O modelo de entrada na família de três rodas da marca italiana foi profundamente revista e as novidades fazem uma enorme diferença face à anterior geração. Mais potente, ágil, leve e equilibrada, continua a demonstrar qualidades únicas, que apenas esbarram num preço que para muitos pode ser elevado, mas para outros é encarado com um investimento… um bom investimento, que permite aos detentores de carta de automóvel poderem conduzir uma 310 cc!
Por: Domingos Janeiro
Fotos: Paulo Calisto
U ma das scooters mais famosas do mundo e uma das mais populares em mercados como o francês, está perto de comemorar 20 anos de existência, pois foi em 2006 que deixou o mercado em “alvoroço” ao apresentar-se como uma solução única e com argumentos muito particulares. Não são inocentes as tentativas de cópia que tem sido alvo e é a responsável por ter aberto um novo segmento, que outras marcas acabaram por abraçar e adoptar nas suas gamas. Mas, tal como todos os projectos, ao longo do tempo vão sendo submetidas a melhorias e, desde a primeira geração da MP3, que chegou ao mercado disponível em três cilindradas (400, 250 e 125 cc), que ficou bem claro que as gerações futuras teriam que ser submetidas a alguns reajustes, como, por exemplo nas dimensões, pesos e alma.
Os ingredientes certos O aspecto sempre foi imponente, mas desde as primeiras gerações que houve características que nos apaixonaram de imediato, como o conforto, mas também uma imponência que chegava para deixar alguns logo à partida com alguma insegurança.
Nesta primeira geração, as MP3 não eram homologadas como triciclos, mas em 2009 a Piaggio apresenta as versões LT, com nova homologação, abre uma enorme potencialidade ao modelo, ao passar a poder ser conduzido com carta de automóvel, destacando-se a colocação do travão de pé no lado direito do estrado e que, uma vez acionado, distribui a travagem pelas três rodas. Já com um lugar muito especial no mercado europeu, uma grande parte dos amantes.
da MP3, começaram a reclamar um modelo mais jovem, desportivo, ágil e moderno, nascendo assim a versão Yourban. Mas tal como as LT, a nova versão mais “rebelde” das três rodas nunca conheceu grande glória no nosso país, muito por culpa, uma vez mais, do preço proibitivo para muitos de nós, mas para outros tantos, por puro desconhecimento de que com carta de carro podem conduzir qualquer MP3, independentemente da cilindrada.
Mas estaremos a ser injustos ao falar com esta frieza do preço a pagar por qualquer uma das MP3, já que se analisarmos bem o que este modelo tem para oferecer, acabamos por ver que o preço até é bem justo. Conforto, comodidades, tecnologia e desempenho à parte, uma das características que mais nos impressionam é a grande capacidade de travagem, cortesia das duas rodas na frente. Estas, resultam muito bem a curvar no limite, ao ponto de sentirmos a roda traseira a começar a escorregar, mas com a frente sempre bem colada ao asfalto.
O sistema de bloqueio das rodas a baixa velocidade faz com que, depois de apanharmos o jeito, não precisemos de colocar os pés no chão, em nenhuma ocasião. Lembram-se de termos falado da Yourban? Pois bem, podemos considerar que esta MP3 310 é sua descendente quase direta e este novo modelo que foi apresentado o ano passado é a evolução da anterior geração equipada com motor de 300 cc. Também não nega a grande inspiração das irmãs de maior cilindrada, a 400 cc e a 530 cc.
Profundas alterações
A nova atualização, desta que é a mais pequena das MP3, não se cingiu apenas ao novo desenho. A verdade é que foi profundamente revista de cima a baixo, para abrir um novo capítulo na história das scooter de três rodas. A ideia foi melhorar as prestações, mas também torná-la mais confortável, com mais comodidades, para que esta possa, cada vez mais, assumir-se como uma urbana nata, mas de alta qualidade, como sempre tiveram as suas irmãs de maior cilindrada. A ideia é assumir-se como uma moto mais democrática, mas, ao mesmo tempo mais requintada.
