Desta vez dormi melhor, não sem antes limpar a viseira do capacete e o farol, lubrificar a corrente (sortudos os que têm sistemas de lubrificação automática ou sistemas de transmissão diferentes). Quando chegamos ao ponto de partida já vamos com mais de 50 km’s, mas a culpa é minha e o prazer dos km’s que já percorri também, mas aí não há sensações de culpa!
De manhã estava bem fresco e soube bem ter o forro no casaco que depois tirei. O espaço de carga é mais que suficiente, optei por não trazer o saco de depósito, mas estou longe de algumas motos que têm capacidade de carga para levar todos os “tarecos”. Prefiro ser seletivo e restringir a carga ao essencial. É uma qualidade que vamos apurando. Afinal de contas, a necessidade aguça o engenho!
Interessante que, de Castelo de Vide à Covilhã, final desta etapa, são cerca de 150 km, mas a etapa vai ter aproximadamente o dobro! Grande criatividade do Ernesto Brochado e da sua Equipa!
Olhando rapidamente para o road-book percebo que vamos fazer parte do Tejo Internacional e nova incursão em Espanha, o que é para mim motivo de alegria, até porque o número de espanhóis é elevado, mas o princípio e fim das etapas continua a ser em Portugal!
Ao fazer o passeio com o dorsal da imprensa (press) há um pouco de trabalho à mistura e acaba-se por estar menos sujeito a algumas regras, nomeadamente nos controlos, secretos ou não, que existem pelo trajeto. Porém, nem por isso se deixa de desfrutar de toda a viagem e empenho das pessoas que fazem uma festa ao receber-nos! Temos um país maravilhoso e ainda com tanto por descobrir!
Aliás, estão de parabéns todos os que nos recebem e cuidam de nós nestes dias: organização, forças de segurança, autarquias, juntas de freguesia, restauração e alojamento, motoclubes, marcas e todos os que nos acenam, sorriem para nós ou simplesmente ficam felizes por nos ver! Só se percebe… fazendo!
Para 2023, nas Bodas de Prata do LaL, a FMP ainda vai ter que pensar num sistema “desdobrado”, ou seja, duas edições seguidas, iniciando-se a segunda no dia seguinte à primeira e “rentabilizando” o investimento de todos e dando a oportunidade a mais pessoas de participarem, algo como 1000 inscritos em cada dia. Fica a ideia!
Já se avista, ao longe, o maciço da Serra da Estrela! O nosso destino deste dia está cada vez mais próximo, onde nos esperam os “Lobos da Neve”. O facto de evitarmos a A23 e outras vias rápidas, só me anima ainda mais! Sou um fã confesso das vias e estradas secundárias, sempre que não tenho muita pressa, como é o caso!
Adoro toda a região raiana e sinto-me muito feliz aqui, sendo que apenas me entristece ver uma zona cada vez mais despovoada e com tantos motivos de interesse. Que fazer para mudar isso? Aceitam-se sugestões!
Não sinto (ainda) grandes sintomas de cansaço e a moto não deixa de me surpreender! Uma coisa é fazer um test-drive de uma ou duas horas e outra completamente diferente é ter a moto vários dias e já ultrapassar hoje os 1.000 km’s e com cada vez mais vontade de continuar, tal como os restantes membros da caravana, a avaliar pelas suas expressões de contentamento! Já agora, esperava melhor da iluminação full-led. Talvez não seja má, as minhas expetativas é que eram mais altas!
Aproveito para jantar na Cidade dos Lanifícios, agora também um importante pólo universitário e empresarial. Não vou ficar alojado na Covilhã, mas daqui ao Fundão é um saltinho e a minha companheira pede-me para irmos fazer km’s! Quem sou eu para dizer que não?! Apenas o preço da gasolina assusta muito! Para variar, parece que volta a subir no início da semana! A continuar assim ainda temos que vender a moto.
Até amanhã
Pedro Pereira