Depois de um Prólogo acessível, bem juntinho do Mar Vermelho e 8 etapas muito exigentes eis que, no bivouac em Ryadh, há o direito a um mais que merecido dia de descanso ou, pelo menos, a pressão é muito menor. Basta ver o ar descontraído de Sebastian Loeb (Bahrain Raid Xtreme), que é neste momento líder nos automóveis.
Existia, fruto das edições anteriores mais ou menos acessíveis, uma queixa comum de que o mais duro rali do mundo se estava a tornar pouco exigente e cada vez mais distante do que Thierry Sabine idealizara.
Este ano a ASO, liderada pelo francês David Castera, decidiu que isso iria mudar! A 45.ª edição iria ser dolorosa para todos/as! Novas regras, sistemas de penalização e bonificação, etapas extensas e mais exigentes, uma categoria para os clássicos… tudo para subir o grau de dificuldade e aumentar o espetáculo, mas surgiu um interveniente inesperado: a meteorologia que está a complicar ainda mais as coisas!
Resumo da primeira parte do Dakar
A grande aventura começou na véspera do Ano Novo, ou seja, no último dia de 2022. O prólogo, com apenas 11 km, serviu simplesmente como aperitivo e ajudar a definir como iria ser a grelha de partida.
A comunidade lusa, muito extensa e distribuída por várias categorias, com especial destaque para as motos e os SSV (categorias T3 e T4) iria tentar dar o seu melhor, mas já se sabia que o risco de nem todos chegarem ao final era grande, em especial nas motos.
Este temor veio a confirmar-se! Pelo caminho abandonaram precocemente os lusos J-Rod (Hero Motorsports Team Rally) por queda, António Maio (Franco Sport Yamaha Racing Team) por falha mecânica e Rui Gonçalves (Sherco Factory Team) também por problemas na sua moto. Porém, não foram os únicos e mesmo pilotos candidatos ao pódio e à vitória, como Sam Sunderland (Red Bull Gasgas Factory Racing) ou Ricky Brabec (Monster Energy Honda Team) também ficaram pelo caminho.
Aliás, feitas as contas, já são mais de 30 pilotos de motos que não chegaram ao dia de descanso. Isto diz muito acerca da dureza deste Dakar de 2023, sendo que vários deles eram pilotos de equipas oficiais.
Nas outras categorias, em especial nos SSV (categorias T3 e T4) as coisas estão a correr melhor para os lusos, com especial destaque, por exemplo, para a vitória na etapa de ontem por João Ferreira e Filipe Palmeiro (X-Raid Yamaha Supported Team), na categoria T3. Também o 6.º lugar na geral de Cristiano Batista e Fausto Mota (BRP South Racing Can-Am), na categoria T4 é de relevo. Mário Patrão merece realce: é 37.º na geral, mas ocupa o 2.º lugar na Categoria original by Motul onde a assistência é quase uma miragem, aumentando muito a pressão e exigência sobre o piloto!
Amanhã realiza-se a 9.ª etapa. Se tudo correr como previsto, a etapa, que une Ryadh a Haradh, tem a duração de 686 km, sendo 358 km de Especial e 326 de Ligação. A navegação vai ser a chave para essa jornada, com muitos desfiladeiros e dunas à mistura.
Estas 6 etapas que ainda faltam vão ser o derradeiro teste para homens, mulheres e máquinas e é garantido que nem todos/as vão chegar ao fim, sendo que no chamado Empty Quarter (Terra Vazia) não mora ninguém, não há pontos de referência ou de orientação. Só há areia e dunas! Será nas etapas 11.ª e 12.ª e bem que pode causar surpresas na classificação geral.
Se for como até aqui… vai ser mesmo promissor!
Continuem connosco até ao fim do rali!
Texto: Pedro Pereira
Fotos e informações: https://www.dakar.com