Contacto – MV Agusta Enduro Veloce: Na MV Agusta não se limitam a fabricar motos, mas também emoções. E fazem-no como ninguém. A Enduro Veloce não é, seguramente, a mais racional das maxi-trails, nem tão pouco será a que melhor comportamento terá em off road mas, depois de termos a oportunidade única de a testar,
fomos inundados por uma enorme componente emocional que tolda as nossas conclusões. A sua magia é arrebatadora!
Texto: Carlos Larreta
Fotografia: Israel Gardyn
Cem por cento desenhada e fabricada em Itália, a Enduro Veloce chega-nos vestida com a mesma combinação de sempre, vermelho/prata, com a qual brilharam as míticas motos de Giacomo Agostini, nos tempos de maior glória da história da marca. Pouco minutos depois de termos assumido os seus
comandos, chegámos a pensar que só pelo som que emite – “som típico italiano” – e pelo tacto do motor, que já nos tinha convencido a fechar uma eventual compra. Transmite-nos sensações tão únicas, que não necessitamos ser demasiado sensíveis para sermos invadidos por uma intensa emoção. Imaginamos que será uma sensação semelhante à de quem conduz pela primeira vez um Ferrari… O coração desta moto, tão vigoroso quanto compacto, apresenta 931 cc de cilindrada e o peso não vai além dos 57 kg. A magia, essa fica a cargo dos três cilindros em linha, com cambota
contra-rotante, cuja ação, em teoria, incide de forma positiva sobre a manobrabilidade do conjunto. Os 124 CV de potência são suficientes para um bloco com esta cilindrada e a MV brinda-nos com um elevado regime de rotação de 10 000 rpm, enquanto que temos 85% do binário
máximo disponível logo a partir das 3000 rpm, oferecendo-nos uma resposta de motor tão singular quanto viciante. A isso temos que somar uma caixa de seis velocidades com assistência eletrónica que merece os maiores elogios, tanto pelo tacto extremamente suave, como pela precisão. O seu funcionamento roça a perfeição e quando recorremos ao “quick shifter” sem tocar na embraiagem, nem cortar gás ao passar de caixa, a sonoridade
e o “feeling” desmontam-nos por completo. Atingimos o nirvana, não há palavras… Oferece quatro modos de condução: Urban, Touring, Offroad – que desativa, sem intervenção por parte do condutor, o controlo de tração e o ABS traseiro – e o Custom All-Terrain (totalmente personalizável). O controlo de tração oferece oito níveis diferentes de atuação, enquanto que o ABS se mostra muito bem calibrado, sem ser demasiado intrusivo e quando desligado, em modo off road, atua de forma muito ligeira na frente, mas fica totalmente desativado na traseira. Também podemos ajustar o nível do travão motor (em dois níveis) e controlar a elevação da roda dianteira.
















Fora do âmbito das sensações que disponibiliza o motor, aos comandos da Enduro Veloce sentimo-nos muito confortáveis e os joelhos encaixam-se
de forma harmoniosa nas formas do depósito de combustível ainda que, não sendo propriamente estreito, apresenta formas laterais a contar
com o encaixe para as pernas. De pé, sentimo-nos de igual forma confortáveis, beneficiando de uma união entre o depósito e assento mais estreitos para melhor “apertarmos” os joelhos contra a moto, como é desejável no off road, para maior sensação de segurança e controlo. Não chegámos a alterar a posição do guiador, dado que, tal como estava instalado, mostrou-se perfeito para a nossa estatura e gosto pessoal. O assento de duas peças, tem regulação de altura e uns acabamentos de luxo. É confortável, ainda que não seja uma referência neste campo.
Contacto – MV Agusta Enduro Veloce
Também não nos podemos queixar da colocação dos pousapés, que não são tão largos como os das trail com vocação mais off road e também não conseguimos retirar o revestimento de borracha sem recurso a ferramentas. gostámos do descanso lateral que está bem desenhado (fácil de operar, com base larga e o ângulo de inclinação certo), do sistema de bloqueio eletrónico da direção, que funciona para ambos os lados, da excelente proteção dos coletores de escape e do sistema “cruise control”, que além de fazer parte do equipamento de série, destaca-se pela simplicidade, que entre outras opções, permiten-os subir ou descer a velocidade em segmentos de 5 km/h e proceder à sua desativação rodando o punho do acelerador no sentido contrário ao processo normal. Os punhos apresentam acabamentos irrepreensíveis, exibem a inscrição Lucky Explorer, a borracha combina dois padrões diferentes para garantir a máxima aderência e conforto. No que diz respeito a pormenores, passíveis de serem melhorados, podemos apontar as reduzidas dimensões da grelha de carga traseira, ou a relativa lentidão do processo de colocação em funcionamento e o excessivamente robusto material plástico utilizado nas proteções de mãos.
