Topo de gama
Não há que esconder, esta é a mais avançada maxi-trail da KTM até ao momento. Uma moto de prestações máximas mas também uma aventureira sem limites e que roda com prazer em todo o tipo de estradas, permitindo realizar trajetos confortáveis e viagens mais longas em ritmo de desportiva.
POR José A. García • Fotos Paloma Soria
Ao termos à nossa frente a joia da coroa da KTM, no que ao segmento das maxi-trail se refere, recordamos a frase que os austríacos utilizaram como slogan do modelo: “mais é melhor”. Tecnologicamente, os faróis possuem luz diurna com tecnologia LED e o ecrã é regulável em altura de maneira fácil, assim como o assento, pelo que no meu caso o coloco na posição mais alta (875 mm), o ideal para o meu 1,84 de altura pois chego bem ao solo e controlo tudo o que se passa. Existem proteções de mãos e a possibilidade de se ligar o aquecimento dos punhos e de cada um dos assentos.
Retiramos o descanso e olhamos para a enorme quantidade de informação que nos brinda a instrumentação, e que merece uma atenção a nível dos menus antes de arrancarmos. À direita existe um taquímetro analógico, junto a um painel digital que mostra a velocidade, relógio, mudança engrenada, temperatura do líquido de refrigeração e nível do combustível; enquanto que à esquerda encontramos um painel LCD com inúmeros dados, desde a temperatura ambiente, à voltagem da bateria, pressão dos pneus, parciais, autonomia e médias de velocidade e de consumo.
Para uma maior comodidade, todas as informações visualizam-se pela forma de diferentes páginas, assim como os modos de pilotagem MSC, modos de suspensão, o aquecimento dos punhos e assentos, etc. É possível selecionar os dados que mais nos interessam nos Favoritos, e por isso escolhemos a temperatura ambiente, o consumo, a autonomia e os modos de condução e suspensão que estão ativos. Finalmente, ajustamos a pré-carga na opção “condutor com malas” e estamos prontos para seguir.
Com cabeça
Com malas laterais e a cidade atestada de automóveis, iniciamos a marcha com alguma precaução. E desde logo adoramos o tato dos comandos: acelerador progressivo, manetes muito suaves, etc. Com o modo ‘Rain’ ativo e as suspensões no ‘Comfort’, os 100 cv empurram de forma suave e linear, e a Super Adventure mostra-se dócil e fácil de conduzir pela cidade, em parte graças ao seu ligeiro quadro e ao braço-oscilante e sub-quadro em alumínio. Exige-se apenas atenção pela largura das malas, enquanto que diversos utilizadores deste modelo referem que o ecrã, mesmo na posição mais baixa, é demasiado alto numa condução citadina, pois a zona superior deste fica mesmo ao nível dos olhos, incomodando a progressão entre as filas de automóveis.
Os valores máximos de potência e binário dão nas vistas (já temos 105 Nm às 2500 rpm), o que se traduz na maxi-trail mais potente. Porém, a resposta é a que quiseres devido à infinidade de sistemas eletrónicos e diferentes modos de condução. Após alguns quilómetros habituamo-nos às suas dimensões e temos confiança desde o início, e com o asfalto seco escolhemos o modo de pilotagem ‘Street’. Temos 160 cv de potência à disposição mas só notamos o funcionamento do MTC (controlo de tração) pela luz na instrumentação. Mas acredito que funciona muito bem, pois saindo de uma curva de gás a fundo a moto vai acelerando mais e mais à medida que fica mais vertical. O melhor e mais cómodo é mesmo circular em mudanças altas, deixando que os 140 Nm de binário tratem de empurrar de forma linear o conjunto.
Pessoalmente, estou consciente que tenho entre mãos uma máquina potente, repleta de sistema eletrónicos prontos a ajudar-me: posso acelerar ou travar sem compaixão (até meio de uma curva), arrancar com a moto carregada sem receio que esta descaia numa subida, reduzir bruscamente sem que a roda bloqueie, e até existe um sensor que nos avisa da pressão baixa dos pneus… Há que ganhar habituação a estes sistemas mas cuidado, pois eles não impedem um deslize por velocidade a mais em curva por exemplo. Respeitem-na e divirtam-se!
Até ao fim do mundo
Saindo da cidade, abandonamos a comodidade do ‘Comfort’ e experimentamos os outros modos de suspensão. O ‘Street’ oferece o melhor compromisso para um uso diário, enquanto que o ‘Sport’ é dedicado a uma condução mais desportiva, ficando por experimentar o ‘Off-road’. Se tiveres uma 1290 Super Adventure, o melhor é marcares mesmo umas longas férias, pois mesmo sem as malas, um top-case e uns pneus mistos farão a festa para esta KTM rumar ao desconhecido. Isto porque de série o equipamento é já muito elevado.
Mesmo sem irmos para tão longe, numa estrada de montanha escolhemos o modo ‘Sport’ e aqui a resposta ao acelerador é mais notória, com o MTC a deixa a roda traseira deslizar um pouco. E num uso desportivo encontramos outra virtude, a sua ciclística: a travagem com pinças radiais Brembo de quatro êmbolos em conjunto com as suspensões semi-ativas no modo Sport e com o robusto quadro (e já agora o amortecedor de direção em piso menos bom), dão uma sensação de ligeireza e segurança elevadas para um modelo desta envergadura. Desde que faças o ajuste correto as capacidades dinâmicas serão sempre surpreendentes. O consumo médio registado foi de 6,3 l/100 km, mas tanto pode chegar aos 7,5 l/100 como fazer 5,6 em velocidades de 120 km/h (sem malas ao consumos poderiam ter baixado um pouco).
À noite a viagem foi tranquila, pois esta KTM ilumina de forma notável a estrada, beneficiando ainda dos LED laterais que se acendem de acordo com o ângulo de inclinação detetado pelo MSC. Com o nosso fotógrafo à ‘pendura’ e com as malas carregadas, ajustamos a pré-carga para estas condições e ao arrancar, a moto recupera a altura perdida pelo aumento de peso. Em auto-estrada, com o ecrã na posição mais alta, ligamos o cruise control e a suavidade é a nota, mal se sentindo o vento, sendo fácil de imaginar a enorme autonomia deste modelo através do seu depósito de 30 litros. Voltando a uma estrada de curvas, o modo ‘Comfort’ resulta numa condução agradável a dois, sendo de salientar a estabilidade de todo o conjunto. Também se pode mudar para o ‘Sport’, mas aí o passageiro vai ter de se agarrar muito bem!
Só faltava testar a 1290 fora de estrada, onde as jantes de raios ultra-reforçadas e o guiador de alumínio mostram as suas intenções TT, e também podemos (e devemos) ajustar a eletrónica a nível do motor, suspensões e ABS para tal. E esta Super Adventure acaba por não falhar depois do asfalto acabar, mas aqui existem melhores propostas para tal, inclusivamente dentro da própria marca.
Se este é o vosso segmento preferido não deixem de analisar bem o que existe à disposição no mercado, com motos de 2, 3 e 4 cilindros, de cilindradas diversas e com algumas a serem 100% asfálticas e outras mais ‘trail’, tanto se adaptando ao alcatrão como aos caminhos fora de estrada. E pretendem ir apenas para o trabalho, ou fazer passeios de fim-de-semana? Ou estar fora durante duas semanas numa longa viagem de férias? Para cada uma destas opções existem modelos melhores e outros menos aconselháveis, mas é indiscutível que as grandes trail são hoje em dias as motos de referência no que diz respeito a uma grande diversidade de utilização. Com esta grande, potente, e super bem equipada Super Adventure em grande estilo.