Estrada Nacional 247: aproxima Peniche a Cascais
Apesar de ser uma via no litoral, com vários troços próximo do mar e de a natureza ter sofrido muito com a ação do homem, a verdade é que continua a guardar muitas das belezas que a caraterizam e fazem dela uma escolha incontornável. Se possível, evite os meses de julho e agosto.
Logo em Peniche pode sempre aproveitar para dar uma escapadinha às Berlengas, mas vamos rumar a Sul, sendo que vai fazer parte do trajeto próximo da costa e percorrer os caminhos usados por surfistas do mundo inteiro para chegar a praias como Supertubos, Areia Branca ou Pescadores.
Paragem obrigatória na Ericeira e daqui volte a seguir junto à Costa rumo à Serra de Sintra, apesar da estrada, durante parte do trajeto, fazer um longo desvio para o Interior, afastando-se muito do mar. Em Sintra há tanto para ver e fazer que se torna difícil deixar só uma sugestão. O melhor mesmo é partir à descoberta, mas a Serra é magnífica.
Vamos agora para o terceiro troço da N 247 e, possivelmente, o mais badalado, nomeadamente na zona do Cabo da Roca e, um pouco depois, a beleza sem igual do Guincho que, tantas vezes é aproveitado para sessões fotográficas, tal como o troço que une Malveira da Serra e Linhó (o tal da Lagoa Negra). Do Guincho até Cascais há ainda muito para ver, com destaque para a Boca do Inferno, mas atenção que é um troço muito concorrido, sobretudo aos fins de semana.
Estrada 379 (1 e 2): Liga o Cabo Espichel a Palmela
Esta estrada é um claro exemplo do processo de reorganização e (des)classificação que a nossa rede viária foi sofrendo ao longo dos anos, mas o mais importante é que este trajeto de menos de 50 km tem alguns dos troços mais encantadores que podemos conhecer e vamos proceder à sua divisão em duas partes distintas:
A primeira parte, tomando como ponto de partida o Cabo Espichel, é curtinha e vai apenas até Santana, sendo que o grande destaque vai obviamente para o Cabo e a região circundante, seja para Norte ou para Sul. Com tempo favorável a vista é quase infinita e Lisboa parece que fica quase ao lado, tal como o Litoral Alentejano.
De Santana rumamos a Azeitão, mas cortamos em direção à Serra da Arrábida e entramos numa estrada quase encantada, tantas vezes usada para filmagens, reportagens ou testes de motos e carros. Por falar em automóveis, nomeadamente no período do verão é natural que existam restrições nos trajetos mais próximos das praias.
Para chegar às praias do Portinho da Arrábida, Galapinhos ou Figueirinha o melhor mesmo é usar os transportes públicos ou, por enquanto, circular de moto, já que estes veículos ainda não conhecem restrições no acesso, algo que pode mudar a qualquer instante. As vistas são soberbas, nomeadamente no miradouro do Portinho da Arrábida (bem perto do Convento) e as águas destas praias muito convidativas. Se tiver tempo pode sempre apanhar um ferry em Setúbal e rumar a Tróia e depois seguir para Sul. Vai valer a pena.
EN 118: Liga Alcochete a Alpalhão
Esta estrada é relativamente extensa, são cerca de 200 km, e carateriza-se por uma grande diversidade no seu percurso, sendo que corre sempre pela margem Sul do Tejo. Não tem, em termos de curvas, o encanto de muitas das outras estradas enunciadas (tirando talvez o troço que une o Tramagal ao Rossio ao Sul do Tejo), mas sua ligação umbilical ao rio, outrora ponto fundamental para abastecimento da capital, faz dela uma visita obrigatória.
Começa logo em Alcochete, que agora está na berlinda por causa do seu projeto para o futuro aeroporto, e vai depois rasgando o Ribatejo entre campos agrícolas, aldeias avieiras, lezírias, vinhos, cavalos, touros e muito mais.
Sobretudo nas alturas de maior atividade agrícola implica cuidados redobrados na condução, tal a quantidade de máquinas agrícolas de todos os tamanhos e feitios, mas os pontos de interesse que tem e os encantos que oferece, caso do miradouro para o Castelo de Almourol, valem cada quilómetro.
Ao abandonar o concelho de Abrantes, começa Gavião, no Alto Alentejo, que nos leva até Alpalhão, já no concelho de Nisa. Tão perto já da estrada que liga Castelo de Vide (N246-1) em direção a Portagem e daí, com um pequeno desvio a Marvão, sem antes deixar de passar pela conhecida e magnífica Alameda dos Freixos, mas essa estrada já fica para outra vez e pode servir de desculpa para continuar a sua “Road-Trip”, a partir de Alpalhão.
EN 124: Une Portimão a Alcoutim
Chegámos ao algarve. A EN 124 é mais um exemplo de uma estrada que foi sofrendo alterações, foi desclassificada e perdeu relevância, mas vamos considerar o traçado original que ligava Portimão a Alcoutim, ou seja o Barlavento ao Sotavento, numa lógica de alternativa à N 125, bastante mais pelo interior serrano, com curvas e paisagens de postal, nos seus cerca de 140 km.
Os destaques desta estrada, que apresenta um Algarve rural, profundo e desertificado são vários e é preciso tempo e vontade para a explorar, mas deixamos dois troços que valem bem a pena, não querendo desmerecer todos os outros.
Passando por Silves e S. Bartolomeu de Messines eis que chegamos a Alte e começa o parque de diversões que são as curvas da serra. A beleza da paisagem é magnífica, mas o serpentear das curvas é sublime, tal como os locais para petiscar, parar e tirar umas fotos ou, simplesmente, sorver o ar da serra em grandes golfadas.
Continue por esta estrada, sempre em direção a Alcoutim e ao Rio Guadiana, e aproveite o Barrocal Algarvio. Aproveite, talvez, para fazer uma paragem na localidade de Cachopo ou de Martinlongo, mas com a certeza de que está a percorrer um Algarve bastante diferente daquele que a maioria das pessoas conhece. Em bom rigor a “extinta” EN 124 não chegava mesmo a Alcoutim, mas isso não é problema porque a viagem vale tanto a pena que isso são pequenos detalhes.
Ficamos por aqui, que a promessa inicial era que fossem apenas 10 estradas, mas sempre com a certeza de que existem muitas mais neste nosso belo país e não há desculpas para não o conhecermos um bocadinho melhor…