A eterna
Por mais que os anos passem, existem motos que irão manter a sua presença estética, sem muitas alterações. A Harley-Davidson Road King é uma delas, que tem camufladas as melhorias técnicas necessárias dos novos tempos. Mas no fundo tem a mesma filosofia de sempre, já que aqui, a idade ainda é um posto.
POR Fernando Neto • Fotos Paulo Calisto
A Road King é a descendente direta da Electra Glide Sport, mas para os que só agora começam a apreciar e a conhecer as motos custom, não estamos a falar de novidades 2016… Na verdade, esse mesmo modelo passou a fazer parte da gama do construtor norte-americano em 1977, quando foi lançada como uma versão mais acessível da Electra Glide. Quanto à Road King, foi introduzida em 1994, também com a presença de malas rígidas e ecrã dianteiro, mas sem carenagem, sendo que o farol grande e retro foi sempre uma das principais “imagens de marca”. O modelo foi depois recebendo evoluções a nível de motorização e foram nascendo outras versões, como a Road King Custom (em 2004) e mais tarde a Road King Classic, como parte da celebração do aniversário em 2008, moto que se distinguia especialmente pelos pneus com lista branca, jantes de raios e alforges em cabedal. As Road King e Road King Classic voltaram a fazer parte da gama mas com as mais recentes evoluções da marca, e desta vez, vamos apenas falar da versão original.
Características
Apesar do aspeto clássico, este modelo já contempla algumas das soluções mais recentes da marca, através do Project Rushmore. O motor é V-Twin High Output de 103 polegadas cúbicas (1690 cc) e refrigerado por ar, com caixa de seis velocidades e melhorias na caixa de ar para um melhor fluxo e superiores recuperações a média rotação. Depois temos faróis de halogéneo duplos, luzes de nevoeiro e luzes de travão mais brilhantes. Os travões com ABS são interligados pelo sistema Reflex, sendo fabricados pela Brembo e incorporando pinças de quatro êmbolos e a forquilha dianteira é mais rígida, tendo o seu diâmetro aumentado para 49 mm, enquanto que atrás os amortecedores traseiros são pneumáticos, com uma válvula de ar colocada entre o alforge e o guarda-lamas traseiro para um ajuste rápido. Ainda na ciclística, o Dunlop traseiro possui tecnologia Multi-Tread, sendo mais rijo no centro e mais macio nas laterais. Os comandos foram redesenhados e têm um desenho mais ergonómico e quanto à chave é do tipo mãos livres, sistema já bem conhecido na Harley-Davidson. Os alforges rígidos são One Touch, o para-brisas pode ser facilmente retirado e mostrando que este é um modelo touring, o cruise control é de série!
Para passeio
Esta é uma moto de linhas muito clássicas, e à primeira vista quase que pensamos tratar-se de uma Road King já com uns bons anos. Esta pintura cinza também parece não ajudar muito, e de um modo geral, pensamos que as linhas da Road King Classic poderão ter mais adeptos.
Apresenta uma boa posição de condução e um elevado conforto, e nesse aspeto só o assento escorregadio destoa um pouco. Quanto ao grande para-brisas, protege muito bem do vento e chuva em estrada aberta, mas atrapalha a visão em cidade aos utilizadores mais baixos. Mas esta não é uma moto de cidade, e para curtos passeios ou para andar no verão a opção é mesmo retirá-lo, algo que se faz em poucos segundos, sem recurso a ferramentas, parecendo até outra moto em termos estéticos. Em termos dinâmicos a Road King mostrou o desempenho esperado, já que o motor é agradável, possante e suave, batendo pouco nos baixos regimes, e o som dos escapes é muito agradável. As suspensões são boas – a forquilha funciona realmente bem – e o comportamento em estrada é agradável, mesmo em curva com uma distância ao solo q.b., sendo a travagem normal, sem deslumbrar, a obrigar a alguma força na manete até porque o peso do conjunto em ordem de marcha é elevadíssimo… 371 kg! O que significa que as manobras com o motor desligado fazem-nos suar e muito! É outra das razões para esta não ser uma moto de ambiente urbano, até porque a embraiagem é também um pouco dura e brusca no arranque a frio.
Em auto-estrada gostámos do funcionamento do cruise control, enquanto que a instrumentação contempla as informações principais mas está localizada numa zona inferior, no depósito de combustível, e frequentemente temos de procurar o pequeno símbolo dos “piscas” para percebermos se estão ou não ligados. Uma moto que em termos de economia foi uma agradável surpresa, com um consumo médio a rondar os 6 l/100 km, o que irá garantir uma excelente autonomia pois o depósito tem 22,7 litros de capacidade.
A Road King é para quem sabe bem o que quer, e está disponível em sete decorações diferentes, algumas delas em dois tons.