Tina Turner, cujo verdadeiro nome era Anna Mae Bullock, nasceu em 26 de novembro de 1939 em Nutbush, Tennessee (EUA), e trabalhava com a mãe e irmãos nas colheitas dos campos de algodão. Frequentava a igreja local e começou a cantar no respetivo grupo coral.
Não teve uma infância fácil (nem uma vida, no global). Pais separados, vida familiar instável e uma má relação com a mãe, sendo que foi, em boa medida, a música que a ajudou a superar tudo e a ir ao encontro dos seus sonhos e a conquistar um lugar eterno, deixando um legado incrível.
Além da música, a sua voz sempre foi extraordinária, a sua presença em palco era estrondosa, a que não é alheia a forma como dançava, a volumosa cabeleira ou as pernas longas e sensuais que lhe fizeram ganhar o epíteto de “hot legs”. Porém, se é verdade que cada vez mais se afirmava como uma estrela global, ao nível da sua vida pessoal nem tudo corria bem.
Tina Turner começou a conhecer o sucesso ao lado de Ike Turner, seu parceiro musical e, depois, marido. Porém, sua relação foi tóxica, sendo marcada por abusos e violência doméstica. Só em 1976 Tina conseguiu encontrar coragem para o deixar e seguir a sua vida.
Porém a tragédia bateu-lhe mais vezes à porta. Dos seus quatro filhos acabou por perder ainda dois em vida e não é suposto um pai ou uma mãe ter de enterrar um filho. É uma tragédia pessoal imensa e que deixa muitas marcas.
As motos eram algo importante na sua vida, dentro e fora dos ecrãs, a ponto de ser uma Harley-Davidson servir de capa ao seu álbum de 1991 “Love Thing”.
Já numa fase mais tardia da sua vida acabou por se mudar para a Suíça, país que adorava, e ali viveu os últimos anos da sua vida, não sem antes ter novo problema grave de saúde. Em 2017 o seu marido, Erwin Bach, fez aquela que pode ser considerada uma das maiores provas de amor: doou-lhe um rim, o que permitiu à grande estrela viver mais 6 anos, sendo que nos deixou fisicamente em 24 de maio de 2023, com a bonita idade de 83.
No decorrer da sua carreira ganhou praticamente todos os prémios que havia para ganhar e muitos dos seus temas ficam para sempre. Atuou ainda duas vezes em Portugal e ainda hoje me arrependo de não ter ido a nenhum dos concertos: O primeiro aconteceu em 1990, no Estádio de Alvalade, em Lisboa, e o segundo seis anos mais tarde, no Estádio do Restelo, também na capital.
Vamos agora debruçar-nos um pouco sobre a sua ligação, mais ou menos conhecida, ao mundo das motos, em particular à Harley-Davidson, mas partilhamos antes um resumo da sua atuação em Portugal em 1996, com excertos nomeadamente da TVI e da RTP. Vale a pena (re)ver:
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Mad Max – Beyond Thunderdome, 1985
No filme “Além da Cúpula do Trovão” Tina Turner mostra toda a sua genialidade e capacidade de adaptação, sendo que contracena também com outro gigante de Hollywood: Mel Gibson, ele que também uma forte ligação ao mundo das motos, nomeadamente na saga Mad Max.
Com direção de George Miller e George Ogilvie é um filme, para os apreciadores de cenários apocalípticos, que não desilude, muito pelo contrário, sendo que a participação musical da própria Tina Turner, nomeadamente o tema “We Don’t Need Another Hero” dá uma boa ajuda.
O filme é o terceiro da saga e agora Mad Max (Mel Gibson), depois de ter sido roubado, chega a uma colónia em decadência chamada Bartertown. Aqui enfrenta a líder do grupo Aunty Entity (Tina Turner). O filme mostra resquícios de uma civilização decadente, num mundo caótico em que todos querem sobreviver ao caos, mas ao mesmo tempo quase parece um conto de fadas, nomeadamente por causa do papel das crianças. Só mesmo vendo!
Em cenas de lutas e perseguições vemos vários veículos que podem ser motos, tricarros, utvs… uma verdadeira amálgama, mas que vale a pena ver, até porque o talento de Tina Turner está aqui em todo o seu esplendor, numa altura em tinha uma forma física admirável e uma energia contagiante.
Apesar disso, a crítica foi feroz e se é verdade que há quem tenha adorado o filme, também recebeu muitas críticas por se desvincular da lógica dos dois filmes iniciais, algo que foi retomado por Mad Max IV, de 2015, mas essa história já fica para outra altura!