E as motos?
Foi o próprio a contar que tudo começou muito cedo e o mérito pertenceu ao seu avô. Ainda hoje recorda com ternura quando ia para o Alentejo e o avô colocava a sua moto em funcionamento e levava o netinho a passar. Estaríamos algures na década de 70 e andar de moto ou “motoreta” com uma criança sentada em cima do depósito, com as mãos mais ou menos seguras ao guiador, era prática comum, ainda que muito perigosa. Eu próprio andei assim muitas vezes!
Foi assim uma paixão prematura que foi ficando com o passar dos anos, especialmente por motos de estilo mais clássico e purista, mas a verdade é que, por algum receio de acidentes, pressão profissional, o facto de serem quatro lá em casa ou qualquer outro motivo, Paulo Pires nunca chegou a ser um motociclista verdadeiramente intensivo, daqueles que acaba por usar a moto todos os dias da semana, ao contrário de muitos de nós.
Apesar de alguns sustos à mistura, que lhe foram servindo de aviso, a verdade é que as motos foram sempre fazendo parte da sua vida, chegando ao ponto de, em 2018, ter sido convidado para embaixador da marca britânica Triumph.
Grande fã da condução defensiva e de circular mais devagar, aproveitando a paisagem e todo o meio envolvente, Paulo Pires não é fã de grandes viagens, mas a descoberta por estradas nacionais é algo de que gosta imenso e com pequenos grupos ou mesmo com a mulher que, apesar de algum receio, anda com o marido, o que acaba por fortalecer a relação, até pela aproximação física entre o condutor e o passageiro.
Na prática, a moto acaba por ser mais usada durante a semana, até numa lógica da casa-trabalho, eventualmente até com uma das filhas como passageira, sendo que ao fim de semana, para poderem andar os quatro, o carro acaba por ser o veículo preferencial.
A ternura dos Quarenta
Nunca é tarde para se ter a primeira moto, mas no caso de Paulo Pires aconteceu até relativamente tarde, já a caminho dos 50 anos. Aquelas idades mais ou menos “problemáticas” em que, em especial os os homens, olham para a vida e fazem um balanço e desejam ter coisas que nunca tiveram, fazer outras que nunca fizeram, descobrir um novo amor e aí por diante.
Com o Paulo o desejo foi ter uma moto, sendo que a participação no filme de 2013 “Ein Sommer in Portugal” do realizador alemão Michael Keusch deu uma boa ajuda. Nesse filme Paulo Pires faz várias cenas a andar de moto e isso ajudou a despertar a vontade de ter uma moto sua, para usar onde e quando quisesse e participar até no Portugal de Lés-a-Lés.
Como se não bastasse, mais ou menos na mesma altura, participa também na novela Belmonte. Ele é o charmoso Padre Artur Ribas que também anda de moto.
Estes dois acontecimentos, em que nas suas personagens as motos têm um papel relevante, ajudaram ainda mais à tomada de decisão de comprar a sua primeira moto e, em regra, já sabemos como acaba: depois de comprarmos a primeira moto costuma, no bom sentido do termo, ser uma viagem sem retorno e o normal é continuarmos a ter motos pela vida fora…
Queremos que nos palcos, nos ecrãs e na vida real Paulo Pires continue assim, talvez até transmitindo o gosto pelas duas rodas às suas filhas!
Para a semana teremos mais alguém conhecido, sobretudo ao nível do desporto motorizado em duas ou mais rodas e que, infelizmente, nos deixou recentemente.
Desta vez é muito fácil imaginar de quem se trata. Será uma espécie de homenagem a título póstumo e é mais que merecida.