A paixão pelo Baja Portalegre 500
André Villas-Boas é sobrinho de Pedro Villas Boas, nome grande da fundação do Baja Portalegre e que chegou a competir no Dakar ainda na década de 80 (nomeadamente ano de 1982 com um UMM Cournil), ao lado de outros grandes nomes nacionais, com especial destaque para Pedro Cortés e José Megre, ainda hoje apelidado como “Pai do TT” e grande responsável pelo primeiro Baja de Portalegre, em 1987.
Com o bichinho do TT e estes genes, André tinha de participar no Baja Portalegre, mesmo acumulando com outras funções, nomeadamente treinador. Aliás, como ele próprio contou, chegou a pensar fazer o Rally Dakar de moto, mas um ano de preparação em exclusivo era demais e não dava para conciliar…
Porém, começou a andar de moto TT bem mais cedo e aos 17 anos participou no troféu XR… quando ainda era menor de idade! Acontece que teve uma queda – algo normal – partiu um braço e começou a dedicar-se mais à escola e ao futebol…
A primeira participação no Baja Portalegre 500 ocorreu em 2016 e, como era de prever, aos comandos de uma KTM, sua marca de eleição. A participação fez-se na Categoria Promoção, uma vez que Villas-Boas não quis arriscar demasiado, apesar dos seus dotes de endurista. O objetivo era “apenas” divertir-se muito e, já agora, chegar ao fim inteiro, algo que nem todos conseguem…
Em 2018 decidiu voltar, também de moto, mas com ambições renovadas e de cumprir a prova na íntegra, ou seja, os mais de 400 km’s que compõem a dura prova alentejana que, ano após ano, continua a atrair multidões. Aos comandos de uma EXC 350F o treinador de futebol veio “carregar as baterias”, como ele próprio referiu.
Em duas rodas, em SSV, num carro de rallies ou qualquer outro tipo do veículo, como uma pick-up, Villas-Boas é um viciado, no bom sentido do termo, em motores, incluindo noutro tipo de provas como a Rampa do Caramulo, mas as motos e o off-road são muito especiais…
Coleções de sonho, com André Villas Boas
Resultado de uma colaboração entre o Jornal dos Clássicos, com apoio do Stand Virtual e Museu do Caramulo, este é um vídeo que vale a pena ver na íntegra. São menos de 14 minutos e há várias referências às motos, incluindo aquela KTM 690 que Cyril Deprés era suposto correr no Dakar em 2008 e que iria sair de Lisboa, algo que não veio a acontecer por receio de ataques terroristas e também aquela com que venceu em 2010, último ano das 690 no Dakar.
Também a moto que foi de seu pai (BSA 250 C15) e comprou mais tarde num caixote, em peças, merece destaque, sendo que anda nela de vez em quando e até com os filhos, além de ter fotos dela quando era criança, com o seu pai. Um moto de gerações…
Uma visita à “mancave” com que muitos de nós sonhamos. Verdadeira “Gruta de Aladino”…
Neste vídeo ficamos a saber muito mais sobre a vida de André, as suas motivações, os seus sonhos e interesses, sendo que a própria coleção em si, tal como o espaço, nos vai deixar siderados e agarrados ao ecrã, tal como a postura e humildade do seu dono.
Quanto às peças em destaque, é sempre algo muito pessoal, mas é o próprio André a referir que gosta de ter qualidade e seguir os seus gostos pessoais. Ou seja, qualidade e bom gosto, algo que pode não ser fácil para muitos, mesmo quando existem meios para tal.
Para a maioria de nós o Ferrari F40 é, provavelmente, a cereja no topo do bolo, mas há muitas outras peças especiais, caso de um igualmente icónico Lamborghini Miura, o capacete de Ayrton Senna, entre outros, incluindo a pick-up com que correu no Dakar ou várias motos lindíssimas.
Já para Villas-Boas um dos automóveis mais especiais acaba por ser um UMM, com que chegou a fazer o célebre “Salto de Fafe”, mas aí são as razões afetivas quem mais pesa!
Uma delícia de vídeo!
A dimensão solidária: Race for Good
André Villas-Boas é também um homem de causas e o facto de ter viajado pelo mundo e ter conhecido realidades muito distintas certamente que ainda aumentou a sua preocupação com os outros, nomeadamente os mais desfavorecidos. O facto de ter três filhos, duas raparigas e um rapaz, a quem pode proporcionar uma qualidade de vida acima da média, não o leva a esquecer que existem muitas crianças e jovens que não têm essa sorte…
Assim, a Race for Food, que se veio a tornar na popular hashtag #raceforgood, é hoje um movimento global que procura a angariação de fundos para apoio dos mais desfavorecidos.
Villas Boas Começou por a usar na sua participação no Rally Dakar em 2018 como forma de a publicitar e de lhe dar mais notoriedade, mas rapidamente se expandiu e usou outros nomes sonantes, como o seu amigo Miguel Oliveira, para dar ainda mais notoriedade e conseguir resultados de ainda maior relevo na obtenção de donativos.
De entre as associações apoiadas, destacamos três pela sua relevância: a APPACDM do Porto- Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, a Ace Africa que é uma pequena instituição de carácter social com projetos no Quénia e na Tanzânia e que ajuda as pessoas a assumir o controle do seu próprio futuro e a Laureus Sport, que usa o poder do desporto nos seus projetos para ajudar jovens adolescentes a ultrapassar problemas como a discriminação, violência e exclusão social.
Esperamos, assim, que Villas-Boas continue na sua senda de sucesso e mesmo tendo presente que a liderança dos desígnios do FCP lhe consome muito tempo e recursos, que continue a ser um embaixador das motos, como tem sido até aqui.
Para a semana prevemos apresentar mais alguém muito popular, com ligação direta do mundo do espetáculo e das artes, com uma estreita ligação às motos. Quem será?
(Fonte da imagem de destaque: Rui Duarte Silva)