Bem próximo da Serra da Estrela está mais fresco! Aqui até as luvas de meia estação dão jeito e as botas mais aconchegantes também! Tentamos, uma vez mais, não sair muito tarde da Covilhã, até porque o dia, tal como todos os outros, tem vários motivos de interesse e os cerca de 400 km’s são para levar a sério. É a etapa Rainha!
Da parte da moto não há qualquer sinal de fadiga, mas eu já acuso os primeiros sinais e umas pequenas olheiras são o primeiro indicador disso mesmo, mas a satisfação da viagem é superior a tudo isso! Uma vez mais, não me dei bem com o colchão onde dormi! Tenho que ponderar trazer o meu de casa ou, pelo menos, o meu travesseiro!
Rumamos sempre a Norte! Bragança ainda está lá tão longe! As estradas serpenteiam cada vez mais, à medida que a orografia do terreno se vai alterando, tal como as cores e os cheiros! Não há como negar que, tirando os insetos, a escolha da primeira metade de junho foi bastante feliz!
É tão bom rever algumas das Aldeias Históricas de Portugal! Para quem não conhece, fica o convite e tenho a certeza de que muitos vão querer voltar! Afinal de contas, vai saber a pouco esta rápida passagem. É antes um “aguçar do apetite”!
A zona do Douro Internacional gera em mim uma maior expetativa por ser uma parte do nosso país que conheço relativamente mal, mas sei que tem estradas fantásticas e paisagens de cortar a respiração, nomeadamente os miradouros de Freixiosa, S. João das Arribas ou da Penha das Torres e não fico desiludido, bem pelo contrário! Que pena o tempo não dar para mais! Lá terei eu que voltar noutra ocasião! Já tenho uma boa desculpa!
Quase sem dar por isso, chegamos à “Terra Fria, Terra Quente” (e faz bastante calor), ao puro Nordeste Transmontano e à sua ancestral capital, Bragança, guardada pelo seu castelo altaneiro e pelo Domus Municipalis, exemplar único da arquitetura civil em estilo Românico na Península Ibérica! Merecem uma visita e já agora, porque não, ao Museu do Abade de Baçal.
Enquanto estou na fila, rumo à subida do palanque, sinto uma grande satisfação interior: estão a ser uns dias fantásticos, em boa companhia, ótima gastronomia, sem grandes pressas ou sobressaltos e mesmo o calor não nos demove! Afinal de contas, é isto que carateriza a essência do mototurismo!
Que pena que já esteja a terminar! Ali à volta há uma série de motivos de interesse que não vou ter tempo para aproveitar: é o Parque Natural de Montesinho, uma possível escapadinha a Sanabria (passando obviamente por França) ou a visita a Rio de Onor e, do outro lado da fronteira, a Rihonor de Castilla…
Por opção, não vou pernoitar em Bragança. Também não está nos meus planos fazer o regresso a Lisboa (cerca de 500 km’s). Já não “são 9 horas de distância” como cantavam os Xutos e Pontapés, mas não há pressa e o cansaço já é algum!
O caminho de regresso a casa será feito nas calmas e ficarei a dormir numa das localidades que atravessar, nem sei ainda bem qual! Esta dimensão menos planificada de viajar de moto também é agradável e como estamos ainda fora da época alta não será complicado encontrar alojamento, sendo que atualmente já dispenso o parque de campismo. Com a idade tornei-me algo mais burguês…
Amanhã contarei o regresso e faço um balanço global.
Até amanhã