Desportiva à medida
Máquina poderosa mas essencialmente versátil, esta boxer está apta a todos os usos. E beneficia de uma longa tradição da marca neste segmento, pelo que esta RS é uma moto totalmente reformulada das versões anteriores.
POR E. Cano / a. méndez • Fotos Paloma Soria
Se olhares para trás, vais lembrar-te que as primeiras BMW R 100 RS marcaram um antes e um depois na marca; na realidade, quase um marco – porque integravam como poucas – qualidades estradistas para cumprir uns quantos quilómetros da melhor maneira, com um picante toque desportivo. Passadas quase quatro décadas, esse espírito mantém-se inalterado, mas também, desde logo, bastante aperfeiçoado.
O paradigma é esta reluzente R 1200 RS, a boxer mais dinâmica da família de cilindros opostos da BMW. Mantém-se, além disso, como uma das máquinas mais queridas e mimadas na sede da empresa da hélice, onde sabem que, por muito que coloquem no mercado produtos ao nível da nova maxi trail desportiva S1000 XR, haverá sempre um público fiel e cativo que exige menos coragem e potência, ao contrário do sabor genuíno e polivalente de motos como esta.
Voltando à R 1200 RS, o design foi concebido com a mente colocada na sua capacidade estradista, mas sem carregar demasiado no peso para não perder agilidade. A ideia é de que a moto sirva indistintamente para viajar, protegendo mais do que parece à primeira vista, para curtir o fim de semana, e para utilizar diariamente.
Velho, mas novo
Bem nivelada, e coroada com uma esguia e esbelta traseira, a sua sucinta carenagem completa-se com uma cúpula equipada com dois faróis separados por uma linha LED vertical, que é caracterizada como luzes diurnas. E temos pequenos e bem colocados retrovisores, bem montados e integrados nas linhas.
Tal como acontecia na pioneira RS, nascida no início da década dos anos 90, a nova R 1200 RS dispõe de um propulsor de quatro válvulas por cilindro, apesar de nem ser preciso dizer que o filme mudou de forma substancial e que, por exemplo, já não sofres quase nada com o seu “balanço”, a não ser no arranque. De facto, serve-se da última versão do famoso bicilíndrico de 1.170 cc DOHC, que também anima com desenvoltura as reputadas maxi-trail R1200 GS Adventure, a turística de toda a vida 1200 RT e a nova naked R 1200 R. Um bloco brilhante que conta com refrigeração mista ar-líquido e que desenvolve uma potência de 125 CV às 7750 rpm, além de um interessante binário de 125 Nm às 6.500 rpm. Este possui uma curva que permite sentir a moto sempre muito cheia; sem dúvida, gratificante para se movimentar na cidade, mas também com garra para uma utilização em estrada.
O escape é um 2 em 1 com a traseira subida e que, em opção, tem o habitual acessório “made in Akrapovic” que, certamente, apenas pela sua sonoridade lhe assentará como uma luva. Ao mesmo tempo, radiador e entrada de ar via “airbox” ficam perfeitamente imbutidos com a ideia de conseguir uma silhueta frontal o mais esbelta possível.
Como noutras BMW da nova fornada, a última R1200 RS coloca ao alcance da tua mão direita dois modos de condução: Rain e Road (de série). Funcionam em conjunto com o mapa de ignição e podem ser complementados com o opcional Dynamic Traction Control na versão Pro.
Em relação a este, adiciona dois outros modos, conhecidos como Dynamic e User, o segundo em que fica ao teu critério a posição do controlo de tração e a resposta do motor ao acelerador eletrónico ride-by-wire. O BMW Motorrad Integral ABS (de série; semi-integral e desconectável) e o ASC básico vêm incluídos na fatura da moto.
Falando da ciclística, e partindo de um novo quadro de dupla trave composto por tubos de aço – com o motor como elemento auto-portante -, baseia-se numa ágil arquitetura de geometria quase perfeita. Compreende uma forquilha dianteira telescópica invertida e o clássico e eficiente BMW EVO Paralevel traseiro que não faz disparar o peso (são 236 kg a seco). Como extra, podes incorpora-la (e, acredita, é uma boa ideia fazê-lo se vais viajar habitualmente acompanhado ou com peso a bordo), com suspensão traseira configurável Dynamic ESA. Esta adapta-se por si mesma a qualquer mudança no piso e ao estilo de condução. Não falta, como mandam os standards nas BMW “pata negra”, uma transmissão final por veio, para o caso de te esqueceres de lubrificar a corrente.
Para parar o conjunto estão em função discos dianteiros de 320 mm, mordidos por pinças de quatro êmbolos, aos quais acrescenta um terceiro traseiro de 276 mm, este acompanhado por uma pinça de duplo êmbolo. A moto usa jantes de 17 polegadas, compostas por generosos pneus 120/70 ZR 17 e 180/55 ZR 17 à frente e atrás, respetivamente. Em relação a isso, a nossa unidade de testes vinha equipada com os novos Metzeler Roadtec Z8 Interact, muito eficientes.
Com este requinte que resume tudo o que diz respeito à BMW Motorrad, temos além disso logo a partir do primeiro minuto um enorme à vontade a partir da relativamente desportiva mas cómoda posição de condução – a qual beneficia de um bom assento (também para o acompanhante), mas temos ainda comandos e botões no sítio certo, bem localizados e de toque fino e preciso. Esta R1200 RS está equipada com uma completa instrumentação, que pode sê-lo mais ainda se pedires o módulo opcional Pro.
Conta, de origem, com um amplo velocímetro analógico à esquerda, com fundo preto fundido com um enorme display TFT que, entre outros, visualiza os dados do computador de bordo, junto aos outros a escolher entre três formatos diferentes. De qualquer modo, o seu imenso equipamento opcional contempla o sistema keyless para bloquear ou desbloquar a direção, abrir a tampa do depósito e arrancar sem termos uma chave física, que está no bolso. A versatilidade é uma das suas máximas, pelo que admite malas laterais opcionais, top-case e inclusivamente um ecrã maior do que o de série; este ajusta-se manualmente em duas posições, até em andamento (até certa velocidade) e com facilidade, para uma melhor proteção.
Cores e acessórios
A BMW vende a sua R 1200 RS em versão Basis, com cores em azul metalizado e com o centro do depósito em cinza granito metalizado mate. Ao mesmo tempo, o quadro é preto e as pinças do travão em preto anodizado. Em opção existe uma decoração composta pelo cinza granito metalizado com superfícies em preto Blackstorm, defletor de motor e pinças de travão douradas, e depósito em aço inoxidável, com quadro cinza metalizado. É claro que, com dinheiro para gastar, podes personalizá-la com acessórios pós-venda de design “racing” que lhe assentam tão bem como um traje de alta-costura. Ou então, torná-la ainda mais turística (ver páginas seguintes).