Há convites que são impossíveis de recusar e oportunidades que devemos aproveitar, por isso não havia como escapar ao convite da Honda Motos Portugal, que nos convidou para realizarmos a segunda ronda do campeonato nacional de velocidade, no autódromo do Estoril, aos comandos de uma Honda Hornet 750. Uma experiência que repetiríamos sem pensar duas vezes.
POR João Fragoso • Fotos Hello Foto / Henrique Lopes / Victor Shwantz

O agora campeonato nacional de Naked Bikes (antigo Troféu) é uma das grandes atrações do nosso campeonato de velocidade, contando neste momento com mais de 15 motos regularmente em pista. Este campeonato está dividido em três categorias: NB1 para motos naked com mais de 140 cv, NB2 para naked até 140 cv e mais de 105 cv e NB3 para motos que não ultrapassem os 105 cv. Na categoria mais alta dominam as BMW S1000R, na intermédia as Triumph Street Triple 765, e na mais baixa, a Honda procura introduzir a sua Hornet 750. Foi exatamente com esse propósito que a marca decidiu endereçar o convite à imprensa para realizar esta prova. Efetivamente há um trabalho grande a desenvolver na promoção desta competição, de forma a mostrar aos potenciais interessados como, e de que forma se pode participar no campeonato e quais a vantagens, desvantagens e custos associados.

A “nossa” Hornet
A Honda CB750 Hornet é uma moto equilibrada e criada para proporcionar momentos de diversão na estrada sem grande esforço. E se isso é verdade para circular de forma legar, para as pistas a Honda realizou alterações importantes à moto, tornando a mesma igualmente fácil de pilotar, mas com maior eficácia e um limite mais alto. Na dianteira o interior das suspensões foi alterado, assim como os tubos correspondentes à travagem. Apesar disso os discos são os originais, apenas as pastilhas foram alteradas para um composto mais apropriado ao circuito. Andando um pouco para trás na moto, o filtro de ar foi também modificado e a Ixil foi a marca responsável por criar uma linha de escape completa para a Hornet, sem catalisadores que possam restringir a performance desta moto. A eletrónica teve também algumas alterações de forma a desbloquear todo o potencial acrescentado pelo filtro e escape completo. O assento foi substituído por uma baque, bastante confortável e que nos permitiu mexer em cima da moto sem qualquer problema e de forma muito natural. Os plásticos são também feitos especialmente a pensar nas corridas, de forma a que não se estrague os originais em caso de queda, e para que possamos ter também os patrocinadores na nossa moto. O amortecedor traseiro foi substituído por um ajustável em pré-carga, extensão e compressão, mais vocacionado para o circuito. Com isto dizer que o motor não sofreu qualquer alteração interna, tendo sido apenas “libertado” o seu potencial com os componentes referidos acima. Os pneus escolhidos para esta moto foram os Dunlop Sport Smart TT, com medidas 120 e 160, à frente e atrás respetivamente, pneus esses que rodaram todo o fim de semana sem qualquer problema, e com um desgaste bastante simpático apesar do enorme calor.

Parque de diversões
Circular em circuito é a forma mais segura e divertida de andar depressa, seja de moto, ou de carro. Os track days são uma opção, mas as corridas, regra geral, ainda mais seguras são. Nesta segunda ronda do campeonato, não houve oportunidade de realizar treinos livres, sendo que a organização optou por ter apenas sessões no sábado e domingo. Assim, a entrada em pista foi logo a valer. O primeiro contacto com a moto foi bastante positivo, ainda que tenhamos sentido que a sensação com a dianteira podia ser mais precisa. Percebemos rapidamente que se devia muito à pressão dos pneus estar demasiado elevada após algumas voltas. Ultrapassado esse problema, os tempos melhoraram e as sensações também. O motor mostrou estar mais solto do que o que encontramos na versão de estrada, e as alterações na ciclística foram cruciais para que conseguíssemos tirar o maior proveito da moto. Sentimos que seriam necessários alguns ajustes ao nível do amortecedor, mas seria também preciso mais algum tempo com esta moto para perceber ao certo o que fazer e o que poderia resultar. Mais importante, foi a enorme diversão proporcionada por um motor de “apenas” 92 cv. Apesar da menor potência que todas as rivais em pista, ainda conseguimos lutas nas duas corridas, ainda que, sejamos sinceros, nas retas a frustração era grande. Mas pensar que poderíamos estar em igualdade com mais 4 ou 5 pilotos, no caso de haver mais participantes com esta moto, fez-nos perceber o quão divertido pode ser discutir lugares em pista, com intensidade e competitividade, mas com respeito. A Hornet foi a prova de que não são precisos 200 cv para acabarmos um dia com um enorme sorriso na cara e ter lutas intensas em pista.

Custos operacionais
Claro, tudo isto que falámos acima, tem custos. E é importante falar deles. Dizer que haverá sempre custos variáveis, e o que vamos referir não inclui potenciais quedas que possam acontecer durante treinos ou corridas. Para começar, é necessário uma licença desportiva, que terá um custo de 260€ ao ano e uma inscrição para as provas durante a época, que adiciona um valor de 1.260€. Como material de desgaste e consumo, temos de pensar na gasolina e pneus, sendo que para o combustível devermos contar com 50€ sensivelmente, por fim de semana, e 480€ dos pneus, também por prova. Adicionamos ainda “custos operacionais” como, box e transponder, que somados representam 60€. Tudo isto, por prova, ronda os 900€, sendo este um custo estimado, e para fins de semana completos, com sessões de sexta a domingo. A isto teremos obviamente de adicionar os custos associados ao equipamento: fato, luvas, capacete, botas e proteções de coluna e peito.

Diversão garantida
O desporto motorizado não é barato, não há como contornar isso. Contudo, podemos arranjar formas de minimizar os gastos e maximizar a diversão. E se pensamos em comprar uma moto para track day, porque não investir numa moto que nos permite correr no campeonato nacional de velocidade, que podemos matricular no final da temporada e ainda ter a moto totalmente preparada para correr sem nos termos de preocupar com nada? O valor final deste pacote “ready to race” ainda não está definido, mas com o preço da Hornet 750 a começar sensivelmente nos 8.000€, e com a conhecida capacidade deste campeonato entregar pacotes muito competitivos no que diz respeito aos preços das motos, esta poderá ser uma opção interessante ao invés de uma super desportiva para track days, que muitas vezes podem ficar mais caros do que uma corrida nesta Honda.

Podem conhecer este modelo e a restante gama Honda no site oficial da marca.




