O VINHO ESPUMANTE E O MUSEU DO VINHO DA BAIRRADA
Museu do Vinho da Bairrada
Uma das primeiras coisas que me foi referida, relativa a este tipo de vinho tão especial, foi que ele casa maravilhosamente com o leitão assado. As suas características de frescura e de acidez são o complemento ideal para “cortar” a gordura da carne.
Situada no coração da Bairrada e rodeada por terras especializadas na assadura, Anadia tem como ex-líbris a produção do vinho espumante e manifesta-se como um epicentro de vinicultura, onde as adegas e as caves desempenham um papel fundamental na economia, cultura e tradições locais.
Museu do Vinho da Bairrada – Pormenor
Sendo a principal zona do país na produção de vinhos espumantes, uma tradição que remonta ao século XIX, com a inovação nas técnicas de cultivo e vinificação que culminaram na criação do primeiro espumante em 1890, a Bairrada distingue-se não só pelos seus espumantes mas também pela produção de vinhos tintos e brancos, utilizando variedades de uvas tradicionais e internacionais.
Na verdade, foi em 1867 que António Augusto de Aguiar estabeleceu as fronteiras da região que vai do Litoral Atlântico ao Interior, abrangendo territórios dos concelhos de Anadia, Mealhada, Oliveira do Bairro, Cantanhede, Águeda e Vagos.
Museu do Vinho da Bairrada – Artefactos
Nos finais do séc. XIX, a região foi assolada sucessivamente por várias pragas – primeiro o oídio, depois a filoxera e o míldio – que devastaram as culturas e votaram à miséria grande parte da população que dependia desta atividade agrícola. Muitos escolheram o caminho da emigração.Assim, nesta altura, os vinhos bairradinos atravessavam enorme crise e é nessa altura que surge a alternativa do fabrico de vinhos espumantes, na região e principalmente na Anadia.
Foi o Engº Técnico José Maria Tavares da Silva, com o apoio da Escola de Vitivinicultura e Pomologia da Bairrada (criada em 1887) onde era diretor, o responsável por esta mudança na produção vinícola da região.
Engº José M. Tavares da Silva
Frequentes nas regiões junto ao mar – a Anadia fica a pouco mais de 20km da orla marítima – são as temperaturas moderadas e as chuvas abundantes, aliadas a diferentes tipos de exposição solar conferidas pelo relevo do terreno com solos argilocalcários e arenosos que dão o terroir ideal para produzir vinhos tintos, rosés e espumantes de grande qualidade, a partir da principal casta da região: a Baga.
Museu do Vinho da Bairrada – Artefactos
É a casta rainha da Bairrada embora também se cultive noutras regiões. pode ser conhecida por outros nomes, alguns bem curiosos: Baga de Louro, Carrega Burros, Paga Dívidas, Tinta Bairradina, Tinta de Baga, Tinta Fina, Poerinho e, na região de Cantanhede, por Preto.
Esta casta, muito versátil e de maturação tardia, dá origem a mostos com acidez viva, garantindo vinhos ricos em taninos e com bom potencial de envelhecimento. E é essa acidez originada pela frescura do oceano tão perto e as características do terreno que dão a estes vinhos, com o espumante à cabeça, a vocação gastronómica e a perfeição da sua companhia ao pitéu favorito:o leitão assado.
É evidente, pelo que atrás fica dito, que uma visita ao Museu do Vinho da Bairrada na Anadia é um passo fundamental para melhor conhecer a região e dela desfrutar. Aí é possível conhecer em pormenor toda a história dos vinhos da Bairrada com especial destaque para o espumante, perceber todo o processo produtivo e conhecer ainda quem são os (muitos) protagonistas da produção destes preciosos néctares: as Caves e Adegas da Bairrada.
A Prova do vinho