Alguns de nós talvez já se tenham perguntado se chegaram a existir motos a gasóleo. Outros, possivelmente, até já ouviram falar na sua existência, caso desta Kawasaki KLR, que vos apresentamos nos próximos parágrafos.
Numa altura em que os motores a combustão estão a começar a dar lugar aos elétricos e híbridos, é interessante constatar que o gasóleo chegou a ser usado, com discreto sucesso, também nas motos.
Além de questões relativas à pouca recetividade dos consumidores de motos com esta mecânica, existem outros motivos para nunca terem sido um sucesso, nomeadamente o peso elevado, a vibração omnipresente ou as reduzidas performances. Já os consumos, como sucede com os veículos diesel, eram francamente baixos!
Kawasaki KLR 650 a gasóleo
Motos com motores a diesel chegaram a ser usadas na Europa, por exemplo em Itália, em que o exército adotou motorizações a gasóleo numa moto. Mas foi sempre algo pontual e usando os pequenos motores a diesel das máquinas agrícolas, muito populares em Itália e até no nosso país.
Também na India chegaram a ter alguma popularidade, em especial a Royal Enfield Taurus, equipada com um pequeno motor diesel de 325 cc. Tinha menos de 10 cv, obtidos às 3600 rpm e um binário de 15 Nm, logo às 2.500 rpm. Os consumos eram francamente baixos.
Porém, a que se tornou mais popular foi a adotada pelas forças militares dos Estados Unidos (também chegou a ser usada pelas forças da NATO), em especial pelos “US Marines.”
Na sua base estava a popular trail Kawasaki KLR 650. O objetivo era criar uma moto mais versátil, também ao nível do combustível que podia utilizar (diesel, querosene, biodiesel, JP8 usado na aviação). Podia ser usada em ambientes mais severos, como em teatros de guerra ou, por exemplo, para circular num porta-aviões onde as restrições no uso de combustíveis são maiores.
Existiram pelo menos três modelos diferentes, com os códigos M1030, M1030B1 M1030M1. As alterações foram feitas pela empresa californiana Hayes Diversified Technologies (HDT), a pedido do Departamento de Defesa norte-americano.
Na prática, o motor original (monocilíndrico de 651 cc, com quase 40 CV) viu reduzida a sua cilindrada para 584 cc (existem duas variantes com 611 cc e também com 670 cc). A potência caiu para cerca de 30 CV, mas os consumos passaram a ser inferiores aos três litros aos 100 quilómetros. O facto de o binário surgir muito cedo fazia com que se tornasse muito útil para condução em pisos mais irregulares.
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Mais tarde a sua utilização acabou por ser abandonada, sendo que vários exemplares acabaram depois por ser vendidos a particulares. Muitos destes modelos podem ainda ser encontrados nos dias de hoje, em especial nos EUA ou na Inglaterra, onde também chegaram a ser utilizada pelas forças militares.
Texto: Pedro Pereira