Quem veio de mais longe é natural que tenha saído de casa bastante cedo, mais ainda se vier com um atrelado para carregar a moto, algo necessário nas motos de enduro, ligeiras e compactas. Quem, como eu, tiver feito a viagem com toda a tralha está condicionado de forma diferente. Os que estão próximos de Mirandela têm a vida facilitada agora, porque no regresso será o oposto!
No meu caso, com saída de próximo da capital, a distância é significativa e ultrapassa os 400 km’s. além disso, levo toda a minha carga, mas como a moto não vai ainda com pneus de tacos posso dar-me ao luxo de adotar um estilo de condução mais atrevido sem ter que me preocupar com isso. Aliás, na fase inicial estava previsto sair já de Lisboa com pneus cardados e ainda bem que assim não foi!
Por outro lado, nesta Africa Twin a proteção contra o vento é limitada e o próprio capacete não ajuda nada pelo que a viagem foi toda mais ou menos a velocidades a rondar os limites legais para não ser tão fustigado.
Vou já com o equipamento vestido, nomeadamente as botas, porque ocupam imenso espaço e o mesmo vale para o colete, mas fazemo-nos à estrada sem pressa e com vontade de começar já a desfrutar. Para mim o LaL começa assim que saio de casa e termina quando chego! Aliás, termina depois porque há muito trabalho de partilha para fazer com quem nos acompanha!
Até Coimbra a opção pela A1 faz sentido sendo que depois opto pelo IP3 rumo a Viseu, onde vou entrar novamente na autoestrada, neste caso na A24 e depois na A4. A Via Verde, que transferi antecipadamente da minha moto habitual, é um descanso e o desconto de 30% uma ajuda para a gasolina! Nem sei como existem motociclistas que não usam! Ignorância? Masoquismo? Não quererem revelar por onde andam?
Chego tranquilamente à bonita cidade do distrito de Bragança, muito popular pelas magníficas alheiras, de que sou fã, sobretudo se forem grelhadas e acompanhadas de grelos e “um ovo a cavalo”, mas há muitas formas de as degustar e até novas variantes sem glúten, vegan…
São trocados os pneus para uns verdadeiramente cardados, a organização faz as habituais verificações técnicas e documentais, é carregado o track no GPS para as 3 etapas, revejo algumas caras conhecidas e por hoje está feito o essencial. Claro que o jantar é alheira! Nem podia ser de outra forma! Em Roma… sê Romano!
Falta agora apenas ir para o alojamento que fica a mais de uma dezena de km’s, publicar esta pequena crónica e tentar deitar cedo. Amanhã é um dia em cheio! Prevê-se muitas horas de condução e paisagens soberbas. Imagino que vou ter fotos incríveis para partilhar convosco!
Quanto à Africa Twin, que já conheço bem, o dia de hoje serviu para reforçar o que já sabia: é uma maxi-trail muito equilibrada! Fácil de conduzir, com um nível de conforto muito aceitável em que tudo funciona bem: dos travões às suspensões, passando pela tecnologia… não é fácil encontrar-lhe muitas críticas, mais ainda da forma como foi conduzida hoje em que até o consumo de gasolina me pareceu francamente aceitável, a rondar os 5 litros.
A escassa proteção aerodinâmica desta versão não me preocupou grandemente e ajudou a que rolasse mais devagar, embora o ruído, ajudado pelo capacete de TT, fosse elevado, mas já era expetável. Para um uso diário optaria por um ecrã mais elevado que a própria marca tem como extra. O conforto do selim em asfalto também deixa algo a desejar, mas é uma moto de aventura!
De manhã, ainda antes de sair, vou fazer uma verificação global: níveis de fluídos, estado da corrente, bagagem e, provavelmente, baixar um pouco a pressão aos pneus, embora o técnico que fez a montagem e eu já tenhamos trocado algumas impressões. A avaliação definitiva será no terreno, sendo que a pressão muito baixa aumenta exponencialmente o risco de furo, ainda que melhore muito a tração.
Até amanhã
Texto e fotos: Pedro Pereira