O malogrado piloto Paulo Gonçalves, nasceu na localidade de Gemeses, Esposende, dia 5 de fevereiro de 1979. Completaria 44 anos amanhã, se não fosse o trágico acidente no Rali Dakar, ocorrido em Layla, na Arábia Saudita, a 12 de janeiro de 2020, quando corria aos comandos de uma Hero oficial, na sétima etapa.
O plano inicial, previa que a inauguração do monumento em sua honra coincidisse com o seu aniversário, mas por ser um dia a meio da semana, os responsáveis pela iniciativa optaram por deslocar a data para o fim de semana seguinte e, desse modo, dar a possibilidade de mais pessoas estarem presentes nesta homenagem.
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História de um Campeão
Paulo Gonçalves, começou a competir muito jovem, com 12 anos, em 1991. A sua primeira corrida foi na modalidade de motocross, em Avenal (concelho do Cadaval) no dia 7 de abril de 1991. Pilotava uma KTM e terminou na 8.ª posição na classe Iniciados. Começava assim uma história de sucesso, com 24 títulos conquistados.
Dois anos mais tarde, ainda a correr nos Iniciados, vence de 5 das 8 provas do campeonato nacional de mx e alcança o seu primeiro título de campeão nacional.
Daí para a frente foi sempre a progredir, com destaque para o ano de 1997 em que praticamente fez o pleno: Campeão Nacional Supercross Absoluto; Campeão Nacional Motocross 125 cc Open; Campeão Nacional Motocross 125 cc Sub 18 e Vice-campeão Nacional Motocross 250 cc. Nessa altura ganhou a alcunha de “Speedy Gonçalves” que lhe assentava muito bem.
Com a chegada do milénio os sucessos continuam, misturados com algumas lesões e Gonçalves começa também a dedicar-se aos enduros e às bajas, mostrando sempre um grande talento, resistência e disciplina, chegando, por exemplo, em 2003 a fazer uma temporada completa no Mundial de Enduro com a GasGas.
Já em 2006 concretiza um sonho: participar no Rally Dakar. Consegue chegar ao final e logo num excelente 25.º lugar, o que não deixa de ser um ótimo resultado para um “rookie” na prova. Esta foi a 28.ª edição da prova e teve início em Lisboa, no dia 31 de dezembro de 2005.
Em 2009 consegue, pela primeira vez, entrar no top-10 do Dakar. Terminou exatamente nesse lugar, numa altura em que se começava a direcionar cada vez mais para o todo-o-terreno e menos para o motocross, modalidade particularmente exigente do ponto de vista físico. Tinha 30 anos.
Em 2013 consagra-se, pela primeira vez, Campeão do Mundo de Ralis Todo-o-Terreno e é novamente 10.º classificado no Rali Dakar, que decorreu no Peru, Argentina e Chile.
Dois anos depois consegue o seu melhor resultado do Dakar, 37ª edição, e um feito incrível para Portugal e até para a Honda que perseguia a vitória há vários anos: termina a prova em 2.º lugar, logo atrás do vencedor, o australiano Toby Price em KTM.
Em 2016, o IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude atribui-lhe o Prémio de Ética no Desporto, algo que pela postura de atleta e de homem sempre soube mostrar e ser digno.
Na edição de 2020 ocorreu o trágico acidente que nos levou fisicamente o piloto, mas as suas façanhas e o seu caráter íntegro, gentil e solidário continuam bem vivos e são lembrados muitas vezes e a homenagem que lhe vai ser feita no próximo domingo é mais que merecida.
Aliás, fora das pistas, em que era altamente competitivo, era conhecido pela simpatia, pelo trato fácil e por se envolver em causas, como por exemplo a Associação Speedy Forever, de apoio e dinamização a projetos e atividades de âmbito social, educativo, recreativo, cultural, económico e desportivo para os seus associados.