UMA NOVA PARCERIA
Na edição de Abril da Revista Motos, inicia-se a parceria com os Solares de Portugal, na rubrica Roteiros – Viagens ao Virar da Esquina.
As viagens moturísticas pretendem captar a essência dos territórios percorridos, a sua genuinidade, a sua história e tradições. Com esta parceria, completamos esses objectivos, porque os locais onde procuraremos abrigo entre jornadas, fazem também eles parte desse universo.
OS SOLARES DE PORTUGAL
Os Solares de Portugal, que acompanham as Viagens ao Virar da Esquina desde a primeira hora, são uma associação que agrupa no seu portfólio mais de 120 mansões, solares, quintas e casas dispersos por todo o território nacional. Fazem parte do património arquitectónico de Portugal e são repositório da sua História e de muitas histórias locais.
Pernoitar num dos Solares de Portugal é usufruir da calorosa hospitalidade e boas–vindas, que são uma arte das famílias portuguesas. É também conviver com um património rico em história e cultura e com uma secular tradição que os donos das casas partilham orgulhosamente com os seus hóspedes.
NO MONTE DA CORTE LIGEIRA
Na viagem relatada na crónica “Alentejo: entre Monsaraz e Mértola” pernoitei no Monte da Corte Ligeira situado em Cabeça Gorda, a dúzia e meia de quilómetros de Beja.
Uma breve história
Adquirido pelos actuais proprietários nos idos de 1984, foi só no ano 2000 que o Monte da Corte Ligeira se transformou numa unidade de Agro Turismo.
Ainda assim, não perdeu a sua valência principal, a exploração agrícola que na actualidade se faz predominantemente na exploração de olival para produção de azeitona e azeite – Terra de Linhares – e ainda na cultura da amêndoa.
A história desta transformação tem alguma curiosidade e reflecte bem a cultura e os hábitos locais.
Dedicando-se o seu proprietário à actividade cinegética, via os companheiros que habitualmente o acompanhavam alojarem-se em diferentes estabelecimentos hoteleiros da zona. Até que alguém o desafiou… porque não aproveitar as amplas instalações já existentes no Monte da Corte Ligeira e prepará-las para acolher estes e outros visitantes? Assim foi…
O que vamos encontrar no Monte da Corte Ligeira
Actualmente, o monte tem no seu edifício principal, 7 quartos e uma suite, todos com as comodidades habituais incluindo WC privativo mas…excluindo TV!
Para ver televisão, ler um livro, conversar ou até jogar uma partida de snooker, existe um amplo espaço social, onde é possível conviver e passar agradáveis momentos de lazer. O convívio é uma parte integrante e essencial da cultura alentejana e este espaço de socialização corresponde na plenitude a essa necessidade.
Todos os quartos têm o seu nome – das Flores, da Caça, dos Patos, dos Pássaros, dos Cães, ou o Azul e o Verde. Naturalmente que a decoração, sem fugir ao estilo rústico e fazendo apelo a diferentes elementos típicos, condiz com a designação de cada um.
Anexo ao edifício estão mais 3 apartamentos, totalmente equipados. Um é o apartamento privativo dos proprietários. Os outros dois não poderiam ser mais contrastantes: um com decoração moderna e um sábio aproveitamento do espaço disponível e o outro, em estilo rústico situado no antigo estábulo e onde até a manjedoura original foi aproveitada como elemento decorativo.
Nas traseiras deste edifício ficam as instalações agrícolas.
À frente, num horizonte amplo em que podemos desfrutar da beleza das colinas alentejanas, ficam as piscinas – uma maior e outra mais pequena para os miúdos – e a casa onde se tomam as refeições. Tipicamente alentejana, dotada de ampla cozinha, aí tomámos um lauto pequeno almoço. Está preparada para, depois das caçadas, se realizar o habitual convívio dos caçadores e familiares, com o produto da actividade do dia…
A experiência
A época do ano em que visitei o Monte da Corte Ligeira, influenciou a experiência.
Cheguei noite acabada de cair, depois de quilómetros de chuva intensa. E a jornada tinha sido longa.
O simpático acolhimento fez desde logo desaparecer o cansaço acumulado.
Por conhecer bem o Alentejo e as suas tradições, tinha grande curiosidade em perceber a forma como um típico monte alentejano tinha sido transformado numa unidade de Turismo Rural. Se a essência tinha permanecido…
O primeiro impacto, casas térreas brancas com as tradicionais faixas ocres a emoldurarem portas e janelas e bordejarem as paredes exteriores, foi positivo.
Quando entrei, percebi que não só estavam lá todos os elementos fundamentais para garantir a genuinidade da tradição e da história locais, como a decoração rústica tinha sido feita de forma excelente. Fiquei impressionado, diga-se.
Com pouca surpresa verifiquei que…era o único hóspede. Inverno, meio da semana e mau tempo…justificariam a solidão! Que foi bem aproveitada para poder percorrer toda a casa (mais do que uma vez) para reter pormenores, apreciar detalhes, colher inspiração…e fazer umas fotos, naturalmente.
A noite não poderia ter sido mais descansada e relaxante. Nem um único ruído se ouvia…para lá da chuva que de vez em quando dava sinal de presença.
O dia seguinte amanheceu solarengo, o que permitiu apreciar o espaço exterior com muito mais atenção do que o vislumbre da véspera.
A conclusão que posso retirar é que este é um espaço no qual se podem usufruir de momentos verdadeiramente relaxantes de lazer, em momentos meteorologicamente mais favoráveis em que seja possível desfrutar do que o Monte da Corte Ligeira nos tem para oferecer.
Uma forte recomendação para quem queira conhecer o Alentejo mais interior e um pouco da sua cultura e tradição. A localização ajuda para visitar esta região…cuja descrição está no Roteiro “Alentejo: entre Monsaraz e Mértola” , na edição de Abril da Revista Motos.
Já que estamos no Alentejo, diga-se com inteira propriedade que Alqueva, Monsaraz, Serpa, Mina de S. Domingos, Mértola, entre outros, são destinos que ficam … à mão de semear!
Mais informações uteis em: Solares de Portugal e Monte da Corte Ligeira.
Localização (Google Maps): W52F+W2 Cabeça Gorda.
Créditos
POR: Henrique Saraiva – Viagens ao Virar da Esquina
FOTOS: Henrique Saraiva – Viagens ao Virar da Esquina