O ecrã TFT de 7” disponibiliza uma completa informação, que além disso se pode ajustar ao nosso gosto e oferece diversas opções de conectividade.
As cores e design atrativos, estão na linha dos ecrãs utilizados na nova
geração das GS das BMW, mas alguma informação é exibida com caracteres tão pequenos que nos obriga a ter olhos de lince. No próprio comando
do arranque, uma coisa curiosa, está incorporado o comando para alterar os modos de condução.
Fizemo-nos à estrada e imediatamente constatámos que o para-brisas, sem regulação de altura, protege de forma satisfatória, ainda que tenhamos
notado um pouco a força do vento na zona do peito. E as prestações? Bem, rodando a velocidades muito acima do máximo permitido por lei,
gozamos de grande conforto e temos a clara sensação de que ainda temos muito punho para rodar, até chegarmos aos 220 km/h de velocidade de
ponta anunciados pelo fabricante.
Contacto – MV Agusta Enduro Veloce
Ao meter a moto em curva, sentimos o efeito da jante dianteira de 21” e no início não a sentimos tão ágil como as maxi-trails que recorrem
a medidas inferiores. Mas uma vez dentro da curva, não sentimos qualquer inconveniente, gozando de um tacto que, sem apresentar excessiva
rigidez, parece mais firme que o da típica maxi-trail mais branda. Quanto à travagem apenas nos apraz dizer que é altamente eficiente. O travão dianteiro, potente e enérgico, parece-nos uma autêntica maravilha e surpreende o facto de que quando rodamos com o modo Off-Road selecionado, fora de estrada, o ABS cumpre a sua função de forma notável e muito mais competente que muitas das grandes trail do mercado. Atrás, com o ABS desligado, assumimos total controlo na travagem, com um tacto muito preciso e grande potência. O controlo de tração pode atuar em dois níveis de intervenção, não se mostrando em nenhum caso, excessivamente intrusivo. Se não tens muita experiência no off road, aconselhamos-te a usá-lo, uma vez que a Enduro Veloce não é uma moto fácil de conduzir fora de estrada, dada a entrega de potência, menos linear face às bicilíndricas. Podemos sempre, é claro, adoptar uma cadência mais tranquila, sem sairmos do regime mais baixo de rotação, com a consciência de que quando chegamos à zona média, transforma-se, convertendo-se numa moto muito exigente, que requer mãos mais experientes. A seu favor joga a posição de condução mais equilibrada, que permite conduzir de pé com naturalidade, ainda que este são seja dos modelos mais estreitos na zona central e com o inconveniente de que se chegamos o corpo demasiado atrás, esbarramos contra um assento demasiado largo.
Não conseguimos rodar apoiados nos bicos dos pés, porque os suportes dos pousa-pés do passageiro não o permite e a proteção do escape limita- nos no lado direito. Ainda na condução off-road, convém controlar bem os movimentos da mão direita, dado que quando o motor atinge o regime médio, dispara de forma impiedosa e as reações são demasiado impulsivas. Se pretendes fazer uma condução com uma certa alegria, deixando
deslizar a traseira, deves evitar os movimentos bruscos do acelerador e as subidas excessivas das rotações, não só para evitar as reações exageradas
do motor, mas também porque os pneus – Bridgestone Battlax Adventure A41R – não ajudam por não serem de tacos. A suspensão transmite bom “feedback”, mas se exageramos no fora de estrada, então sentimos falta de maior firmeza na transposição de obstáculos maiores ou nos saltos,
onde o peso se faz notar, mesmos que a suspensão tolere bastante bem os esforços. De qualquer forma, numa utilização off road moderada, que será a que a grande maioria dos utilizadores irá fazer, tanto a forquilha dianteira como o amortecedor traseiro são mais que suficientes.
Mais informações AQUI.