (os tais 35 kW que são 48 cv, com uma relação peso/potência inferior a 0,2kW/kg, não derivados de uma versão com mais do dobro da sua potência máxima), seja numa moto em que esse valor não é atingido de origem, o leque de escolhas é tão abrangente que pode ser complexo escolher uma moto, sem ter de testar tantos modelos e marcas que o vão deixar exausto.
Por outro lado, as suas necessidades pessoais vão-se começando a alterar seja por razões profissionais ou de coração e isso também acaba por ter alguma influência na sua decisão. Aliás, sugerimos que veja a proposta que apresentámos ao Vasco numa crónica anterior.
A KTM Duke 390 era um upgrade interessante e até a podia comprar nova, pois cabe no seu orçamento. Seria uma sequência lógica, mas a questão do conforto e da falta de proteção contra os elementos acabam por a colocar de parte, tal como a KTM Duke 690, que teria de comprar obrigatoriamente usada, até porque a potência é bastante superior a 48 cv e a nova 790, equipada com um motor bicilíndrico também teria de ser categoria A2 e o problema do conforto mantém-se, além do preço.
Vamos deixar-lhe algumas sugestões, partindo dos modelos por si mencionados. Os primeiros não estão limitados de origem, nem precisam, e são duas derivações distintas do mesmo modelo, mas podem “saber a pouco”.
A CFMoto 450 MT, por si indicada, é uma novidade no mercado e tem feito furor. Tem um bicilíndrico com 449 cc, debita 42 cv às 8000 rpm e um binário de 42 Nm às 6500. Pesa cerca de 190 kg a cheio, cabe perfeitamente no seu orçamento e oferece uma boa dose de conforto também para o passageiro e proteção aerodinâmica. As prestações e comportamento dinâmico podem ser algo limitadas, mas, em compensação, pode começar a explorar um pouco o fora de estrada.
Uma possível alternativa, partindo da mesma base, é a opção pela “irmã” CFMoto 450 SR. Esta já com superiores competências dinâmicas, um preço ligeiramente superior, mas ainda dentro do seu orçamento num exemplar zero km’s. Tem um conjunto de carenagens envolventes e a sua principal limitação será mesmo ao nível do conforto para passageiro.
Pensando agora em motos com mais de 500 cc (em que o valor de IUC também começa a ser mais elevado) o duo Yamaha MT 07/Tracer 7 pode ser aliciante, embora em nenhum dos casos seja possível comprar novo, se não for além dos 7000€, e terá sempre de ser numa versão limitada que, mais tarde quando tiver habilitação legal para tal, pode pedir para deslimitar.
A MT 07, versão naked e muito popular no nosso mercado custa a partir de 7450€ mais despesas e tem um bicilíndrico paralelo com 690 cc, debita os previstos 48 cv e tem um binário elevado. Quando a restrição da sua habilitação para conduzir for retirada, passa a debitar 73 cv às 8750 rpm e um binário de 67 Nm às 6500 rpm. A ausência de proteção aerodinâmica e o conforto algo reduzido, em particular para o passageiro, são as suas principais limitações.
Já a versão Tracer 7, sua irmã, tem competência superiores para viajar e um nível de conforto para condutor e passageiro elevados, tal como espaço para carga e até proteção aerodinâmica. O preço de venda, novo, é o seu principal obstáculo: cerca de 9450€, mais despesas e esta acaba por ser a sua principal limitação face ao que procura, pelo que também implica sempre comprar usado, se for a eleita.
A Honda CB 650R é uma proposta muito tentadora e a única moto do lote por si elencado com um motor de quatro cilindros, num total de 649 cc. Debita os 35 kW (limitada) às 12.000 rpm e um binário de 49 Nm às 9500 rpm, por um preço, nova, de 9100€, mais despesas. É um motor tetracilíndrico que gosta de se expressar mais nos médios e altos regimes. O conforto é aceitável para condutor e passageiro, mas, de origem, a ausência de proteção aerodinâmica vai sentir-se. Já pode vir equipada com o novo sistema e-clutch, que faz também o preço subir ainda mais.
Quanto à Honda CB750 Hornet, o seu conceito tem semelhanças com a CB 650R, mas vem equipada com um motor de dois cilindros paralelos com 755 cc, 35 kW às 5250 rpm e um binário de 74 Nm às 7000 rpm. Ou seja, mesmo limitada, percebe-se que é um motor que se mostra mais cedo e com menos rotação, fruto da própria arquitetura e maior cilindrada.
De destacar também que o seu preço de venda é mais baixo, cerca de 8030€, mais despesas, e isso é um ponto a favor, mas o IUC no escalão mais elevado (136,5€) por exceder os 750 cc é um ponto contra. Também aqui, de origem, a proteção aerodinâmica, sem extras, pode ser curta e o conforto para o passageiro apenas aceitável. Além disso, pesa cerca de 12 kg a menos, 190 kg, que a 650 R, o que a pode tornar mais ágil.
Por fim, uma proposta diferente: Triumph Tiger 660. O seu orçamento não dá para uma nova e tem de ser um modelo limitado para a poder conduzir (existe kit de conversão). De todo o lote de motos apresentado é a única com um motor de três cilindros. Oferece uma posição de condução relativamente cómoda, boa proteção aerodinâmica e a sua dinâmica, associada ao motor tricilíndrico cheio de caráter, fazem dela uma opção distinta. A altura do selim de 835 mm pode ser um impeditivo, mas nada como testar.
Notas finais
Se reparar bem, no conjunto de várias motos que apresentamos há a fusão de diferentes conceitos e tipos de moto. Foi deliberado e tem justamente a ver com a sua posição de indefinição entre motos mais ou menos desportivas, com maiores ou menores cedências ao conforto, com kits de restrição de potência de motor ou não, tendo presente também o seu orçamento.
Caso opte por uma moto usada, procure uma que tenha garantia o mais alargada possível, muito bom estado geral e se já vier com alguns extras que procura, ainda melhor!
Resumindo, tem uma escolha delicada, mas também desafiante pela frente. Comece já a testar diferentes motos, veja os valores que consegue pela sua Duke e, porque não, tente que a sua namorada vá consigo. A moto é, em primeiro lugar, para si, mas se ela vai, de vez em quando, andar consigo, então a opinião dela é mesmo muito importante!
Se desejar, mais tarde, partilhe conosco a que elegeu e como decorreu o processo de escolha.