As previsões não podiam estar mais erradas. Felizmente! Do mau tempo anunciado, com ventos fortes e muita chuva ao longo de todo o dia, levando mesmo as autoridades a decretarem alerta amarelo para vários distritos, saiu uma jornada espetacular para a prática da modalidade, com céu completamente limpo, sol brilhante e temperaturas amenas.
Meteorologia que ajudou a criar um dia fantástico para os mais de 400 motociclistas que cumpriram a 2.ª etapa do 6.º Portugal de Lés-a-Lés Off Road, entre a Covilhã e Borba. Foram 306 quilómetros de pisos e paisagens bem variadas, numa jornada que começou cedo, com a partida de um local que mais parecia um ‘bivouac’ do Rali Dakar. Gentileza do Moto Clube da Covilhã – Lobos da Neve que, na véspera, até providenciaram uma bem-agradecida estação de lavagem e um parque fechado (e seguro) para as motos.
Saída da Beira Baixa rumo ao Alentejo, através de Tortosendo e Fundão, com passagem pelas rápidas pistas que ladeiam as eólicas no cume da serra da Gardunha. Troços onde só a magnitude da paisagem ia refreando a vontade de acelerar e que logo deram lugar a mais intrincados caminhos por entre os pinhais e eucaliptais.
E se, na primeira parte da etapa, a chuva caída durante a madrugada anulou por completo o pó, já entre Oleiros e Proença-a-Nova foi presença indesejada, numa região onde são ainda visíveis as feridas abertas pelos violentos incêndios de 2020. Valeu a paragem no agradável Camping de Oleiros, onde o Oásis Honda serviu fruta fresca e água para limpar a garganta e, claro, um café para ajudar a espevitar. Que o dia ainda estava no início…
À medida que a longa caravana ia rumando a sul, era notória a mudança da paisagem, mas também dos caminhos percorridos. Depois de Vila Velha do Rodão começou a surgir o inconfundível aroma a Alentejo, numa variação sensorial que a Comissão de Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal sempre procura oferecer nas travessias do País, seja em estrada seja nesta versão, em todo-o-terreno.
O que, naturalmente, conquistou os portugueses e vem atraindo cada vez mais estrangeiros.
Como os belgas Jona Moriau, Olivier Scheen e Michael de Fazio que descobriram o Lés-a-Lés em conversa com um amigo que trabalha na Dunlop, parceiro da FMP ao longo dos últimos anos. Pilotos experientes de Resistência (Moriau é presença assídua em provas de 4 e 8 horas a nível europeu) e Supermoto (Scheen foi vice-campeão europeu da classe S3 em 2008) trouxeram uma estrutura de luxo.
Os papás Jean Paul e Jean Michel, reformados e amantes do turismo, da descoberta das paisagens, da gastronomia e da vitivinicultura, vieram a conduzir um grande furgão desde Stavelot, no sudeste da Bélgica, bem perto de Francorchamps e do mítico circuito de Spa. Trouxeram as motos, ferramentas e equipamentos enquanto os seus ‘pilotos’ viajaram de avião depois de cumprida a semana de trabalho. Todos se divertem à grande e os mais experientes, encantados com a descoberta do nosso País, garantiram já que vêm fazer o Portugal de Lés-a-Lés na versão estradista.
Mas, primeiro, esta equipa de assistência tem que chegar a Lagoa, fazendo sensivelmente os mesmos 360 km que os participantes vão cumprir na 3.ª e última etapa, antes de arrumar as motos, levar os ‘meninos’ ao aeroporto de Faro e fazerem-se à estrada, atravessando grande parte da Europa até à sua Bélgica natal.