Assumo que não sou um grande fã de capacetes do tipo aberto ou jet, mas o uso recente e continuado do Citycruiser está a fazer-me mudar de ideias!
Chapéus há muitos, seu palerma! Assim dizia Vasco Santana no filme clássico A Canção de Lisboa, de 1933. Numa adaptação quase posso dizer o mesmo relativamente aos capacetes, sendo que o palerma sou eu por ter uma espécie aversão natural aos capacetes abertos…
Nem sequer posso dizer que tenho uma explicação plausível, embora em tempos tenha sofrido a projeção de uma pedra por um veículo automóvel que me atingiu a testa e deixou uma cicatriz. Usava um capacete aberto, um verdadeiro “penico”, mas direi que foi mera coincidência.
Shark Citycruiser com um nível de proteção muito elevado
Aprecio bastante partilhar convosco a apreciação sobre os equipamentos que vou testando e este jet é ligeiramente diferente dos habituais, sendo que oferece uma proteção acima da média. A marca refere mais 75% ao nível da zona frontal inferior do rosto.
Desconheço se é mesmo assim, mas o facto é que me inspira bastante confiança, bem mais que, por exemplo, um modular quando circulo com a queixeira levantada. Algo que faço por vezes em ambiente urbano, considerando sempre que tem homologação P/J, para ser legal usar das duas formas.
O Citycruiser tem um formato que se aproxima mais de um integral, estendendo a região das faces quase até ao queixo. De tal modo que a área aberta é bastante menor do que aquela que costumamos encontrar num capacete jet clássico, como se ficasse a meio caminho entre ambos.
Por outro lado, a viseira exterior é fora do comum, sendo que se prolonga até mais abaixo que o habitual, cobrindo até à zona do queixo com eficácia e está desenhada para prevenir o embaciamento com umas pequenas saliências na zona inferior. Mesmo que este ocorra, basta elevar um pouco mais cabeça por instantes para resolver, dispensando pinlock.
Como se não bastasse, já vem com viseira solar incluída, embora a patilha para a manobrar esteja numa localização mais elevada que o habitual e não recolha automaticamente, mas rapidamente nos habituamos.
Para um capacete com calota em termoplástico injetado, interiores em múltiplas camadas de EPS, com forros extraíveis e laváveis e um bom canal de ventilação superior, tem ainda outra caraterística muito positiva: o peso controlado, ou seja, cerca de 1,330 g.
Conforto acústico e notas finais
Nota de destaque para o conforto acústico. Naturalmente que um capacete aberto tende a ser mais ruidoso que um integral ou mesmo um modular fechado, mas até aqui, sobretudo com a viseira completamente em baixo, cumpre.
Tudo somado, está a superar as expetativas para um capacete descomplicado, de uso quotidiano, em ambiente urbano e até em algumas saídas, desde que seja a velocidades moderadas ou a moto ofereça uma razoável proteção aerodinâmica.
A continuar assim, corre o risco de se tornar o meu companheiro favorito no dia-a-dia citadino e mesmo a cor preta, que tende a aquecer mais com o tempo quente, é um não problema porque ao ser um jet terá sempre mais circulação de ar.
Texto: Pedro Pereira