Outra das grandes novidades é a estreia do novo motor, o monocilíndrico HPE de 310 cc, fabricado praticamente desde o zero, aproveitando a obrigatoriedade da passagem à norma Euro5+. Com cerca de 70% de novos componentes, o motor passa agora a ter 310 cc, fixando a potência nos 26,4 CV às 7500 rpm e um binário de 27,3 Nm às 6000 rpm. Além disso, a Piaggio conseguiu um bloco mais económico, velocidades de ponta que se fixam nos 130 km/h, melhor resposta ao acelerador e menos emissões. Na prática, notamos claramente que esta MP3 310 de 2025 está um passo (largo) mais à frente face à anterior geração, muito divertida, enérgica e sem vibrações nocivas.
Aerodinâmica e ciclística
Ao longo destes anos, a Piaggio já submeteu a sua MP3 a diversas experiências, inclusivamente no departamento do design aerodinâmico e, em mercados como o francês ou o italiano, era comum ver estes modelos com enormes ecrãs dianteiros que serviam quase de capota… mas esses longos para-brisas eram comercializados como opcionais. No entanto, a aerodinâmica nunca foi a melhor, com a MP3 a apresentar uma enorme superfície frontal, que causava alguma resistência ao vento, devido às largas dimensões.
Neste novo modelo, cujo design foi desenvolvido com ajuda do túnel de vento da marca, podemos afirmar que é a MP3 mais aerodinâmica de sempre, destacando-se desde logo a menor largura da frente, assim como o para-brisas de maior proteção ou a carenagem dianteira inferior mais abrangente e moderna. Nas laterais, na zona das pernas, também passámos a ter defletores.
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A travagem continua a brindar-nos com uma potência e eficiência únicas e impossíveis de igualar nos comuns modelos de apenas duas rodas. O pedal de travão, cujo tacto é menos preciso e até chega a ser algo brusco, continua a estar colocado no lado direito do estrado, fazendo atuar todos os discos quando acionado.
As suspensões mostraram-se à altura do desafio, mas, como é natural, acabam por acusar o peso, que embora a Piaggio não declare, é algo elevado. A iluminação é totalmente em LED, a chave é por aproximação, temos um novo assento de dois níveis mais confortável para condutor e passageiro, este que goza de duas pegas laterais para sua segurança e com ampla capacidade de carga por baixo do assento. Uma palavra ainda para o quadro, que além de manter a rigidez que lhe é reconhecida, está agora mais leve para compensar algum incremento de peso noutros componentes.
Aos comandos
Profundos conhecedores de toda a família e anteriores gerações, assim que assumimos os seus comandos notámos que o conjunto está mais atlético e quando arrancámos, notámos também que está mais ágil. O sistema de bloqueio da suspensão dianteira mantém-se igual às anteriores gerações, podendo ser atuado quando chegamos aos 10 km/h.
Se não quisermos, não necessitamos de a colocar no descanso central, mas ele está lá. O travão de mão assegura que a MP3 não vai a lado nenhum quando paramos. A chave por aproximação permite-nos operar toda a scooter sem necessidade de retirar a chave do bolso. Em termos ergonómicos contamos com uma postura de condução muito correta, natural e descontraída, com o desenho do assento a permitir-nos apoiar ambos os pés no chão sem qualquer dificuldade se assim o necessitarmos.
Regressamos às prestações do bloco para acrescentar que gozamos de uma forte capacidade de aceleração, até mesmo nas recuperações. A velocidade de ponta fixa-se em torno dos 130 km/h com a MP3 sempre a exibir um aprumo notável. Embora seja um modelo muito particular e que requer sempre um breve período de adaptação, principalmente ao peso e às reações da frente, é sempre um enorme prazer ter a possibilidade de a conduzir, principalmente em cidade onde grande parte das preocupações com linhas de elétrico ou o mau pavimento desaparecem como que por magia. A segurança e confiança que nos transmite a curvar e a travar, levam-nos a desfrutar de grandes momentos de diversão. Em termos de segurança, além do ABS, a MP3 310 brinda-nos com um bem calibrado controlo de tração.
A nova Piaggio MP3 310 já está disponível nos concessionários pelo preço de 8199€. A versão que tivemos para teste foi a versão base, sendo que podemos também optar pela versão Sport, que encarece 200€, fruto das cores diferentes, discos dianteiros diferentes, assento com costuras em contraste, apoios dos pés em alumínio e sistema de conectividade Piaggio MIA, que na versão base está apenas disponível como opcional.
