A saída da cama hoje foi ainda mais fácil que ontem, tal a vontade de ir andar de moto, mas alguns dos meus músculos dão sinal de que o esforço de ontem, ainda que sem exageros, já foi algum! Fiz bem em adotar um ritmo mais descontraído, fugindo à tentação da “faca nos dentes”, como vi em vários participantes!
Vou dizer-vos o óbvio: estou habituado a uma moto de enduro que pesa menos de metade da Africa Twin! Ainda por cima, é a 2 tempos, tem binário muito cedo e curva com uma facilidade incrível, quase só de acelerador, além de não ter praticamente inércia nenhuma!
Aqui a realidade é muito diferente e tenho que me adequar à condução, mas também tenho várias vantagens, que vão desde a autonomia ao conforto, embora mantenha que a posição de enduro é pelo menos 90% do tempo em pé e sente-se bem o peso da minha amiga colorida Africana que se mostra verdadeiramente como uma moto “maxi-enduro”, desde que não seja verdadeiramente hard, tipo trialeiras ou lama!
Saímos de Tábua e vejo, tal como ontem, muita gente a fazer o óbvio “pé na tábua”, mas resisto à tentação de lhes seguir o exemplo!
O relevo mudou imenso, tal como a vegetação, basta pensar nas intermináveis matas de eucaliptos e pinheiros, mas é quando atravessamos o Rio Tejo em Vila Velha de Ródão que a mudança é maior e começam a surgir as retas e planícies e aqui a Africa Twin brilha e de que maneira, mas há também muita serra, mesmo juntinho a Espanha. Uma delícia!
Na minha moto de enduro, a tal que falei alguns parágrafos antes, ir a 100 km/h já é ir com o motor lá bem em cima, mas aqui vamos com uma rotação muito baixa, quase que a flutuar no binário! Que diferença! Tenho até que ter cuidado para não me entusiasmar demais porque a tentação é grande e o peso está lá, mesmo bem distribuído.
Eis-nos chegados a Arronches! A pequena vila está a ser invadida por centenas de homens e mulheres, felizmente são cada vez mais as presenças femininas, montados/as nas suas motos, carregados de poeira e de sorrisos, aventuras que ficam para contar agora e depois!
A etapa de hoje foi um pouco mais rápida, menos técnica e até mais adequada para as motos de maior porte, mas a noção que fica é que todos se divertiram e isso é o mais importante!
Quando chego ao alojamento faço nova inspeção visual e verifico algo que já sabia: o pneu traseiro já sofreu algum desgaste! Mesmo com uma condução mais agressiva e brincalhona creio que a borracha continuaria em excelentes condições, mas a pedra não perdoa e hoje havia muita! Está a cumprir a sua função, tal como todo equipamento! Ter feito a viagem até Mirandela com pneus estradistas ajudou muito!
Nota menos para a Africa Twin. Claro que se está a portar lindamente, nem seria de esperar outra coisa, mas numa moto como esta, com tanto potencial para o fora de estrada! Porém, era de esperar uma solução mais simples para aceder e limpar/trocar o filtro de ar que, neste caso concreto, são 2, um de cada lado! Mais complexo ainda se existirem proteções laterais (side guards) que pode ser necessário retirar/aliviar também para executar a tarefa.
Além disso, o procedimento não é exatamente igual na 1000 e na 1100!
Foquemo-nos na 1100 (neste caso uma Adventure Sports):
Apreciava-se uma solução do género de retirar o selim, tirar uma tampa, eventualmente 3 ou 4 parafusos ou uma mola e o filtro sair simplesmente, ao menos para o poder sacudir. Imagino que os 2 já tenham alguma sujidade, pelo menos a avaliar pelo que vi nos colegas em que as motos o têm facilmente acessível e procedem até à sua troca, medida preventiva de louvar e que ajuda imenso à longevidade do motor!
Até amanhã
Texto e fotos: Pedro Pereira