A participação na vida coletiva enquanto político
Desde cedo que o jovem António se foi interessando pela vida em sociedade, pelo bem-estar comum e por questões estruturantes e profundas para a vida nas cidades, caso da mobilidade e da importância da convivência dos vários intervenientes, nomeadamente os automóveis, as motos, os transportes públicos, os peões, as autoridades… questões que, ainda hoje, são particularmente relevantes para todos nós. Claro que também importa referir o ragueby, onde chegou a ser campeão nacional, mas vamos focar-nos na perspetiva que mais nos interessa.
Durante o XV Governo Constitucional, liderado por Durão Barroso, sucedeu em 2003 a Luís Valente de Oliveira como titular da pasta de Ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação, tendo responsabilidade direta na tutela de matérias como os transportes, apresentou algumas ideias e projetos para melhorar a mobilidade, em especial nos espaços urbanos ou reduzir a sinistralidade, mas esteve no cargo pouco mais de um ano, de tal modo que não foi possível ir tão longe como gostaria.
Em 2005 é eleito Presidente da Câmara Municipal de Lisboa para um mandato de 4 anos, tendo este mandato sido interrompido em maio de 2007. Já antes tinha sido vereador da autarquia, mas a missão agora era muito mais ambiciosa. Dirigir os destinos da maior autarquia nacional era uma missão de grande responsabilidade e importância, mas também uma forma de mudar o rumo das coisas ao nível do trânsito e questões correlacionadas.
Entre as suas várias propostas e iniciativas, concretizadas ou não, ficou para a posterioridade o primeiro esforço, digno desse nome, de permitir que os motociclos pudessem circular nas vias reservadas aos transportes públicos, vulgo BUS. Durou pouco tempo esta proposta, mas foi o embrião do que temos hoje na capital em que, na maioria das vias BUS, os motociclos partilham este espaço com os transportes públicos. De certa forma, Carmona Rodrigues acabou por ser um visionário neste caso concreto.
Na atualidade o também professor universitário é presidente do grupo Águas de Portugal – Grupo AdP, após a renúncia de José Furtado. Um cargo para o qual tem sólidas competências e que será muito exigente e rigoroso, mas não a ponto de o fazer certamente abandonar a sua paixão pelas motos.
E as motos?
Já mencionámos no início da crónica que o Pai lhe ofereceu uma Vespa 50S quando tinha apenas 15 anos. Para nos contextualizar no tempo, estávamos em 1971, ainda no tempo do Antigo Regime e ter a possibilidade de ter uma moto nessa época era sinónimo de que o jovem António Pedro fazia parte de uma elite e que certamente lhe garantia popularidade entre os colegas, amigos e, inevitavelmente, junto do sexo feminino…
Desportista ativo, a sua paixão pelo ragueby ficou para sempre, sendo um jogador acima da média, tal como a sua paixão pelas motos que ainda hoje o acompanha.
Aliás, mesmo na atualidade, continua a andar regularmente de moto pelas artérias de Lisboa e é o primeiro a reconhecer que são um veículo muito adequado no uso citadino: acabam por ser mais rápidas, ocupam menos espaço, poluem menos… tudo motivos para promover a sua utilização de detrimento do automóvel.
É conhecida em particular a sua paixão pela marca italiana Aermacchi. Marca italiana (Aeronautica Macchi) fundada em 1913 por Giulio Macchi para a construção de hidroaviões, sedeada nas margens do lago Varese, em Itália. Com o fim da Segunda Guerra Mundial a marca, como tantas outras, virou-se para as duas rodas como muito sucesso, sendo muito conhecidos e apreciados os modelos que produziu em “parceria” com a Harley-Davidson que tinha adquirido 50% do seu capital.
O objetivo era produzir motos de baixa cilindrada (entre 125 e 350 cc), destinadas a abastecer não apenas o mercado europeu, mas também o norte-americano, o que veio a acontecer e, nos dias de hoje, ainda vão aparecendo alguns exemplares dessa frutuosa cooperação em Portugal.
Mais tarde a HD, que chegou a deter a totalidade do capital da Aermacchi, acabou por o vender aos Irmãos Castiglioni, mas essa história vai ter de ficar para outra vez. O que interessa é que Carmona Rodrigues, como fã da marca, acabou por comprar e restaurar pelo menos duas Aermacchi Harley-Davidson Ala Verde e Rossa 250 de 1966 e 1967 e que acabaram por se tornar duas verdadeiras joias da sua coleção pessoal.
Porém, não se pense que Carmona Rodrigues é apenas mais um “maluquinho das clássicas”. Claro que essa é uma vertente importante na sua vida de motociclista, mas o engenheiro acaba por ser bastante eclético e, como tantas outras figuras públicas, caso de Vítor Norte, Helena Costa ou Paulo Pires não resiste aos encantos do mototurismo e, como tal, também participou no Lés-a-Lés, aquela que é, provavelmente, a maior maratona motociclística europeia.
Esperamos todos que Carmona Rodrigues continue a ser um embaixador das motos por muitos anos e que continue a transmitir essa paixão aos filhos e netos e que lhes deixe, um dia, não apenas as motos da sua coleção pessoal, mas também o carinho e devoção que sempre teve por elas.
Mesmo não sendo um fã das redes sociais, deixamos esta bonita imagem que tem na sua rede Facebook. Não se justifica uma tradução integral, mas a ideia-chave é que ao andarmos de moto, ao contrário do automóvel, fazemos parte da experiência e não somos apenas espetadores. algo que toda a gente que anda de moto percebe facilmente!
Para a semana temos nova crónica e novamente um jovem do mundo das artes, com forte ligação à televisão e também ao mundo das motos. Quem será?
A fonte da imagem de destaque é o fotógrafo Gerardo Santos – Global Imagens